Notícias
Museu Goeldi revela riquezas da Amazônia no Pint of Science
Agência Museu Goeldi – A riqueza cultural e natural da Amazônia integra a agenda científica estratégica do Museu Paraense Emílio Goeldi, que se consolidou como referência em estudos nas áreas de Ciências Humanas, Naturais e da Terra ao longo de quase 153 anos de fundação. É um pouco dessa produção de conhecimentos gerados por pesquisadores da instituição que será compartilhada a partir da noite de hoje (20) e até o dia 22, durante o festival de divulgação científica Pint of Science.
No contexto do Ano Internacional das Línguas Indígenas, de acordo com a Declaração das Nações Unidas em 2019, o linguista Hein van der Voort vai abordar elementos de um cenário preocupante. A maioria das cerca de seis mil línguas do mundo está ameaçada de extinção. E se é verdade que, durante a história da humanidade, as línguas seguem um fluxo de emergência e desaparecimento, é preciso reconhecer que esse ciclo está em colapso. Para o Brasil, a questão é crucial, especialmente porque tem uma diversidade de 160 línguas indígenas, quando antes da chegada dos portugueses, durante a colonização, estima-se que tenham havido 1000 delas.
Com especialização em línguas esquimó, romani e crioulo, o pesquisador do Museu Goeldi se dedica, desde 1995, à pesquisa de línguas amazônicas, mais precisamente as que são faladas no estado de Rondônia, como Kwazá, Arikapú e Aikanã. Como estudioso da linguagem, Hein integra projetos de documentação, descrição e análise de línguas indígenas amazônicas. O MPEG é responsável por um acervo de áudio e vídeo de mais de 80 línguas indígenas alimentado em colaboração direta com os próprios povos. “De onde vêm as línguas?” é o tema do bate-papo que fará no Iron Pub, abordando a origem das línguas, como surgiu a sua diversidade e para onde elas irão, caso não sejam cuidadas como um patrimônio da humanidade.
Ecossistema – A compreensão das populações que habitam a cobiçada região amazônica também fará parte da conversa proposta pela bióloga Regina Oliveira, na terça-feira (21), no Iron Pub. A pesquisadora vai esboçar o trajeto de um dos ícones da culinária local, do mangue até a mesa dos consumidores. Em “Quem traz o caranguejo que você come?”, ela vai expor aspectos da extração e comercialização do caranguejo (Ucides cordatus) desde os habitats do crustáceo, na costa norte do Brasil, até questões relativas ao conhecimento dos extrativistas sobre esse ambiente, seus modos de vida e ainda a conservação do ecossistema.
O litoral brasileiro é uma região privilegiada para obtenção da espécie: possui a segunda maior extensão de área de manguezal do mundo e mais da metade dela está dentro de unidades de conservação. No Pará, esse ecossistema de transição entre os ambientes marinho e terrestre forma uma faixa quase contínua de 300 quilômetros de extensão.
Três pesquisadores do Museu Goeldi participam do último dia do festival (22) e o potencial energético da maior bacia hidrográfica do mundo será um dos temas em pauta. Coordenador do Programa Nacional de Pesquisa em Biodiversidade e Ecossistemas (PPBio), o zoólogo Alberto Akama vai abordar a vida da fauna aquática de toda a região da Volta Grande do Xingu, onde está instalada a Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Estudos científicos sobre como o meio ambiente responde a projetos desse porte possibilitam a atuação na proteção de um patrimônio muitas vezes irrecuperável, como as espécies de peixes endêmicos.
Akama convida o público do Iron Pub para uma conversa sobre “A derradeira mentira de Belo Monte”. Ele argumentará sobre a fragilidade do Hidrograma de Consenso Ecológico (HCE), modelo adotado pela empresa concessionária, Norte Energia, para mensurar o volume de água considerada no processo de produção da energia e os danos nem sempre calculáveis pelo empreendimento.
Na mesma mesa, a pesquisadora Edithe Pereira desloca os frequentadores do bar para uma reflexão sobre a “Arqueologia e arte rupestre da Amazônia”, mais especificamente sobre o fascínio desse campo de conhecimento, os mitos que rondam a profissão e algumas curiosidades sobre pinturas e gravuras enigmáticas, notórios vestígios da pré-história muito presentes nos sítios rochosos da região.
Paralelamente, no Núcleo de Conexões Ná Figueredo, Marcos Magalhães lança outra provocação: “Quem plantou a Amazônia? E quando?”. Ele questiona a crença de que a natureza estaria intocada até a invasão europeia no século XV, revelando como a interferência indígena na região já ocorria de forma intensa e que o conhecimento sobre a flora nativa foi refinado a partir das necessidades humanas, especialmente as medicinais, alimentares e de construção. O valor de capital imensurável que esses povos agregaram à floresta amazônica está severamente comprometido com o avanço da devastação da cobertura vegetal para o cultivo de soja e para a pecuária.
Além dos pesquisadores do Museu Goeldi, o festival conta ainda com especialistas da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Rural da Amazônia (Ufra), Universidade do Estado do Pará (Uepa), Universidade da Amazônia (Unama) e Centro Universitário do Estado do Pará (Cesupa).
Os espaços terão entrada franca para o público respeitando a lotação do local.
Serviço | Pint of Scince 2019
Data: 20 a 22 de maio
Horário: 19h30 às 21h30
Programação
Segunda-feira (20)
Elephant Coworking (Av. Gov. José Malcher - Nazaré, Belém /PA)
- Impactos químico-ambientais da atividade mineradora e industrial na Amazônia - Simone Pereira
- A importância dos músculos do períneo na saúde da mulher e na sexualidade - Cibele Câmara
Hoppy Pig (Rua Domingos Marreiros, 446 - Umarizal, Belém/PA)
- Como o narcotráfico está organizado em Belém? - Aiala Couto
- Quanto mais melhor? Dose mínima de exercícios para a saúde - Victor Coswing
Núcleo de Conexões Ná Figueredo (Av. Gentil Bitencourt, 449 - Nazaré, Belém/PA)
- A gordura que não nos pertence - Juciléia Bezerra
- A imagem impressa na construção do imaginário local no século XIX - Fernanda Martins
Iron Pub (Tv. Dom Romualdo de Seixas, 1230, Umarizal – Belém/PA)
- Da onde vêm as línguas? - Hein Van der Voort (COCHS/MPEG)
- Nada mais nada menos do que o vácuo: do inferno de Dante ao apocalipse Cósmico - Jorge Castiñeira
Terça-feira (21)
Elephant Coworking (Av. Gov. José Malcher - Nazaré, Belém /PA)
- Por que é tão difícil seguir uma dieta? - Daniela Lopes
- O que é matéria ativa? E o que os peixes, bactérias e micro-robos tem com isso? - Fabrício Potiguar
Hoppy Pig (Rua Domingos Marreiros, 446 - Umarizal, Belém/PA)
- O que é ciência, afinal? - Paulo Delage
- Fortes emoções e repentina agitação: entendendo os produtos de fermentação - Fábio Pontes
Núcleo de Conexões Ná Figueredo (Av. Gentil Bitencourt, 449 - Nazaré, Belém/PA)
- Como o câncer marca o seu território - Amanda Vidal
- Membranas na indústria cervejeira: aplicação elegante, eficiente e sustentável - Kleber Bittencourt
Iron Pub (Tv. Dom Romualdo de Seixas, 1230, Umarizal – Belém/PA)
- Percepção e realidade - Givago Souza
- Quem traz o caranguejo que você come? - Regina Oliveira (COCHS/MPEG)
Quarta-feira (22)
Elephant Coworking (Av. Gov. José Malcher - Nazaré, Belém /PA)
- Amazônia Azul: um mar extraordinário e desconhecido da Costa Amazônica - Eduardo Tavares
- A aids, a sífilis e o Pará - Eliá Botelho
Hoppy Pig (Rua Domingos Marreiros, 446 - Umarizal, Belém/PA)
- O segundo (primeiro) cérebro - Antônio Pereira
- Uma Foto pode salvar uma espécie da extinção? - Pedro Peloso
Núcleo de Conexões Ná Figueredo (Av. Gentil Bitencourt, 449 - Nazaré, Belém/PA)
- Quem plantou a Amazônia? E quando? - Marcos Magalhães (COCHS/MPEG)
-Seu movimento monitorado: uso de aplicativos na avaliação da saúde - Anselmo de Athayde
Iron Pub (Tv. Dom Romualdo de Seixas, 1230, Umarizal – Belém/PA)
- A derradeira mentira de Belo Monte - Alberto Akama (COZOO/MPEG)
- Arqueologia e Arte rupestre da Amazônia - Edithe Pereira (COCHS/MPEG)