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Exposição une realidade virtual e a arte rupestre da Amazônia
Agência Museu Goeldi – Com mais de 12 mil anos, alguns dos mais antigos vestígios da presença humana na Amazônia, conhecidos até agora, estão no Parque Estadual Monte Alegre , localizado no Baixo Amazonas, no Pará. São dezenas de desenhos pintados e gravados em rochas, que podem ser encontrados em cavernas ou na beira de rios, marca dos antigos povos que viviam na região. Aliando a inovação tecnológica com o fascinante universo da arqueologia, o Museu Paraense Emílio Goeldi ( MPEG ) e a DDK Digital , com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações ( MCTIC ), inauguram a exposição “Arte rupestre amazônica e realidade virtual”. A abertura é nesta sexta-feira (01), às 10h, no Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna (Rocinha), no Parque Zoobotânico.
Explorando a inovação das tecnologias de interface, entre elas, a realidade virtual e a realidade aumentada, a exposição busca aproximar o público, em especial crianças e jovens, da arte rupestre e da pesquisa arqueológica na Amazônia, com destaque para o patrimônio de Monte Alegre. A mostra tem a curadoria do diretor e roteirista da DDK Digital , Adriano Espínola Filho , responsável também pela criação do projeto; e a consultoria científica dos arqueólogos Edithe Pereira , do Museu Goeldi, e Claide Moraes , da Universidade Federal do Oeste do Pará ( Ufopa ).
“Trazer pra perto das novas gerações, por meio da tecnologia, tema tão importante como a arte rupestre é uma questão-chave nessa exposição. O uso dessas ferramentas acompanha uma tendência mundial e abre os museus para novas experiências. Para mim, é uma alegria realizar esse trabalho numa instituição como o Museu Goeldi, sobretudo pela tradição do trabalho de pesquisa em arqueologia e de difusão e defesa desse patrimônio”, destaca Adriano Espínola, que também é antropólogo.
Exposição – A exposição “Arte rupestre amazônica e realidade virtual” ocupará o Salão Transversal da Rocinha, no Parque Zoobotânico. Totalmente interativa, a mostra vai reunir informações sobre a arte rupestre na Amazônia e sobre as teorias que envolvem a ocupação humana no continente americano. Contudo, o diferencial está na maneira como o público vai ter acesso a esse conhecimento. É aí que entram a realidade virtual e a realidade aumentada.
Com óculos de realidade virtual, a grande experiência da mostra para o público será a visita a uma caverna com desenhos e inscrições rupestres. Para a produção dessas imagens, a equipe visitou cinco sítios do Parque Estadual Monte Alegre, no final de agosto. Além disso, com um tablet, os visitantes vão poder navegar por um mapa, que apresenta, por meio da realidade aumentada, os movimentos migratórios que levaram à ocupação das Américas. Os detalhes da produção vão poder ser conferidos num minidocumentário que também integra a exposição.
Projeto – O Museu Goeldi desenvolve, desde 2012, o projeto Arte rupestre de Monte Alegre: difusão e memória do patrimônio arqueológico , coordenado pela pesquisadora Edithe Pereira . Dedicado à ampla divulgação do conhecimento produzido sobre as pinturas rupestres de Monte Alegre, o projeto alia produção acadêmica, formação de recursos humanos, aplicação do conhecimento, divulgação científica, impacto em políticas públicas, interação com o universo escolar, inclusão social e geração de renda.
Voltada para o público especializado e não especializado, o projeto conta com uma produção densa e diversificada, entre livros, documentários, oficinas, cursos de capacitação, quadrinhos, cartilhas, selos postais e as exposições Visões – A Arte Rupestre de Monte Alegre e Postado! Arqueologia brasileira nos selos , ambas com grande visitação.
“Essa exposição, com a curadoria de Adriano Espínola, converge com os projetos de difusão do patrimônio arqueológico de Monte Alegre, que a gente desenvolve no Museu Goeldi. O objetivo é justamente esse: levar informação pro grande público de uma maneira lúdica e instigante, ainda mais quando traz esse passado por meio de tecnologias que, com certeza, vão chamar muito a atenção das crianças e adolescentes. Se esses jovens são despertados desde cedo sobre esse tema, serão novos aliados que ganharemos na defesa e preservação desse patrimônio arqueológico”, avalia Edithe Pereira, que desde 1989 desenvolve estudos na região.
Parque Monte Alegre – Criado através da Lei Estadual nº 6.412, de 9 de novembro de 2001, o Parque Estadual Monte Alegre é uma das nove Unidades de Conservação de Proteção Integral do Pará e está sob a gestão do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará ( Ideflor-bio ). No Pará, existem mais de 100 sítios arqueológicos registrados com pinturas rupestres e 15 deles estão no Parque de Monte Alegre.
No começo de outubro deste ano, focos de incêndio foram registrados no sítio arqueológico Serra da Lua, um dos mais conhecidos e visitados da região. Apesar de não ter alcançado as pinturas rupestres, o fogo chegou perto e foi impedido de avançar graças à ação imediata de voluntários.
“É importante ressaltar a urgência de Monte Alegre ter uma brigada de incêndio. O município tem um ambiente diferente da maior parte da Amazônia, um ambiente aberto, de cerrado. No período de seca, as queimadas costumam ocorrer e isso coloca em risco todo o patrimônio que a região abriga. O poder público precisa agir o quanto antes nesse sentido”, alerta Edithe.
Texto: Phillippe Sendas
Serviço | Abertura da exposição “Arte rupestre amazônica e a realidade virtual”
Data : 1º de novembro de 2019 (sexta-feira).
Hora : 10h.
Local : Rocinha, Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Av. Magalhães Barata, 376 - São Brás, Belém – PA).