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Museu Goeldi reinicia obra do Centro de Exposições Eduardo Galvão
Agência Museu Goeldi – O importante e rico acervo das coleções científicas do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) vai ganhar em breve um ambiente singular: o Centro de Exposições Eduardo Galvão, localizado no Parque Zoobotânico, em Belém. As obras no prédio foram retomadas no começo de 2019, após o repasse de recursos complementares do Governo Federal à mais antiga instituição científica da Amazônia.
Com cerca de 1,5 mil metros quadrados de área construída e dividido em dois pavimentos, o centro de exposições abrigará mostras de longa duração, oferecendo ao público acesso à parte dos objetos salvaguardados nas reservas técnicas e coleções científicas da instituição, até então restritas a estudos acadêmicos. Será o maior da região Norte com este perfil.
“O público terá acesso a parte dos nossos acervos, pesquisas e descobertas. A retomada da obra é uma grande conquista da instituição e da sociedade, que passará a ter um espaço de educação e divulgação científica fundamental para a Amazônia”, destaca a diretora substituta e coordenadora de administração do Museu Goeldi, Roseny Mendes .
O Museu Goeldi mantém atualmente mais de 4,5 milhões de itens distribuídos em 19 coleções científicas, que abrangem acervos etnográficos, arqueológicos, linguísticos, biológicos, minerais e fósseis e documentais. A riqueza dessas coleções, em boa medida, fica longe dos olhos do público pela falta de um espaço expositivo apropriado às necessidades de conservação das peças, como o controle de umidade.
Obra – A licitação aprovada destina R$ 2.410.379,99 milhões para a obra, que deve ser concluída em novembro de 2019. A reforma e conclusão do prédio estão sob a responsabilidade da empresa Muiraquitã, vencedora do certame licitatório. A expectativa do Museu Goeldi é que a partir de maio de 2020, as portas do Centro de Exposições Eduardo Galvão estarão abertas ao público.
A construção do prédio, até sua interrupção, custou cerca de R$ 2.750.000 milhões com 72% da edificação finalizada. Nesta nova etapa será realizado o acabamento de todos espaços de acesso público e de acesso restrito.
Será entregue ao público um centro de exposições com um salão principal, que abrigará mostra de longa duração, e no mezanino ficarão as mostras temporárias. O local terá ainda um mini auditório, com cerca de 50 lugares. O prédio comportará também a Reserva Técnica de Museografia do Museu Goeldi, ambiente que servirá de quarentena aos acervos que serão expostos.
O projeto arquitetônico foi idealizado de modo a garantir harmonia entre a construção e o ambiente do Parque Zoobotânico. Com essa finalidade, na fachada do prédio foi projetado um jardim vertical, técnica que consiste em cobrir com vegetação a parte externa do prédio.
Outro cuidado é com a garantia da acessibilidade aos futuros visitantes. O centro será todo adaptado para pessoas com deficiência, sejam visuais, físicas ou auditivas. Serão construídas rampas, instalados elevadores e utilizados equipamentos de realidade virtual.
Rocinha – Atualmente, as exposições do Museu Goeldi são realizadas no Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna, a Rocinha. Construída no século XIX, a Rocinha é um prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e requer uma série de precauções para sua manutenção, que variam entre limites de carga e os cuidados com as características arquitetônicas, o que restringe em alguns aspectos o desenvolvimento das exposições.
Com a conclusão das obras do “Eduardo Galvão”, que terá uma área expositiva duas vezes maior do que o atual espaço de exibição, a Rocinha continuará aberta ao público, mas com menor fluxo de visitações.
Histórico – A proposta do Centro de Exposições Eduardo Galvão foi lançada no ano 2000, buscando a construção de um pavilhão dentro do Parque Zoobotânico adaptado às novas formas e técnicas museológicas para apresentação de acervos científicos. Interrompidas em 2011, as obras só puderam ser retomadas neste ano, após a garantia de recursos complementares.
O centro expositivo tem o nome do antropólogo Eduardo Enéas Gustavo Galvão (1921-1976), cientista de grande referência nos estudos sobre populações indígenas na Amazônia. Galvão foi o primeiro etnólogo brasileiro a cumprir todas as etapas da carreira acadêmica e a obter o título de pós-doutor no exterior, concedido pela Universidade de Columbia (EUA). Sua trajetória é marcada pela passagem por importantes instituições de ensino e pesquisa do Brasil, entre elas a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade de Brasília (UNB) e o Museu Paraense Emílio Goeldi. Contribuiu de forma significativa na expansão dos estudos de campo na área das Ciências Humanas, quando assumiu a chefia da Divisão de Antropologia do MPEG, em 1955.
Texto: Karolina Pavão e Karolainy Lima.