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Museu Goeldi integra ciência e ensino na Floresta Nacional de Caxiuanã
Agência Museu Goeldi – Visando estimular a iniciação científica aplicada à realidade local de alunos de Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Feira de Ciências da Floresta Nacional (FLONA) de Caxiuanã , promovida pelo Museu Goeldi, encerrou mais uma edição. Foram selecionados cinco dos 13 projetos produzidos pelos alunos no primeiro semestre deste ano e os autores participarão da XI Olimpíada de Ciências da Flona , que será realizada em outubro na Estação Científica Ferreira Penna (ECFP) . Cada escola recebeu a visita de técnicos e cientistas em suas próprias comunidades e o primeiro lugar deste ano foi para o projeto “Mandioca: a raiz do Pracupí”, seguido por “Roçado sustentável”, “Plantas medicinais”, “Erosão” e “Energia Solar”.
Participaram da feira 12 escolas dos municípios de Portel e Melgaço, no Marajó, que apresentaram para a equipe de avaliadores trabalhos realizados com a orientação de seus professores. A equipe avaliou, entre outros aspectos, a inovação dos trabalhos e também compartilhou ideias para o aperfeiçoamento das propostas.
Os projetos selecionados se destacaram pelo engajamento da comunidade em seu percurso e pela valorização da sustentabilidade e geração de renda. Eles serão reapresentados na XI Olimpíada de Ciências da Flona, em outubro. Na ocasião, os alunos vão participar de oficinas e das tradicionais competições esportivas.
Mandioca – Investindo num produto muito peculiar aos paraenses, o projeto “Mandioca: a raiz do Pracupi”, que conquistou a primeira colocação, foi criado por alunos da Escola Anjo da Guarda, localizada no município de Portel. O objetivo da pesquisa foi verificar os valores nutricionais presentes nos derivados da raiz.
A ideia surgiu da curiosidade em saber qual a contribuição da mandioca na alimentação dos alunos, caso ela fosse integrada no cardápio escolar. Com a orientação dos professores e dos avaliadores, os alunos compreenderam de que forma a comunidade planta a mandioca, como é feita sua extração e quais os seus derivados.
Todo esse processo possibilitou o entendimento dos aspectos empíricos acerca deste insumo, proporcionando a constatação científica na pesquisa dos alunos. No caso do tucupi, os alunos evidenciaram a presença do ácido cianídrico, que pode ser letal para o ser humano quando consumido em alto teor.
Segundo Socorro Andrade, coordenadora pedagógica do Programa de Educação da Estação Científica Ferreira Penna, os alunos ainda estão buscando especialização e entendimento econômico do principal derivado da mandioca, a farinha. “A ideia é fazer uma casa de farinha comunitária para que atenda a toda a localidade, com uma produção mais higiênica e organizada e, desta forma, possibilitar a futura comercialização do derivado”, acrescenta
Socorro exalta a dedicação dos alunos no desenvolvimento da pesquisa e garante que a instituição busca retribuir da melhor forma. “A Escola Anjo da Guarda é a mais distante no roteiro dos avaliadores, com cerca de três horas de distância no descolamento feito por voadeira, a partir da estação”, destaca. O esforço se dá pela compreensão da importância da iniciação científica desenvolvida pelo Museu Goeldi na Flona de Caxiuanã, uma área de cobertura florestal de propriedade e cuidado especial do poder público.
Projetos – Na segunda colocação, o projeto “Roçado Sustentável” foi uma iniciativa de alunos da Escola Anexo Chico Mendes. A proposta é desenvolver o cultivo de maneira sustentável nas comunidades ribeirinhas, que se utilizam dos métodos tradicionais de cultivo na agricultura familiar. Esse tipo de prática envolve desmatamento e queimadas e são prejudiciais para o meio ambiente e para população do entorno. O projeto tem a vantagem de estimular a aproximação das famílias das comunidades aos alunos na escola.
"Plantas medicinais” ficou classificado na terceira colocação, projeto desenvolvido na Escola São Sebastião. Os alunos se dedicaram à compreensão do conhecimento tradicional da comunidade e, por meio da aplicação de questionários, puderam ouvir da população um pouco do seu saber sobre plantas usadas como medicina natural. A ideia é cultivar as plantas numa forma de preservar esse conhecimento tradicional.
Da Escola Estefânia Monteiro foi selecionado, em quarto lugar, o projeto “Erosão”, que analisou o entorno do rio Anapú, propondo soluções para o desgaste do solo das margens dos rios. Em quinto lugar vem o projeto “Energia solar”, dos alunos da Escola São Sebastião, que apresentou para a comunidade opções de energia renovável, entre elas as placas solares, que, para as áreas ribeirinhas com alta incidência solar, são boas opções para o abastecimento de energia.
Olimpíada – Realizada pelo Museu Goeldi, a décima primeira edição da Olímpiada de Ciência de Caxiuanã será no mês de outubro com diversas atividades na Estação Científica Ferreira Penna. A ação iniciou em 2001 e acompanha a agenda da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) .
Texto: Juliana Soares