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Nova espécie de "cobra-cega" na Guiana Francesa
Agência Museu Goeldi – Cor, forma do corpo, escamas e dentes são algumas das características que diferenciam Caecilia museugoeldi , o mais novo anfíbio da Guiana Francesa, das espécies já descritas. Os pesquisadores Adriano Maciel e Marinus Hoogmoed , ambos do Museu Goeldi, são os responsáveis pela descrição do novo táxon, o primeiro do gênero em 33 anos. O trabalho faz parte da primeira edição de 2018 do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais .
Popularmente conhecido como cobra-cega ou muçum-preto, o animal faz parte do grupo Gymnophiona, que reúne espécies alongadas muito semelhantes a serpentes e minhocas. Em 2012, Hoogmoed também liderou um trabalho que descobriu o lugar de ocorrência do maior animal sem pulmões já descrito: o anfíbio Atretochoana eiselti . Para saber mais sobre essa curiosa espécie, assista ao vídeo .
Nominação – Hesíodo, poeta grego do século VIII a.C., é o autor da obra Os Trabalhos e os Dias , no qual menciona as plantas e os animais mais importantes no cotidiano dos homens do campo. Após consultar dicionários linguísticos e especializados da Biologia e da Medicina, Reynaldo Cícero de Toledo (Universidade de Santo Amaro) desenvolveu uma análise dos termos encontrados no poema, constatando que os nomes clássicos e seus derivados continuam sendo empregados na literatura científica até hoje.
Volker Bittrich (Universidade Estadual de Campinas) e Lucas Marinho (Universidade Estadual de Feira de Santana) são autores do artigo que discute a importância do uso correto dos nomes científicos de espécies de plantas. Baseados no Código de Nomenclatura para Algas, Fungos e Plantas, os pesquisadores defendem a validação do nome Garcinia leptophylla para uma planta encontrada na Amazônia, principalmente nos estados do Acre, Amazonas e Roraima.
Entre os nove artigos e notas científicas do Boletim do Museu Goeldi, além de História da Ciência, os leitores vão encontrar trabalhos de Zoologia, Botânica, Etnobiologia e Ciências da Terra, de autoria de pesquisadores brasileiros e estrangeiros.
Plantas e Animais – Artigo liderado pela pesquisadora Magda Becker (Universidade Federal do Maranhão) sobre a variabilidade química do açaí ( Euterpe oleracea ), o buriti ( Mauritia flexuosa ) e o inajá ( Maximiliana maripa ), cujos frutos possuem substâncias potenciais para a produção de cosméticos e medicamentos, traz novos dados sobre a capacidade antioxidante e a composição nutricional dessas espécies tão populares na Amazônia.
Pau-ferro ou jucá são os nomes populares atribuídos a muitas árvores como a Caesalpinia ferrea . Em artigo elaborado por Daniel da Silva (Universidade do Estado do Amazonas) e colaboradores, foi estabelecido um protocolo para uma rápida multiplicação in vitro da espécie, buscando seu melhoramento genético. Os autores também fazem um alerta para a ameaça de extinção do pau-ferro por conta da extração ilegal e descontrolada, já que a planta é utilizada em tratamentos de diferentes doenças como asma, bronquite, anemia e diabetes.
Duas notas de pesquisa também fazem parte da primeira edição de 2018 do boletim. Ambas abordam o comportamento de animais vertebrados e invertebrados. Inocêncio Gorayeb (Museu Emílio Goeldi) e Carlos Eduardo de Campos (Universidade Federal do Amapá) registraram o inédito ataque de duas espécies de mutucas ( Diachlorus curvipes e Tabanus occidentalis ) ao lagarto teiú ( Tupinambis teguixin ); e o pesquisador independente Sandro Moreira fez o relato do primeiro embate físico registrado entre duas fêmeas do mutum-de-penacho ( Crax fasciolata ).
Biodiversidade e uso da terra – Mais da metade do território da Mesorregião do Nordeste do Pará já foi desmatado. E é nessa região que estão 28 Áreas Prioritárias para a Conservação, dentro do Projeto de Conservação e Utilização da Diversidade Biológica Brasileira (PROBIO), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. A pesquisadora Andréa dos Santos Coelho (FUNCATE) e mais sete colaboradores, entre eles, Ima Célia Vieira (Museu Emílio Goeldi), analisaram os impactos das mudanças de uso da terra nessas áreas prioritárias. Além da urgência de ampliar o sistema de proteção ambiental na região, o artigo destaca que, mesmo em áreas definidas com prioridade extremamente alta, a perda da cobertura vegetal chega a mais de 50%.
A comunidade de Gargaú, localizada na costa norte do estado do Rio de Janeiro, desenvolveu uma armadilha utilizada na captura do caranguejo-uçá ( Ucides cordatus ) em manguezal do estuário do rio Paraíba do Sul. O artigo da pesquisadora Laura Helena Côrtes (Universidade Estadual do Norte Fluminense) e colaboradoras fez a descrição dessa armadilha e inclui entrevistas com os catadores da comunidade. As autoras discutem a necessidade do estabelecimento de normas para a exploração adequada da espécie, garantindo a sobrevivência do crustáceo.
O pesquisador Alexandre Ribeiro Filho (Universidade de São Paulo/Centro Universitário FACVEST) liderou um trabalho em uma área da Mata Atlântica de São Paulo, que avaliou os impactos das fases de preparação da terra e de cultivo nos solos manejados por comunidades quilombolas. Os autores ressaltam que o mecanismo de corte e queima da vegetação para o aumento da fertilidade do solo não é unanimidade entre especialistas da área.
Carajás - Esta edição do Boletim de Ciências Naturais do Museu Goeldi também conta com o artigo de Erica da Solidade Cabral (Universidade Federal do Oeste do Pará) e mais dois colaboradores, que divulga os resultados da descrição e classificação das rochas e da análise geoquímica na região de Carajás, no sul do Pará. Os estudos são necessários para a compreensão do processo de formação das cavernas e sua relação com a formação do minério de ferro.
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Texto: Phillippe Sendas