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Museu Goeldi contribui para o conhecimento da biodiversidade em Paragominas
Agência Museu Goeldi - Pesquisas desenvolvidas pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), instituição ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), têm avançado no conhecimento sobre a fauna, a flora e as relações ecológicas existentes em áreas de mineração do município de Paragominas, no nordeste paraense. O estudo sobre essas questões contribuem para a elaboração de medidas de mitigação do impacto socioambiental decorrente de atividades exploratórias e está no horizonte do Consórcio de Pesquisas em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC), que completa 10 anos de atuação.
A rede de cooperação cientifica envolve o Museu Goeldi, a Universidade Federal do Pará, a Universidade Federal Rural da Amazônia e a Universidade de Oslo, uma das mais importantes da Noruega, que contam com o apoio de financiamento da mineradora Hydro para realizar pesquisas naquela localidade.
Entre os estudos do Museu Goeldi nas áreas de impacto da Hydro está o trabalho coordenado pela pesquisadora Marlúcia Martins, que desenvolve estudos de ecologia, as relações entre plantas e animais herbívoros, fenologia, florística e estrutura da vegetação local, bem como de compreensão do impacto da mineração sobre as dinâmicas de polinização de plantas. A ideia é identificar esses efeitos e prover a indústria com informações que devem ser levadas em consideração em suas estratégias de compensação ambiental.
Marlúcia considera que esse tipo de cooperação beneficia a empresa e também a ciência, que tem a oportunidade de investigar temas de interesse e gerar dados que impactam a vida das comunidades afetadas. “Para nós, da ciência, tem algumas vantagens adicionais, como a possibilidade de influenciar a tomada de decisão, que vai repercutir de forma muito importante na sociedade amazônica de modo geral. Uma decisão de uma grande empresa acaba tendo repercussões em toda a sociedade, inclusive em algumas ações públicas e ações privadas de outras empresas de menor porte”, esclarece a doutora em Ecologia.
A recente renovação do BRC para um período de mais cinco anos traz a perspectiva de avanço do projeto em novas linhas, incluindo a identificação de espécies relevantes para fomento aos processos de restauração. “Nós já vimos vários fatores positivos no processo de regeneração natural, então queremos reforçar isso tanto para a Hydro quanto para as políticas públicas, no sentido de dar maior suporte à regeneração natural porque entendemos que esse é um caminho para a Amazônia”, reforça a pesquisadora.
Estudos sobre fauna e a flora – Além do interesse ecológico, a participação do Museu Goeldi no BRC tem contribuído para o conhecimento de mais aspectos da realidade ambiental de Paragominas. Um exemplo é o trabalho coordenado pelo doutor em Zoologia e pesquisador do MPEG, Rogério Rosa da Silva, que realiza o estudo entomológico e de bioindicadores para monitoramento da biodiversidade no município.
Entre seus objetivos, o projeto visa a identificação dos grupos de insetos presentes em florestas sem intervenção humana (áreas pristinas), florestas com diversos níveis de degradação e áreas de regeneração florestal. Aliado a isso, o trabalho também coleta material para o acervo entomológico do MPEG, inclusive com dados de DNA metabarcoding.
Outra iniciativa tem a frente o pesquisador Alberto Akama, que atua em parceria com os docentes Leandro Juen e Luciano Montag, ambos da UFPA. A proposta é de avaliação sobre a forma como as atividades de mineração e reflorestamento na região estão afetando a integridade dos ecossistemas aquáticos e a fauna do entorno.
“No BRC, temos a ciência embasando esses temas de restauração. A gente vem estudando isso, descobrindo novas espécies e tentando entender como é a relação entre a flora, a fauna e a manutenção da floresta e a forma como o impacto de uma empresa de mineração pode ser mitigado a partir desses bioindicadores”, salienta o diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Jr, que considera que os resultados alcançados até então corroboram a importância da parceria entre ciência e indústria para investigações de longo prazo na Amazônia.
Balanço do BRC – Desde sua criação em 2013, o Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega já investiu mais de R$ 14,8 milhões na cooperação entre as instituições participantes. Os recursos possibilitaram o desenvolvimento de 26 projetos de pesquisa, a publicação de 60 artigos em revistas científicas, a capacitação de mais de 270 pessoas nos níveis de mestrado, doutorado ou pós-doutorado por meio da concessão de bolsas, fortalecimento de programas de intercâmbio; além do aporte na aquisição de equipamentos e melhoria das instalações e estrutura de laboratórios.
“Ao longo desta década, o BRC amadureceu de um acordo formal para um consórcio de pesquisa totalmente operacional. Os estudos desenvolvidos por meio dele trouxeram conhecimento aplicado relacionado à reabilitação de áreas mineradas. Além disso, aumentamos consideravelmente nosso conhecimento sobre a biodiversidade nas áreas da Hydro Paragominas, desde grandes mamíferos até pequenos insetos. Todo esse aprendizado pode e contribui para o processo de tomada de decisão na mina”, avalia o diretor de Sustentabilidade e Impacto Social da Hydro, Eduardo Figueiredo.
Texto: Fabrício Queiroz