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Museu Goeldi lança livro inédito sobre peixes marinhos da Costa Norte do Brasil
Agência Museu Goeldi - No próximo dia 12/11, às 17h, o Museu Goeldi lança o livro “Peixes Teleósteos da Costa Norte do Brasil”. A publicação, em formato e-book e também impresso, é o primeiro guia desse tipo para a costa Norte do Brasil e reúne informações sobre 787 espécies, com chaves de identificações, fichas descritivas e ilustrações de mais de 490 peixes com hábitos costeiros.
O objetivo é auxiliar especialistas e não especialistas a identificar e conhecer mais sobre as espécies de peixes encontradas na costa amazônica. O lançamento será transmitido no canal do Museu Goeldi no YouTube.
Além do e-book, que ficará disponível a partir do dia 12 no catálogo de livros digitais do Museu Goeldi, 500 exemplares impressos serão distribuídos para bibliotecas e instituições parceiras até o final de novembro.
O livro - Desde a pré-história da presença humana na Amazônia, o pescado é fonte alimentar importante. Atualmente, a fauna de peixes marinhos da costa Norte do Brasil (que vai do Amapá ao Maranhão) possui grande importância biológica, econômica e cultural. Apesar disso, ainda é a menos conhecida do país. Daí a importância da publicação de “Peixes Teleósteos da Costa Norte do Brasil”.
O livro é resultado da parceria do Museu Goeldi com instituições como o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Norte (CEPNOR/ICMBio) e a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Para sua elaboração, foram realizadas coletas pelo CEPNOR, dentro do Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF Mar), coletas independentes realizadas pelos próprios autores e a revisão de espécies depositadas em coleções zoológicas, como a do Museu Goeldi.
A publicação só foi possível por meio do Programa de Capacitação Institucional (MCTIC/CNPq), por meio do qual o pesquisador Alexandre Marceniuk, especialista em sistemática de peixes marinhos e um dos organizadores da obra, pôde atuar no Museu Goeldi.
Também foram organizadores do livro Rodrigo Antunes Caires (USP), Alfredo Carvalho-Filho (Fish Bizz Ltda.), Matheus Rotundo (UNISANTA), Wagner Rosa dos Santos (MPEG e CEPNOR/ICMBio) e Alex Klautau (CEPNOR/ICMBio).
Os organizadores estarão presentes na live de lançamento no dia 12, que contará ainda com a participação dos pesquisadores Ronaldo Barthem (MPEG) e Israel Hidenburgo Cintra (UFRA).
Na apresentação do livro, a pesquisadora Ana Luísa Albernaz, diretora do Museu Goeldi, destaca que “um dos resultados diretos deste esforço foi a melhoria nas informações da Coleção Zoológica do Museu Goeldi” e que também houve “o registro de diversas espécies desconhecidas da fauna Amazônica, que se deu seja pelo reconhecimento de espécies novas entre as já coletadas ou da coleta de novos registros para a região”. Informações de grande valor para subsidiar pesquisas futuras no ambiente marinho, bem como a exploração responsável dos recursos naturais.
Costa Norte – A costa Norte do Brasil é uma área que estende da foz do rio Oiapoque, no Amapá, até a foz do rio Parnaíba, limite dos estados do Maranhão e Piauí. Ela possui condições ambientais únicas em razão da intensa descarga de água doce e sedimentos de rios, principalmente o Amazonas.
Na costa Norte está a mais extensa área de manguezais contínuos do mundo, com 8.900 km². Os sedimentos descarregados no mar pelo rio Amazonas se espalham por até 200 km de extensão diretamente em frente à foz do rio. Já no sentido noroeste (na direção do Amapá e da Guiana), esses sedimentos alcançam até 500 km de distância.
Apesar de sua importância biológica, econômica e cultural, os peixes dessa complexa região permanecem pouco estudados. Peixes como a gurijuba (Sciades parkeri), de importante valor comercial, e também o bagre (Sciades passany), mais aproveitado para a alimentação de subsistência, ainda não possuem nenhum tipo de registro científico sobre como se reproduzem, por exemplo.
Pesquisas que procurem responder essas e outras questões precisam de dados básicos confiáveis sobre essas espécies. Esses dados agora estão disponíveis no livro “Peixes Teleósteos da Costa Norte do Brasil”.
Pesquisa - O primeiro trabalho de prospecção e inventário da costa Norte do Brasil foi realizado entre as décadas de 1950 e 1960 pelo National Marine Fisheries Service, dos Estados Unidos. Dentre outras coisas, essas expedições revelaram as primeiras evidências da existência de um banco de corais na costa amazônica.
O Brasil teve algumas iniciativas para inventariar recursos pesqueiros na Costa Norte a partir da década de 70. A partir da década de 90, contou também com o “Programa Nacional de Avaliação do Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva”. Entre seus objetivos estavam a catalogação de espécies e registro de informações sobre sua distribuição e habitat. Apesar disso, poucas informações foram geradas sobre as espécies de peixes marinhos da costa Norte do Brasil.
MPEG - Desde a gestão de Emílio Goeldi, no final do século XIX, havia o desejo de realizar estudos sobre a fauna da Costa Norte por parte do atual MPEG. Isso acontece apenas na década de 30, com as pesquisas ictiológicas sistemáticas de Carlos Estevão, retomadas fortemente apenas na década de 80 com Ronaldo Barthem e Michael Goulding.
Já os estudos pioneiros sobre a Antropologia da Pesca iniciam nos anos 60 com Lourdes Furtado. No final dos anos 90, a instituição organiza o Programa de Estudos Costeiros (PEC), reunindo colaboradores em todas as áreas de pesquisa e da comunicação do MPEG. Uma história que demonstra que coleções científicas e bons resultados de pesquisam necessitam de continuidade de investimentos e visão de longo prazo.
Texto: Uriel Pinho e Joice Santos, com informações dos autores
Serviço
Live de lançamento do livro “Peixes Teleósteos da Costa Norte do Brasil”
12/11 (sexta-feira), às 17h
Palestra dos organizadores do livro, com apresentação de Ronaldo Barthem (MPEG) e comentários de Israel Hidenburgo Cintra (UFRA)