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Nota Pública do Projeto ESECAFLOR
Para testar o efeito da menor disponibilidade de água para a vegetação em uma floresta amazônica tropical foi criado, em 2001, um projeto de pesquisa em longo prazo denominado Projeto Seca Floresta (ESECAFLOR). Esse projeto está localizado na base de pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, a Estação Científica Ferreira Penna, na Floresta Nacional de Caxiuanã (PA).
O principal objetivo desse projeto é determinar como uma redução significativa da água disponível no solo, a longo prazo, pode afetar a biota. O ESECAFLOR consiste em duas parcelas de um hectare, sendo a parcela experimental recoberta com seis mil painéis plásticos que reduzem a precipitação em cerca de 50%.
Um dos principais resultados já apresentados nesse projeto é uma perda de biomassa da floresta resultado de uma grande mortalidade de árvores, principalmente aquelas de grande porte, acarretando a abertura do dossel e permitindo que a luz chegue ao solo da floresta, diminuindo drasticamente a umidade do solo da floresta.
Mais recentemente, um estudo foi desenvolvido para comparar o impacto da seca artificial produzida pelo experimento ESECAFLOR nas plantas do sub-bosque da floresta amazônica.
Os resultados têm confirmado as previsões pessimistas de modelos climáticos desenvolvidos para a Amazônia. Nesses modelos climáticos, a floresta amazônica perderia, além de biomassa por mortalidade, parte de sua biodiversidade, o que tornaria uma floresta mais pobre em espécies, mais seca e dominada por formas de vida de plantas mais adaptadas a essa nova realidade climática.
Há uma redução na abundância de indivíduos e no número de espécies de plantas da regeneração natural do sub-bosque na ordem de 51% e 14%, respectivamente. A única exceção são as formas de vida de lianas (cipós) mais adaptadas a seca e que tem sua abundancia de indivíduos e número de espécies aumentados na parcela experimental do experimento ESECAFLOR em comparação com a floresta não alterada.
Outro resultado foi o aumento da abundância e biomassa de indivíduos lianas e também no número de espécies de lianas já estabelecidas, ou seja, essa forma de vida está sendo beneficiada pela seca induzida pelo experimento ESECAFLOR.
Concluindo, após 17 anos da implantação do projeto ESECAFLOR, as comunidades de plantas da comunidade do sub-bosque da floresta amazônica, com exceção das lianas, estão sendo impactadas negativamente pela seca artificial criada, corroborando as previsões dos modelos climáticos, de que a floresta amazônica irá se transformar em uma floresta mais seca e pobre em espécies.
Leandro Valle Ferreira
Antônio Carlos Lola da Costa