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Nova espécie de mosca é descrita por cientistas do Museu Goeldi e publicada em revista científica
Agência Museu Goeldi – Estudos recentes feitos em cidades têm revelado que mesmo em ambientes urbanos podem ocorrer considerável biodiversidade inexplorada, incluindo até novas espécies de animais vertebrados e invertebrados. Mesmo lugares amplamente conhecidos como o Mercado do Ver-o-Peso, em Belém, guardam surpresas.
A novidade da vez é uma nova mosca até então desconhecida batizada de Peckia veropeso . A descoberta foi identificada e descrita por um grupo de pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e está no volume 4067 da revista Zootaxa, publicado em janeiro. Veja aqui .
O estudo foi conduzido pelos entomólogos (especialistas em insetos) Fernando Carvalho Filho, Inocêncio Gorayeb, e as bolsistas de iniciação científica do Museu Goeldi Jéssica Soares e Caroline Souza. O trabalho de coletas em campo no Ver-o-Peso aconteceu entre os meses de dezembro de 2014 e abril de 2015.
O resultado foi a coleta de 258 moscas de quatro famílias visitantes de materiais orgânicos e lixo da feira, dentre essas exemplares de uma nova espécie do gênero Peckia sp. n. (mosca da família Sarcophagidae). Exemplares de Peckia veropeso também foram encontrados na Vila de Calafate, distrito de Magalhães Barata (PA), a cerca de 160 km da capital. Os pesquisadores acreditam que a espécie possui uma distribuição restrita às florestas de várzea do estuário amazônico.
“Já esperávamos por novidades em Calafate, que é um lugar pouco estudado, mas encontrar uma espécie desconhecida em pleno Mercado do Ver-o-Peso foi uma surpresa”, diz Caroline Souza, bolsista do Museu Goeldi que integrou a pesquisa.
No artigo, em destaque na revista internacional Zootaxa, os pesquisadores apresentam a descrição da espécie. A genitália de um espécime macho adulto foi dissecada, analisada e desenhada, pois essa parte do animal é importante para diferenciar a espécie das outras da família Sarcophagidae.
A bolsista de iniciação científica ressalta a importância de registrar e descrever uma nova espécie de mosca para o conhecimento sobre a região amazônica. “É uma descoberta de peso, porque Sarcophagidae é uma família pouco estudada localmente. Existem apenas dois especialistas no Brasil. Em termos científicos, quando você descreve uma nova espécie, você acrescenta esse número para conhecimento da biota da Amazônia”.
O grupo de pesquisa planeja agora um estudo sobre a Biologia do inseto. “A Sarcophagidae é uma família de importância médica veterinária, porque age como um vetor de endemias e outros tipos doenças. Então essa pesquisa serviria de auxílio para estudos forenses”.
Texto: João Cunha