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Fungos: importantes para o Homem, animais e plantas
Agência Museu Goeldi – Cis amazonicus é o nome da mais nova espécie de besouro da Amazônia, descrita recentemente pelos pesquisadores Cristiano Lopes-Andrade e Vivian Eliana Sandoval-Goméz . Pertencente à família Cis tricornis , o besouro minúsculo (seu comprimento varia entre 0,94 e 1,2 milímetro) foi coletado no Parque Estadual do Utinga, em Belém, pelo pesquisador do Museu Goeldi, Fernando da Silva Carvalho . A descrição da espécie na mais recente edição do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais .
“A espécie é muito pequena, parecendo-se com um grão, a olho nu. Somente os machos possuem as projeções pontudas parecidas com chifres, utilizadas por eles para duelar com machos rivais da mesma espécie. Tanto os espécimes machos quanto fêmeas foram coletados em um cogumelo conhecido como orelha-de-pau, o qual serve de alimento para as larvas e para os adultos destes besouros”, explica Fernando Carvalho, editor científico do Boletim de Ciências Naturais, que junto com sua equipe editorial e de pareceristas foram responsáveis pela regularização da periodicidade do boletim científico ao publicarem 5 edições em 2017.
Fungos – Além de ser o alimento do besouro Cis amazonicus , os fungos são mencionados em diferentes artigos da nova edição do boletim. Salomão Rocha Martim lidera o artigo que apresenta o resultado da análise de seis espécies de fungos produtores de proteases, um grupo de enzimas que possuem alta aplicabilidade no setor industrial de alimentos e detergentes, por exemplo. Os pesquisadores investigaram proteases ácidas produzidas por cogumelos comestíveis da Amazônia, ressaltando o potencial biotecnológico das enzimas.
Atenta ao grande potencial desses micro-organismos na produção de substâncias bioativas, que são compostos com efeitos sobre um organismo vivo, Deyze Alencar Soares e seus colaboradores realizaram uma revisão desses compostos, produzidos por fungos associados a plantas medicinais. Eles vivem nos tecidos vegetais de plantas e por isso são conhecidos como fungos endofíticos.
Voltando sua atenção para áreas de impacto antrópico, assim como matas nativas e matas atingidas por atividades agropecuárias na Amazônia meridional, seis pesquisadores verificaram a quantidade de fungos, bactérias e de arqueas (seres semelhantes às bactérias) encontrados nos solos dessas áreas. Entre os resultados do trabalho liderado por Carolina Hortêncio Malheiros , os cientistas destacaram que a abundância dos micro-organismos varia de acordo com os sistemas de manejo do solo e da vegetação.
Castanha-do-pará – O extrativismo vegetal é um dos esteios das comunidades amazônicas. Nesse cenário, a exploração da castanha-do-pará (também conhecida como castanha-do-brasil) assume papel importante. O estudo de Márcia Nágem Krag e Antônio Cordeiro de Santana analisa a cadeia produtiva dessa castanha na região da Calha Norte no Pará, que abrange os municípios de Alenquer, Almeirim, Curuá, Faro, Monte Alegre, Óbidos, Oriximiná, Prainha e Terra Santa.
Os resultados apontaram as agroindústrias beneficiadoras como os atores centrais da cadeia produtiva e as responsáveis por definir os fluxos da castanha durante a safra, já que determinam o preço do produto. Foram registradas também deficiências entre os elos da cadeia, o que prejudica o desempenho da atividade.
Mineralogia – Sete pesquisadores estudaram a morfologia, mineralogia e a química de artefatos líticos resgatados de sítios arqueológicos da Província Mineral de Carajás, no Pará. Com as análises, o artigo, que tem como primeira autora Heliana Mendes Pantoja , localiza as minas de Alto Bonito, a 40 quilômetros da área de coleta, como o lugar de onde saiu a matéria-prima para a confecção dos artefatos na pré-história da Amazônia.
Risco ambiental – O estuário do rio Sucuriju, no Amapá (AP), foi analisado pelos pesquisadores Diego de Arruda Xavier , Caio Nascimento dos Reis e José Francisco Reis da Silva . O objetivo do artigo foi desenvolver um estudo dos aspectos sedimentológicos e geoquímicos do estuário. Os resultados da pesquisa buscam auxiliar trabalhos sobre vulnerabilidade a risco ambiental, diante de um possível impacto de derrame de óleo na região do Cabo Norte, no Amapá.
Jamanxim - Criada em 2006, a Floresta Nacional do Jamanxim, localizada no município de Novo Progresso, no sudoeste do Pará, é alvo de interesses econômicos e vive a ameaça de ter sua configuração territorial alterada. Liderados por Paula Viegas Pinheiro , sete pesquisadores elaboraram um artigo que analisa como os conflitos vem se desenrolando na região e as medidas que estão sendo tomadas por agentes locais e pelo poder público na redefinição territorial da Floresta Nacional do Jamanxim. Os conflitos e as disputas por território fragilizam severamente a conservação da biodiversidade e do patrimônio natural da Amazônia, alertam os autores do trabalho.
Os artigos do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, assim como as orientações para os autores que desejam submeter trabalhos para as edições de 2018 podem ser acessados aqui .
Texto: Phillippe Sendas.