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O último volume do mais completo estudo sobre a flora de canga de Carajás
Agência Museu Goeldi – Já está disponível aos interessados o quarto e último volume especial da revista Rodriguésia sobre os estudos produzidos pelo projeto Flora das Cangas da Serra dos Carajás. O conjunto de estudos iniciado há 4 anos é fruto da parceria entre o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e o Instituto Tecnológico Vale (ITV), sob a coordenação dos botânicos Pedro Viana (MPEG) e Ana Maria Giulietti (ITV).
Os cientistas se dedicaram a expandir os conhecimentos acerca das cangas – ecossistemas vegetais onde ocorre o afloramento de rochas ferruginosas. A província mineral de Carajás abriga as principais jazidas de ferro do país, região explorada pela companhia Vale. Entre os desafios enfrentados, os estudiosos tem como meta ampliar o conhecimento científico, disponibilizando insumos que possibilitem conciliar as concepções sobre a conservação da biodiversidade e a exploração dos recursos naturais. Segundo os botânicos Pedro Viana e Ana Maria Giulietti, coordenadores da pesquisa e editores das publicações, a ideia é “auxiliar o diálogo entre o setor produtivo e órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental na região de Carajás, trazendo informações detalhadas sobre taxonomia, morfologia e distribuição das espécies ocorrentes nas cangas de Carajás”, conforme escreveram no editorial do primeiro número da série especial sobre a flora da canga de Carajás, publicado em 2016.
O projeto de pesquisa coordenado por Viana e Giulietti é considerado o maior esforço realizado para documentar sistematicamente a flora de uma área estratégica da Amazônia brasileira. Os quatro volumes editados reúnem monografias taxonômicas padronizadas para 164 famílias (22 de briófitas, 22 de pteridófitas, uma de gimnosperma e 119 de angiospermas), num total de 1.094 espécies estudadas.
Volumes – O volume inaugural da série especial da revista é composto pelos resultados do primeiro ano do projeto, contendo 55 monografias de famílias botânicas, incluindo 139 gêneros e 248 espécies tratadas. A taxonomia – ciência que descreve, identifica e classifica os organismos – é peça chave dos estudos publicados nos quatro volumes, que incluem também ilustrações, distribuição geográfica e chaves de identificação para os gêneros e espécies.
A segunda edição reúne 51 monografias de famílias de plantas da região dos Carajás (oito de briófitas, 10 de samambaias, 32 de angiosperma e um de licófitas), contabilizando 244 espécies. Já o terceiro número da coleção apresenta 25 monografias (24 de angiosperma e um de samambaias), contendo 204 espécies.
No quarto e último volume da revista coleção é possível encontrar monografias taxonômicas das famílias de plantas registradas em duas unidades de conservação - a Floresta Nacional de Carajás e o Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, ambos no estado do Pará. Este volume contou com dez artigos de famílias de briófitas e 23 de angiospermas, somando 398 espécies tratadas. A edição também incluiu três artigos com uma síntese dos grandes grupos de plantas priorizados pelo projeto: briófitas, samambaias e licófitas e fanerógamas.
Projeto – O projeto Flora das Cangas da Serra dos Carajás teve início em 2015, com a parceria entre o Museu Goeldi e o ITV. Com duração de três anos, o projeto incluiu um extenso programa de coletas na região dos Carajás, além da publicação da série especial da Rodriguésia, e ainda estudos detalhados de espécies especiais, como as ameaçadas, endêmicas, raras, invasoras e de importância para a recuperação de áreas de degradação.
Participaram do projeto pesquisadores, desenhistas e técnicos-administrativos de 22 instituições do Brasil e do exterior. Cinquenta e cinco deles assinam as monografias da coleção. Esse trabalho conjunto representa a proposta colaborativa idealizada para a Flora.
No editorial inicial da série, Pedro Viana (editor responsável pela edição especial) e Ana Maria Giulietti (editora convidada) explicam que os estudos publicados na Rodriguésia foram "uma contribuição para a Flora do Brasil 2020 e difundem o conhecimento desse ecossistema pouco conhecido em âmbito nacional, e mesmo mundial, e que é parte integrante da Floresta Amazônica, de uma grandeza imensurável".
Rodriguésia – Editada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a revista Rodriguesia é uma publicação trimestral, criada em 1935. Considerada uma das mais importantes e tradicionais revistas da área de botânica, em especial na área de taxonomia vegetal, o periódico publica artigos científicos originais, de revisão, de opinião e notas científicas em diversas áreas da biologia vegetal, assim como a história da botânica e atividade ligadas a jardins botânicos.