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Para alimentar de conhecimento a sociedade
Com a meta de edições publicadas cumprida, a revista científica do Museu em sua versão Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas (BMPEG. Ciências Humanas) encerra mais um ano de atividades de comunicação científica. O ano de 2019 marcou a comemoração dos 125 anos do periódico e também o ano internacional das línguas indígenas, quando foram publicados dois dossiês de Linguística. A mais recente edição traz um desses dossiês, organizado por Marina Maria Silva Magalhães, da Universidade de Brasília, e Léia de Jesus Silva, da Universidade Federal de Goiás.
“Ciência e cultura se apresentam nas páginas da revista, que atende a uma função precípua à vida humana: a de compartilhar conhecimento para atingirmos uma sociedade justa e sustentável”, informa Jimena Felipe Beltrão, editora científica do periódico.
É ao universo de línguas de povos indígenas e ao conhecimento que delas emana que os nove artigos compilados na forma do dossiê “Partículas”, publicado na edição, se dedicam. De acordo com o Editor Associado de Linguística, Hein van der Voort, “A coletânea oferece e analisa uma amostra do que é frequentemente relegado a uma categoria heterogênea e inconsistente de partículas”. E explica: “Em geral, na Linguística, a classe de palavras chamada partículas tende a ser um depósito de itens que não se conformam claramente às características de qualquer outra classe de palavras possivelmente distinguível nas línguas, como a de verbos, a de substantivos, a de adjetivos etc.”
Com o objetivo de colocar o tema na pauta científica, “O dossiê aborda aspectos formais e funcionais do que se convencionou denominar de partículas em várias línguas indígenas amazônicas de famílias diversas, a saber, Tupi, Macro-Jê, Guahibo e Tukano, como também uma língua crioula de base portuguesa da ilha Ano Bom, no Golfo da Guiné”, afirma o linguista do Museu Goeldi.
A edição traz ainda seis outros artigos. "O debate inesgotável: causas sociais e biológicas do colapso demográfico de populações ameríndias no século XVI", de Ricardo Waizbort, trata da demografia e da hecatombe que sobre os povos indígenas se abateu na América colonial; enquanto outra contribuição, de Felipe Jacinto e Flávio Barros, "Sorte, dinheiro, amor...: o que os ‘animais’ da Amazônia podem fazer por nós, ‘humanos’?", versa sobre as relações entre humanos e animais nas atribuições de significados na Reserva Extrativista Mapuá, na ilha do Marajó.
A utilização de cachimbos europeus feitos de caulim e importados para as Américas é o tema de artigo de Sarah Hissa. É argumento da autora que os artefatos se constituem “[...] instrumento de datação de sítios, camadas e feições, mesmo daqueles estratos urbanos extremamente revolvidos”. A análise completa está em "O pito (de) holandês: cachimbos arqueológicos de caulim do Recife e de Salvador".
No campo da Museologia, há duas contribuições: uma sobre o fenômeno de musealização de parques naturais em aspectos como o da espetacularização, mitificação, sustentabilidade e branding, em "Musealização da natureza e branding parks: espetacularização, mitificação ou sustentabilidade?", de autoria de Charles Narloch e colaboradores; outro artigo nesta área é intitulado "‘Ideias em movimento’: José Augusto Garcez e a reinvenção do folclore no Museu Sergipano de Arte e Tradição (1948)", de autoria de Clóvis Britto e Jean Souza.
Do campo das Artes, a edição traz estudo sobre a Academia do Peixe Frito – que, a partir dos anos 1920, reunia intelectuais como os escritores paraenses Bruno de Menezes e Dalcídio Jurandir. A agremiação orientava pelos “[...] ideais de renovação literária e valorização da periferia para refletir sobre questões sociais na Amazônia paraense [...]” e reunia expoentes que, através da sua produção literária, revelavam a cidade de Belém. O artigo é assinado por Carla Pereira e coautores.
Por fim, uma contribuição na seção Memória, com artigo de autoria de Diana Alberto e Nelson Sanjad intitulado "Emília Snethlage (1868-1929) e as razões para comemorar seus 150 anos de nascimento", se reporta à “[...] trajetória da primeira mulher a fazer parte de uma instituição de pesquisa no Brasil: a alemã Emília Snethlage (1868-1929)”.
O BMPEG. Ciências Humanas, que tem nota máxima no ranking da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para periódicos científicos, encerra 2019 e já se prepara para novos desafios em 2020, quando passa ao sistema de publicação contínua de contribuições, utilizando novo padrão de norma bibliográfica e apresentando de forma detalhada contribuição de cada autor. “Essas medidas se revestem de importância no contexto das condutas pertinentes à ciência aberta que provê a sociedade com conhecimento”, conclui Jimena Beltrão.
Serviço: A mais recente edição do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas já está disponível na página da revista. A disponibilização na SciELO e a ativação dos links DOI para cada artigo ocorrerá depois de 22 de novembro, quando autores poderão atualizar seus currículos na Plataforma Lattes.