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IBAMA, UFPA e Museu Goeldi montam operação para transporte de filhote de peixe-boi
Agência Museu Goeldi - Um filhote de peixe-mulher (fêmea do peixe-boi) de três meses de idade será transportado no final da tarde desta quarta-feira, 16, de Goianésia do Pará para o campus da UFPA em Castanhal. A viagem faz parte de uma delicada operação para salvar a vida do pequeno animal, batizado de Victoria, e levá-lo ao arquipélago do Marajó, no início de 2016. Participam da ação o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), veterinários da UFPA (Universidade Federal do Pará) e pesquisadores do Grupo de estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia do Museu Paraense Emílio Goeldi (Gemam-MPEG). A viagem deve durar seis horas. O filhote de peixe-boi deve chegar ao campus da UFPA em Castanhal ainda nas primeiras horas desta quinta-feira, 17.
Resgate
- Victoria é um fêmea da espécie
Trichechus inunguis
. Foi achada presa há dois meses, em um braço estreito do rio Capim, na zona rural de Goianésia do Pará. Tinha um mês de vida. Estava sem a mãe e debilitada. Resgatada com a ajuda do Gemam-MPEG, foi levada para um tanque montado na Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Goianésia do Pará. Com a ajuda da prefeitura e de veterinários do município, do Museu Goeldi e da UFPA, foi mantida por esses dois últimos meses com cuidados especiais, numa piscina plástica especialmente montada para que pudesse ganhar peso e fortalecer sua saúde. A alimentação, com a ajuda de mamadeiras, foi feita com leite de soja.
"Victoria hoje está bem. Ganhou peso e agora pode partir para Castanhal, onde a ideia é que fique em outro viveiro, até que possa finalmente ser levada à Ilha do Marajó no início do ano novo", esclareceu a bióloga Renata Emin, pesquisadora que integra a coordenação do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia. O objetivo do Gemam-MPEG é cuidar da filhote de peixe-boi por mais um mês em Castanhal, com a ajuda de veterinários do campus da UFPA, até que ela possa ser levada para outro viveiro, ligado ao Museu Goeldi, em Salvaterra, no arquipélago do Marajó. Quando estiver preparada, Victoria fará mais uma vez o mesmo percurso. Desta vez, partirá do Marajó e retornará a Goianésia, para reencontrar o rio Capim, onde será solta na natureza, novamente, quando tiver dois anos de idade.
Operação especial - A viagem de seis horas da pequena peixe-boi entre Goianésia e Castanhal será cercada de cuidados especiais. Os 438 quilômetros a serem vencidos por estrada serão acompanhados por veterinários. Situada a 335 quilômetros de Belém, Goianésia fica no sudeste paraense, e faz parte da microrregião de Paragominas. O transporte para Castanhal (que fica a 73 quilômetros da capital paraense e está dentro da Região Metropolitana de Belém) será feito em um carro e sem uso de tanques ou piscinas - algo perfeitamente possível para um peixe-boi, desde que haja atenção a alguns detalhes.
Victoria será hidratada o tempo todo pela equipe, com ajuda de gaze molhada com soro fisiológico, para proteger a sua pele. Também será feita a aplicação de soro nos olhos, para evitar que ressequem. "Sempre há um risco nesse tipo de transporte, mas Victoria está muito bem de saúde. Estará bem acompanhada. A grande preocupação, além da hidratação, é manter a temperatura, para que ela não passe nem muito frio, nem calor em excesso. Por isso a viagem foi também preparada para a noite", explica Renata Emin.
"É uma boa notícia a ocorrência de peixes-bois nessa região do rio Capim. Por isso o esforço de se levar o animal para seu ambiente natural após esse período de cuidados", avaliou a pesquisadora, que é mestre em Teoria e Pesquisa do Comportamento e Ecoetologia e doutora em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ, além de fundadora e vice-coordenadora do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos da Amazônia, do Museu Paraense Emílio Goeldi (GEMAM/MPEG).