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Museu Goeldi aumenta seu orçamento para 2018
Agência Museu Goeldi – Durante entrevista na manhã desta segunda-feira (11), o diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Nilson Gabas Jr ., anuncia que a instituição recompôs o orçamento de 2018 e não correrá o risco de fechar nenhuma das suas três bases físicas no Pará. Herança importante que deixa para a futura gestora da instituição, Ana Luisa Albernaz , selecionada pelo Comitê de Busca e cuja nomeação foi enviada pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Gilberto Kassab, à Casa Civil.
O Museu Goeldi investirá parte significativa do recurso complementar na conclusão de duas obras interrompidas há anos que estavam aguardando a liberação de recursos financeiros: o Centro de Exposições Eduardo Galvão e o Espaço Raízes Para Atividades Educativas.
As obras melhoram a estrutura do mais antigo parque dedicado a divulgação da ciência nas regiões Norte e Nordeste do Brasil – o Zoobotânico do Museu Goeldi, local importante para a educação, o lazer ecológico e o turismo. O Goeldi é um dos museus brasileiros mais visitados no país – anualmente recebe em torno de 400 mil pessoas, sendo apontado pelo Ministério do Turismo como uma das 65 instituições indutoras do turismo no Brasil.
Uma das 16 unidades de pesquisa vinculadas ao MCTIC, o Museu Goeldi receberá recursos complementares para este ano. “A conquista foi possível graças a ação do ministro Kassab e de sua equipe, e pelo intermédio do meio político como um todo, mas, destaco o empenho do deputado federal Joaquim Passarinho e do ex-ministro Helder Barbalho. A sensibilização para a grave situação orçamentária teve o envolvimento direto da comunidade técnico-científico do museu e da sociedade, que tem grande carinho pela instituição e a abraçou literalmente”, agradece Nilson Gabas Jr.
O diretor reitera que este ano, tendo por base exclusivamente a Lei Orçamentária Anual (LOA) prevista para 2018, o Museu Goeldi certamente precisaria fechar suas portas no segundo semestre. Os recursos extras permitem, agora, que a instituição funcione até o final do ano.
Recursos – Os recursos complementares ao orçamento previsto para este ano são da ordem de R$ 7.309.562,00 . O montante elevou os recursos finais previstos de R$ 8.116.460,00 para R$ 15.426.022,00 . Desse total, houve um aumento de 53% na verba destinada aos serviços de manutenção do Museu Goeldi, como segurança, energia e limpeza. A verba de capital saltou 327% em relação ao valor destinado anteriormente, e tem importância significativa para garantir duas obras interrompidas.
“Com os recursos de capital disponíveis, poderemos finalizar o Centro de Exposições Eduardo Galvão de maneira completa e prepará-lo para sua primeira exposição de longa duração. A equipe do Núcleo de Engenharia e Arquitetura já está trabalhando na atualização do projeto executivo e, muito em breve, a licitação poderá ser feita”, antecipa o diretor. Gabas Jr. prevê que o novo centro expositivo seja concluído em junho de 2019. A obra será um divisor de águas tanto para a pesquisa quanto para a sociedade em geral. “Temos coleções científicas que o público não tem acesso, mas, com o Centro de Exposições Eduardo Galvão, isso se inverte. E poderemos ampliar sua função, abrindo grandes debates com as populações sobre temas essenciais para a Amazônia, como a mineração e áreas prioritárias para conservação. É a contribuição do Museu Goeldi para a reflexão sobre questões estratégicas para a região”, exemplifica.
Já o Espaço Raízes Para Atividades de Educação voltará a funcionar, provavelmente, até o final deste ano, reforçando o papel educativo da instituição. “Condenado pelo Corpo de Bombeiros, o espaço está fechado há algum tempo, sob o risco iminente de queda devido a problemas estruturais. A obra deverá ser licitada em breve”, adianta Gabas Jr.
Outra solução administrativa que os recursos complementares de 2018 garantem para a instituição é o provimento de serviços básicos de logística, que incluem serviços de terceiros. “A recomposição de pessoal se dará nas áreas de serviços gerais, ações museais e de vigilância nas bases físicas. Por exemplo, hoje temos uma demanda enorme de manutenção elétrica em função de equipamentos de laboratórios, como os de sequenciamento genético, e estávamos com apenas um profissional para atender todas as bases”, cita o diretor.
Satisfeito com o desfecho das negociações junto ao Governo Federal, Nilson Gabas antecipa que, a partir de então, o desafio está posto para a diretora que será empossada em junho. “A Ana Albernaz terá como missão se debruçar sobre o Planejamento da Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2019”, alerta. A cada ano, o MPEG e todo o sistema nacional de C&T e Inovação, enfrentarão novas batalhas pelo orçamento anual.
Ameaças – No segundo semestre de 2017, o Governo Federal contingenciou 44% dos recursos de todos os seus órgãos de ciência e tecnologia. No caso do Museu Goeldi, o montante do corte orçamentário inviabilizaria o funcionamento integral da instituição e levaria, em outubro, ao fechamento de seu centenário Parque Zoobotânico, na capital paraense, e da Estação Científica Ferreira Penna, que funciona há 24 anos na Floresta Nacional de Caxiuanã, entre os municípios de Melgaço e Portel, interrompendo décadas de estudos de longo prazo e monitoramento da maior floresta tropical do mundo.
Uma série de mobilizações foram encampadas tanto pela comunidade técnico-científica da região quanto pela sociedade civil e por lideranças políticas. E como fruto desta pressão junto ao Governo Federal, as atividades de pesquisa, divulgação, educação e extensão do Museu Goeldi foram asseguradas minimamente com o comunicado, em setembro de 2017, do descontigenciamento de três milhões de reais para a instituição, o que possibilitou seu funcionamento emergencial até o fim do ano passado.
Museu Goeldi – Criado em 1866, atualmente, o Museu Goeldi tem 127 projetos em andamento, 82% dos quais se referem à pesquisa, desenvolvidos com recursos nacionais e internacionais. Outros dezoito por cento são projetos de educação, comunicação e extensão, desenvolvidos por pesquisadores e tecnologistas do quadro funcional, com ou sem participação de instituições parceiras nacionais e internacionais. E neste último montante, também se incluem projetos de suporte à infraestrutura, como a ampliação ou reforma dos prédios que abrigam as coleções da instituição e laboratórios, que dão sustentação às pesquisas e à formação de especialistas para a região amazônica. Hoje, o Museu Goeldi mantém em parceria, ou sozinho, seis cursos de pós-graduação. Em duas décadas, já formou mais de 650 novos mestres e doutores.
Conheça as obras que serão concluídas no Parque Zoobotânico .
Texto: Erika Morhy e Joice Santos