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Museu Goeldi amplia potencial do seu Parque Zoobotânico
Agência Museu Goeldi - Na manhã desta sexta-feira (11), a Centrais Elétricas do Pará - Celpa assinou o contrato com o Programa ProGoeldi , coordenado pelo Instituto Peabiru em parceria como Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), para a realização de obras de revitalização do mais antigo aquário público do país, o Aquário Jacques Huber, que integra o circuito do Parque Zoobotânico da instituição centenária. Com a alocação de 418 mil reais, garantidos pela concessionária de energia, o recurso também apoiará a colocação de uma nova sinalização no Parque Zoobotânico, que recebe cerca de 400 mil pessoas por ano. O projeto de sinalização será desenvolvido pela Mapinguari Design . Todas essas novidades devem ser entregues ao público em maio de 2019.
Aquário – Fundado em 1911, o Aquário Jacques Huber ocupa posição estratégica na divulgação da rica fauna da maior bacia hidrográfica do mundo. As dezenas de espécies em exposição oferecem ao público visitante a chance de conhecer peixes e répteis que marcam a história e a cultura da Amazônia, seja nos hábitos alimentares, rituais, lendas ou que despertam a curiosidade científica. O zoólogo Horácio Higuchi , curador da coleção em exposição no Aquário Jacques Huber, destaca o plantel singular como um diferencial da grande maioria dos aquários públicos. O corpo técnico-científico do Museu Goeldi idealizou o plantel para integrar conhecimentos da Zoologia aos de outras áreas de estudo, como a Antropologia.
Durante seu passeio, o visitante aprende, por exemplo, que a piramboia ( Lepidosiren paradoxa ) é o único peixe pulmonado da América do Sul. Essa espécie teve seu sistema respiratório descrito pelo naturalista Emílio Goeldi. Outras duas espécies de pulmonados foram descobertas no mundo, na África e na Austrália. Esse sistema respiratório, que está na origem dos vertebrados terrestres, permite que a espécie sobreviva em estações de seca. Outra característica da piramboia é seu papel cultural entre índios Xicrin, que a consideram sagrada, o que influencia suas decisões sobre a prática da pesca. É um peixe que usualmente é desconsiderado no uso de aquários domésticos, dada sua aparência pouco atraente.
Outras grandes atrações são o tambaqui ( Colossoma macropomum ) e o tucunaré ( Cichla ocellaris ), peixes que muitas vezes só se conhece prontos para degustação em pratos da culinária regional; a piramutaba ( Branchyplatystoma vaillant ), uma espécie de grande impacto na economia paraense e que se reproduz no Alto Amazonas, informação relevante para orientar a pesca sustentável.
Com os recursos investidos, a Celpa contribui com o Museu Goeldi no aprimoramento da infraestrutura necessária para o funcionamento do Aquário e do Parque. Entre as obras está incluída a construção de um complexo de tanques próprios para receber, cuidar e adaptar os animais para exposição, que além de peixes, conta também com répteis e quelônios. O prédio do Aquário será dotado também de isolamento acústico na área de visitação, que atualmente apresenta uma reverberação que pode ser incômoda aos animais. A melhoria na acústica do prédio trará também maior conforto ao visitante dentro do ambiente.
Horácio Higuchi ressaltou a importância de se garantir o sistema de tanques extra para cerca de 40 espécies aquáticas que inclui setores para maternidade e enfermaria. Esse sistema tem uma série de virtudes, como manter as espécies que chegam ao Parque Zoobotânico e precisam de um tempo de adaptação até sua inserção nos tanques em exposição e avaliação de possíveis enfermidades prejudiciais às demais espécies com as quais entrarão em contato.
“Nem todos os peixes são compatíveis entre si. O poraquê, que é um peixe elétrico, tem que estar sozinho. As piranhas podem chegar a comer umas às outras, se forem de bandos diferentes”, exemplifica Horácio. O curador destaca ainda o comportamento dos acarás. “Quase todos se reproduzem com muita facilidade e é preciso recolher os ovos para que não sejam comidos por outros peixes, às vezes pelos próprios pais”, conta Higuchi.
Exposição e sinalização – Os recursos da Celpa ainda irão viabilizar novas surpresas aos visitantes do Parque Zoobotânico: uma exposição temporária dentro Aquário Jacques Huber irá exibir itens de coleções científicas muitas vezes restritos aos estudos dos pesquisadores.
Além da nova exposição, será atualizada toda a sinalização do Parque, incluindo os elementos de direcionamento e que identificam pontos estratégicos, os de informações botânicas, zoológicas e históricas, e os que advertem sobre as condutas adequadas. O projeto visual da sinalização será desenvolvido pela Mapinguari Design. Segundo a diretora da Mapinguari, Fernanda Martins, a sinalização será o primeiro sistema de aplicação da nova identidade visual da instituição, que vem sendo construída de forma participativa junto à comunidade do Museu Goeldi.
Assinatura do Contrato – Na solenidade de hoje (11), o representante da Celpa, Álvaro Bressan, saudou a parceria como um momento ímpar para a empresa, pelo valor do MPEG como instituição científica, lembrando que a instituição atua com a concessionária em diferentes projetos há cerca de vinte anos.
A Diretora do Museu Goeldi, Ana Luisa Albernaz, por sua vez pontuou que, “além de aprimorar a infraestrutura do Aquário Jacques Huber, no qual serão realizadas obras e adquiridos novos equipamentos para dar maior apoio ao recebimento e à manutenção mais adequada dos animais, a atualização da sinalização no Parque Zoobotânico irá melhorar a experiência dos seus visitantes. O projeto certamente contribuirá para enriquecer a visitação e a educação científica sobre a região amazônica".
Por ocasião da seleção do projeto pelo programa Celpa Mais Desenvolvimento Social, junto a outras sete instituições selecionadas, o presidente da Celpa, Marcos Almeida, lembrou que “um trabalho desse porte incentiva de forma direta o turismo local e contribui fortemente com a cultura local. O Museu Goeldi é um espaço de extrema importância para a cultura mundial e tem um potencial indiscutível para trazer visitantes ao Estado. Afinal, é um pedacinho da nossa rica fauna e flora amazônica bem no centro da cidade. E, sem dúvida, o nosso investimento servirá para dar ainda mais qualidade de vida às espécies do aquário”.
Celpa Mais Desenvolvimento Social – O programa beneficiará instituições localizadas em Belém, Castanhal, Marabá e Santarém, e se responsabilizará por um levantamento socioeconômico de comunidades com populações de baixa renda para realização de cursos profissionalizantes em diversas cidades. No total, o investimento social da empresa será de cerca de R$ 4,5 milhões.
Texto: Erika Morhy