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Museu Goeldi anuncia novidades que irão impactar pesquisa, patrimônio e divulgação da ciência
Agência Museu Goeldi – O pesquisador Nilson Gabas Júnior assumiu a direção do Museu Goeldi no início de 2023 com vários desafios para resolver, mas em especial recuperar infraestrutura do Parque Zoobotânico - um dos mais visitados pontos turísticos, culturais e educativos de Belém - e recompor seu quadro de pessoal - a instituição tem perdido, por aposentadoria ou falecimento, especialistas em todas as áreas de atuação. Em coletiva de imprensa na manhã desta sexta (02) Gabas anunciou quais as prioridades do Museu Goeldi e quais recursos já estão garantidos.
A recuperação da estrutura do mais que centenário Parque Zoobotânico é uma constante reivindicação de milhares de visitantes da instituição, além de providencial para a área turística, cultural e ambiental do estado e de sua capital, Belém.
Com a confirmação da realização em Belém da COP-30, o funcionamento da instituição em sua melhor capacidade de pesquisa, comunicação e educação científica é ainda mais importante. Para Gabas, o evento “vai ser um divisor de águas. O que for definido aqui vai definir o futuro do planeta. Belém estará no centro das discussões e funcionará como sede do MCTI durante a COP-30”.
O Museu Goeldi lidera investigações sobre a biodiversidade amazônica e, apenas no século 21, junto com seus parceiros, já apresentou mais de 789 espécies novas da fauna, flora e fungos. As pesquisas alimentam, como também são municiadas por, 19 coleções científicas principais, que se subdividem em mais de 40 sub-coleções, integradas por mais de 4,5 milhões de itens tombados, entre os quais se destacam ícones da cultura nacional.
Durante a coletiva, Gabas ressaltou a importância da imprensa na cobertura do Museu Goeldi, sua infraestrutura e ações de ciência e educação. “Vocês têm um papel fundamental na transformação das informações que produzimos aqui para o público de Belém, do Pará e do Brasil. Agradeço a sensibilidade”.
Gabas agradeceu ainda a mobilização da bancada paraense a favor da instituição. Estavam presentes na coletiva o Deputado Raimundo Santos (PSD), que presidiu audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados sobre o Museu Goeldi, Jorge Panzera (Presidente do PCdoB-Pará) e Leny Campelo (PCdoB), suplente e representante do Senador Beto Faro (PT), durante a coletiva.
Parque - Gabas Júnior explicou que já tem em caixa os mais de R$ 2 milhões de suplementação garantidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e afirma que “até o ano que vem, garanto pra vocês, o Parque zoobotânico será outro”. Mas o Parque Zoobotânico não é o único foco da instituição, que tem outras duas bases físicas (o Campus de Pesquisa e a Estação Científica Ferreira Penna) e desenvolve mais de 100 projetos de pesquisa. Confira abaixo os recursos garantidos e em negociação para o Museu Goeldi até o final de maio.
Reformas e adaptações – Já estão assegurados, com a suplementação garantidos pelo MCTI, uma série de reformas e adaptações no Parque Zoobotânico. Como prioridade, haverá reforma do ambiente das Onças (R$ 300.000,00), um novo tanque para os Pirarucu (R$ 250.000,00); reforma dos ambientes das Ariranhas (R$ 304.150,31) e dos Macacos (R$ 268.732,26). Haverá ainda as Recuperações do Espaço Educativo Raízes (R$ 500.000,00), da ponte de madeira das Aves Brejeiras (R$ 174.672,93) e a revitalização do Muro, grades e portões do Parque Zoobotânico (R$ 241.761,96).
Com recursos próprios do seu orçamento, o Museu Goeldi garantirá ainda a reforma do prédio histórico do Chalé de sua Diretoria no valor de R$ 600 mil e a reforma do passadiço interno (calçada intertravada) do Parque Zoobotânico no valor de R$ 350 mil.
Captação de Recursos – Para pesquisa e apoio a infraestrutura de divulgação da ciência, o Museu Goeldi estabeleceu parceria com a Companhia das Docas do Pará (CDP), que garantiu recursos no valor de R$ 500 mil para a modernização do Aquário Jacques Huber e a montagem de exposições sobre rios amazônicos. Também com a CDP, o Museu Goeldi tem recursos garantidos (R$ 1 milhão) para, ainda este ano, desenvolver o monitoramento geoambiental das áreas portuárias supervisionadas pela Companhia. Para o próximo ano, mais recursos serão investidos pela CDP no apoio de 7 novos projetos de pesquisa e divulgação da ciência.
Já com a FAPESPA (Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisa do Estado do Pará), o Museu Goeldi articulou recursos (R$ 3,3 milhões) para projeto de avaliação de concessões em florestas estaduais, e que inclui a avaliação de impacto nos serviços ecossistêmicos (que são os serviços naturais fornecidos como manutenção da qualidade do ar, do solo e das águas, regulação do clima, etc) prestados pelas florestas estaduais.
Pessoal – De acordo com o diretor do Museu Goeldi, uma das partes mais sensíveis dentre as necessidades da instituição é a recomposição do seu quadro de especialistas. O MPEG conta atualmente com 170 servidores, 171 bolsistas e 126 terceirizados, e desenvolve cerca de 120 projetos de pesquisa.
O MCTI já tem autorizado um concurso público com 814 vagas de nível superior para todo o Brasil, distribuídas entre as suas 17 unidades de pesquisa, onde se inclui o Museu Goeldi.
Atualmente o Museu Goeldi tem no Sistema Integrado de Administração de Pessoal do Governo Federal (SIAPE) a previsão de 299 servidores, sendo que, dessas vagas, apenas 170 estão ocupadas e 129 encontram-se vagas. O Museu Goeldi solicitou que sejam direcionadas no concurso deste ano 61 vagas para a instituição, correspondentes às 28 vagas de pesquisadores, 15 de tecnologistas e 18 de Analistas de C&T que precisam ser repostas de imediato. O diretor também busca viabilizar a movimentação de pessoal: 14 servidores de outros órgãos para o Museu Goeldi.
Em negociação – Outras prioridades para a instituição ainda estão em busca de recursos. É o caso do Restauro e adaptação do prédio histórico “Casa do Goeldi”, cujo projeto no valor de R$ 4.200.000,00 será submetido ao BNDES.
O Museu Goeldi ainda negocia com o MCTI e o Governo do Estado do Pará os recursos para o restauro do seu prédio histórico principal, a Rocinha do Museu Goeldi, cuja obra tem o valor de R$ 10,6 milhões.
Por meio de emendas parlamentares e negociações com o Ministério das Cidades e a Prefeitura de Belém, o Museu Goeldi requisita $5,8 milhões para a Reforma do Auditório-Teatro Alexandre Rodrigues Ferreira e sua adequação para funcionar como minicentro de convenções. O objetivo é que a estrutura do Museu Goeldi faça parte do Corredor Cultural das Avenidas Magalhães Barata-Nazaré, que se estenderá desde São Braz até o Palacete Faciola, projeto desenvolvido tendo em vista a realização da COP-30 em Belém.
Campus de Pesquisa – Já para o Campus de Pesquisa do Goeldi, base localizada no bairro da Terra Firme, além da recente modernização das estruturas que abrigam coleções e laboratórios, estão previstos a melhoria na infraestrutura dos espaços de convivência para a comunidade técnico-científica e, futuramente, a transformação de salas de aula e auditórios em espaços multimídia, com instalação de equipamentos de transmissão ao vivo.
Texto: Joice Santos e Uriel Pinho
Dados MPEG - O Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG é uma instituição de pesquisas vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). É o segundo instituto de pesquisas mais antigo do ministério – completando 157 anos dia 06 de outubro próximo – e um centro pioneiro nos estudos científicos dos sistemas naturais e socioculturais da Amazônia, bem como na divulgação de conhecimento, organização e manutenção de acervos de referência mundial relacionados à região. Investiga a Floresta Amazônica aglutinando dados das Ciências Humanas, Biológicas, Sociais e da Terra. É o segundo museu mais antigo (o Museu Nacional é o primeiro), um dos maiores e mais populares museus brasileiros, e estimula a apreciação, apropriação e uso do conhecimento científico.
A base física mais antiga da instituição é o Parque Zoobotânico, instalado em 1895. O Parque abriga a coleção viva do Museu Goeldi, hoje com quase 3 mil espécimes de árvores de grande, médio e pequeno porte, arbustos e cipós; além de aproximadamente 4 mil espécimes de mamíferos, aves, quelônios e répteis, incluindo neste conjunto 200 espécimes de peixes. Em seu circuito, os visitantes encontram espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, além de rico acervo de edificações históricas (14), entre prédios e monumentos.
A mais nova atração do Zoobotânico do Goeldi é o Centro de Exposições Eduardo Galvão, com área de 1.800 metros², onde se encontra a exposição de longa duração "Diversidades Amazônicas" e também exposições temporárias, como Arte Rupestre e Realidade Virtual (até o final de maio) e Diásporas - Coleção africana e do Suriname.
O parque do Museu Goeldi é um exemplo bem-sucedido de restauração de uma área anteriormente alterada. É uma floresta plantada em antiga área rural, que hoje se localiza no centro da cidade de Belém. As plantas e animais abrigados na instituição tem bom índice de reprodução, o que atesta o sucesso das equipes de manejo na manutenção da qualidade do espaço. Nos últimos meses foram registrados floradas de diversas espécies botânicas e reproduções de tartarugas, guará, peixes, arraias e cutias.
O parque do Goeldi também é um refúgio para aves, onde estão abrigadas 35 espécies, encaminhadas ao Zoobotânico pelos órgãos ambientais para se recuperarem, após serem vítimas de maus tratos, caça e comércio ilegal e do desmatamento. A média de visitação anual do parque do Museu Goeldi antes da pandemia é de 300 mil pessoas, além de 400 escolas e centros comunitários e mais de 50 mil alunos.