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Museu Goeldi apresenta as “Diversidades Amazônicas” e inaugura seu Centro de Exposições
Agência Museu Goeldi - A Amazônia é fértil de formas de vida e de olhares para entender o mundo. No próximo dia 28 de setembro ( quarta -feira), o Museu Paraense Emílio Goeldi inaugura uma grande exposição chamada “Diversidades Amazônicas”, que reúne conhecimentos de cientistas, povos tradicionais e artistas para mostrar a diversidade deste vasto bioma habitado por tantas culturas. Antes, no dia 27, às 15h, a exposição será aberta apenas para a imprensa e autoridades convidadas. Entre as presenças confirmadas está o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil, Paulo César Alvim.
Uma grande oportunidade de ver de perto alguns itens valiosos de diversas coleções reunidas pelo Museu Goeldi desde o século XIX, em áreas como a Paleontologia, Zoologia, Botânica, Arqueologia, Antropologia e a Linguística indígena. Os itens das coleções científicas ajudam a demonstrar a complexidade da região e os vários aspectos dela estudados pelo Museu Goeldi. As mais de 300 peças estarão acompanhadas de instalações interativas, e experiências imersivas, para compor um amplo caminho expositivo que começa no passado remoto da Amazônia e chega até o seu presente. Um convite para juntos possamos garantir o futuro da nossa região.
De acordo com a diretora do Museu Goeldi, a bióloga Ana Luisa Albernaz, montar uma exposição com tantas áreas diferentes, com uma diversidade de ideias e visões, foi um processo complexo e demorado, conduzido coletivamente, para que o melhor resultado pudesse ser apresentado ao público. “A grande contribuição de muitos profissionais, bolsistas e estudantes da instituição faz com que a exposição seja uma conquista de todos”, celebra Albernaz.
A abertura da exposição, que ocupa 480 metros quadrados, marca também a inauguração do novo Centro de Exposições Eduardo Galvão do Museu Goeldi. Com 1850 metros quadrado, o Centro de Exposições tem, além da grande sala onde estará instalada a “Diversidades Amazônicas”, um mini auditório com capacidade para 58 pessoas, um mezanino para exposições temporárias e terá um Café e um Mirante, para que o público possa observar as copas das árvores do Parque Zoobotânico.
O prédio foi projetado para uso racional de energia, acessibilidade para pessoas com deficiência, com rampas e elevador. Sua fachada é adornada por um Jardim Vertical que procura harmonizar a construção com o paisagismo da flora do Parque Zoobotânico. O Centro também abriga a Reserva Técnica de Museografia, para guarda e conservação dos acervos que serão expostos, e uma oficina de apoio à montagem das exposições.
O Centro Eduardo Galvão é um plano que atravessou gestões de três últimos diretores para ser concretizado. Ana Luisa Albernaz, diretora atual, explicou a importância da obra para a missão do Museu Goeldi ressaltando que a instituição ficou por longo tempo sem espaço adequado para exposições de longa duração. Exposições permitem um acesso mais direto aos conhecimentos gerados e aos acervos científicos sob a guarda do Museu. Uma exposição de longa duração, reunindo acervos de todas as áreas de pesquisa da instituição, não acontecia há quase 20 anos.
Atrações – Em Diversidades, o público encontrará um caminho dividido em cinco módulos: “Origens”, “Espécies”, “Ambientes”, “Culturas” e “Futuros”. Neles, estão integradas peças de diferentes coleções científicas, além de conteúdos interativos, modelos em 3D e trabalhos artísticos que traçam uma linha do tempo da Amazônia, desde a sua formação há milhões de anos, passando pela importância de seus ecossistemas e populações, até chegar no presente, quando precisamos de esforços coletivos para garantir o seu futuro.
De acordo com Fernanda Queiroz, Coordenadora de Museologia do Museu Goeldi, em cada um dos espaços desses módulos, há sempre algo que desperta de imediato a atenção, com curiosidades para todos os gostos. “A mim, chama atenção saber um pouco mais da megafauna que há tempos atrás já viveu por aqui e poder imaginar e experenciar o tamanho desses animais”, exemplifica Fernanda, referindo-se ao painel com o tamanho real de alguns animais extintos do módulo “Origens”, como uma espécie gigante de jacaré, o Purussaurus brasiliensis .
A primeira parte da exposição, “Origens”, traz peças do acervo de paleontologia do Museu Goeldi e mostra algumas das principais transformações ao longo de milhões de anos até que a Amazônia se tornasse o que conhecemos hoje. Já o módulo seguinte, “Espécies”, resgata a árvore da vida para apresentar os diferentes grupos de organismos que encontramos na Amazônia atual e sua enorme variedade de tamanhos, formas e funções, com exemplares de folhas, frutos, insetos e outros seres das coleções de Botânica e Zoologia da instituição. Na sala “Espécies”, Fernanda Queiroz dá como exemplo da diversidade de organismos da Amazônia as amostras de fungos, um reino no qual as espécies variam de microscópica a quilométrica.
Já o módulo chamado “Ambientes”, tem como propósito apresentar a grande diversidade ambiental da Amazônia de maneira mais sensorial, por meio de imagens, mapas e uma experiência imersiva. “Um atrativo sensorial a parte! Uma viagem na floresta de Caxiuanã que me faz sentir até o cheiro da terra molhada, mesmo que na sala não haja cheiro” adianta Fernanda.
O módulo “Culturas” apresenta aspectos culturais e estéticos das populações humanas originárias e tradicionais, do presente e do passado, trazendo peças das coleções de arqueologia e etnografia do Museu Goeldi, como cerâmicas e itens cotidianos e festivos. Os módulos “Espécies” e “Culturas”, são ligados pela imagem de uma animal sob a ótica da arte: uma grande cobra pintada em grafite, de autoria da artista Cely Feliz, inspirada em uma pintura indígena sobre tururi, Tikuna Maguta (AM), que estará compondo o espaço. Já o módulo final, “Futuros”, indica que o porvir ainda está indefinido para a região e convida o público a refletir e imaginar o que será do futuro da Amazônia.
Curiosidade e Esperança – A diretora do Museu Goeldi espera que “a exposição desperte a curiosidade do visitante e a busca por mais conhecimentos. Também esperamos ampliar o entendimento sobre os vários aspectos da diversidade na Amazônia, para contribuir com a valorização da enorme riqueza de formas de vida. Além disso, a exposição pretende possibilitar uma maior compreensão das pesquisas e conhecimentos que vem sendo produzidos na região”. Já para a Coordenadora de Museologia da instituição, Fernanda Queiroz, se pudesse escolher um sentimento para que o público levasse da exposição, ele seria o esperançar, “ou seja, que pratiquemos ações para que possamos ter uma Amazônia viva para as gerações futuras e qualidade de vida sempre”.
Novo Centro de Exposições - Ao custo total de cerca de 5 milhões e 160 mil reais, o Centro de Exposições Eduardo Galvão foi idealizado ainda no ano 2000 e seu projeto arquitetônico desenvolvido pelo escritório do conhecido arquiteto Jorge Derenji (1936-2021). Teve suas obras paralisadas já em estado avançado, em 2011, e agora, concluído, o prédio é um moderno espaço expositivo multiuso com dois andares e cerca de 1850 metros quadrados.
Seu nome é uma homenagem ao antropólogo carioca Eduardo Enéas Gustavo Galvão (1921-1976), um dos responsáveis pela consolidação da Antropologia no Brasil e referência nos estudos de populações indígenas da Amazônia. Foi o primeiro doutor brasileiro em Antropologia na Columbia University (EUA), em 1952, e contribui para a expansão dos estudos em Ciências Humanas no Museu Goeldi, ao assumir sua Divisão de Antropologia em 1955, sendo também seu Diretor entre 1961 e 1962. Contribuiu ainda com outras importantes instituições, como a Universidade Federal do Pará, o Museu do Índio e a Universidade de Brasília.
Texto: Uriel Pinho
Serviço
Exposição “Diversidades Amazônicas”
A partir de 28 de setembro de 2022
Local: Centro de Exposições Eduardo Galvão, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi
Funcionamento de quarta a domingo, das 9h às 14h. Entrada gratuita para todos os visitantes do Parque Zoobotânico (o ingresso do Parque custa R$3, com meia e entrada e gratuidades previstas em lei)