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Nota sobre a destruição no Museu Nacional
Com um incêndio de proporções gigantescas, o mais antigo museu brasileiro, um dos símbolos da constituição da nação, o nosso Museu Nacional tombou como resultado da falta de investimentos na cultura, ciência e educação. A imagem das chamas consumindo patrimônio, história e conhecimento nos levou ao choque e a desoladora sensação de perda. O pior pesadelo para quem trabalha com pesquisa e formação de acervos tornou-se realidade mais uma vez, lembrando o golpe sofrido pelo Instituto Butantan (2010), Museu da Língua Portuguesa (2015) e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1978).
A história do Museu Paraense Emílio Goeldi – MPEG, criado em 1866, o segundo museu de ciências mais antigo no Brasil, está imbricada com a do Museu Nacional. As trocas de pesquisadores, acervos, documentos e técnicas progrediram no decorrer das décadas. A destruição de grande parte dos acervos do Museu Nacional leva junto também alguns testemunhos da história institucional do Museu Goeldi, como mais de 100 peças arqueológicas coletadas por Domingos Soares Ferreira Penna no século XIX. O ocorrido deixa a todos em alerta e aumenta a responsabilidade das autoridades na elaboração de políticas públicas de fomento e gestão de ciência, cultura e educação no País.
Cada museu tem sob a sua salvaguarda objetos e valores fundamentais da sociedade a que servem. O seu desaparecimento apaga o esforço de gerações, some com testemunhos únicos, afeta a capacidade de construir e consolidar o conhecimento e de narrar histórias locais, regionais, nacionais ou mundiais. Não podemos aceitar essas perdas como algo natural. A política de corte de investimentos no setor público nos deixou a todos com os olhos e a boca cheios de cinzas.
A comunidade do Museu Goeldi se solidariza com a comunidade do Museu Nacional e reforça publicamente o compromisso de continuar lutando pela conservação do patrimônio cultural e ambiental nacional e pelo avanço do conhecimento.
MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI / MCTIC