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Direitos dos povos indígenas e sociobiodiversidade: bem-vindos ao Belém+30!
Agência Museu Goeldi – Dando cor e dinâmica para a vida no planeta Terra, a diversidade, fruto de longos e sofisticados processos no tempo, precisa ser defendida e é o tema mobilizador de um grande evento na capital do Pará. Depois de 30 anos, Belém volta a receber o Congresso Internacional de Etnobiologia para discutir os direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais e o uso sustentável da biodiversidade do planeta. Realizado entre os dias 7 e 10 de agosto, o evento ocorrerá no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, com uma extensa programação que também envolve o XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, a IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e a I Feira Mundial da Sociobiodiversidade.
Com 1.600 participantes inscritos e mais de 200 expositores envolvidos nas feiras, a expectativa é que cerca de sete mil pessoas circulem diariamente durante a programação do Congresso. Será um grande encontro de povos indígenas, comunidades tradicionais, pesquisadores brasileiros e estrangeiros, representantes de ONGs e agências de governos e ativistas de diversas partes do mundo. Além de nove mesas redondas, a programação acadêmico-científica contará com 150 sessões de debate e apresentações de trabalhos, 26 minicursos e oficinas, 700 sessões de apresentação de pôsteres e 31 livros serão lançados.
Para mais detalhes sobre a programação, acesse: mesas redondas; sessões organizadas; sessões de pôsteres; sessões temáticas; lançamentos de livros; lista de apresentadores de trabalhos.
Mesas redondas – Incluindo a mesa de abertura que será realizada na terça-feira (7), a partir das 16h30, os debates vão envolver cerca de 50 convidados entre indígenas, quilombolas, ambientalistas, antropólogos, biólogos, botânicos, ecólogos e chefs de cozinha de 13 países: Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos, França, Gabão, Holanda, Índia, Peru, Reino Unido, Rússia, Suriname e Tanzânia.
Os temas de discussão envolvem os impactos e desafios da Declaração de Belém, 30 anos depois de sua elaboração; conhecimentos tradicionais relacionados à biodiversidade; sociobiodiversidade e segurança alimentar; medicina tradicional, biodiversidade e cosmologia; percepções e ações locais no âmbito das mudanças globais; gastronomia e biodiversidade; ecologia histórica e legados humanos na paisagem; manejo e conservação da biodiversidade. Para saber mais sobre dias e horários de cada mesa, acesse o link.
Abertura – A programação de abertura do Belém+30 contará com a presença do reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho; da diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ana Luisa Albernaz; e do secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Alex Fiúza de Melo, além de pesquisadores nacionais e internacionais e de lideranças sociais, como a professora Inaye Guarani, reconhecida pela forte atuação na luta pelos direitos indígenas, especialmente no que diz respeito à demarcação e proteção do território Ñande Ru Marangatu, no município de Antonio João (MS). Indígenas da etnia Kayapó também marcarão presença durante a abertura, com apresentação cultural de música e dança tradicionais.
O professor Flávio Barros, diretor-geral do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares da UFPA (INEAF) e membro da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE) e da Sociedade Internacional de Etnobiologia (ISE), vai presidir a mesa de abertura, que contará, ainda, com Gustavo Soldati, presidente da SBEE; John Richard Stepp, vice-presidente da ISE; Elaine Elisabetsky, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); e William Balée, professor titular no Departamento de Antropologia da Universidade de Tulane (New Orleans, EUA).
Palestrantes – Reconhecido internacionalmente pela luta em prol do meio ambiente e dos povos da floresta, o cacique Raoni Metuktir, uma das maiores lideranças indígenas do Brasil, será um dos palestrantes.
O evento também vai contar com outras importantes participações como: Inaye Guarani, professora indígena e liderança do povo Kaiowa; Verna Pepeyla Miller, presidente da Sociedade Internacional de Etnobiologia; Ghillean Tolmie Prance, um dos maiores especialistas em botânica do mundo, que liderou expedições botânicas na Amazônia e já foi diretor do Kew Gardens (Inglaterra).
Participam ainda dos debates Kamainja Panashekung, xamã sênior da etnia Waiwai (Suriname); Alberto Manqueriapa, curandeiro que luta para ajudar os povos andinos e amazônicos a reviverem sua sabedoria ecológica tradicional, atuando na ONG Puma Peru; Mark Plotkin, presidente da Amazon Conservation Team; Dona Brazi, indígena baré com reconhecido saber e atuação na cozinha tradicional amazônica.
Feira Mundial de Sociobiodiversidade – Vai reunir representantes de populações tradicionais do Brasil e do mundo que irão expor produtos da sociobiodiversidade, cultura alimentar e gastronomia da Amazônia. Os estandes vão promover a divulgação e comércio dos produtos dos povos e comunidades tradicionais. Na área denominada Cultura Alimentar e Gastronomia, os visitantes vão ter a oportunidade de degustar a culinária regional e entender as formas de alimentação saudável, a partir de práticas de manejo sustentável e economia solidária. Além disso, o público vai poder participar do festival intercultural, com apresentações musicais, de dança, teatro e outras manifestações. Leia mais sobre a Feira Mundial de Sociobiodiversidade.
Programação infantil – As crianças também terão espaço garantido no Belém+30. Além de toda a programação da IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, os pequenos vão poder aproveitar e se divertir no Etnozito, um espaço para reunir crianças de todos os povos e etnias que estarão presentes no Belém+30. Paralela à programação do evento, será um momento de descontração e aprendizagem mútuas, facilitadas por estudantes de diversos cursos e artistas paraenses, sob a coordenação do Grupo de Estudos Socioambientais Costeiros (ESAC), vinculado à Universidade Federal do Pará.
Realização – O Belém+30 é promovido pela Sociedade Internacional de Etnobiologia (ISE) e a Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE). Em Belém, a organização é da Universidade Federal do Pará (UFPA), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), em parceria com diversas outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil e de vários países.
Declaração de Belém – O primeiro Congresso Internacional de Etnobiologia foi realizado em Belém, em 1988, organizado pelo falecido antropólogo e biólogo americano Darrell Posey (pesquisador do Museu Goeldi, cujo legado é tema de exposição). O evento levou à criação da Sociedade Internacional de Etnobiologia (ISE) e estabeleceu a Declaração de Belém, documento pioneiro que afirmou a conexão entre as populações tradicionais e a biodiversidade, contribuindo para a formulação do Artigo 8j da Convenção sobre a Diversidade Biológica, durante a ECO-92.
“A Declaração de Belém, inclusive, teve influência em alguns artigos da Convenção da Diversidade Biológica, um documento que muitos países assinaram, sobre essa questão dos direitos dos povos tradicionais. Portanto, a Declaração é uma espécie de regimento a ser seguido e observado com afinco pelos pesquisadores. A gente sabe que as leis, hoje, estão cada vez mais sendo reformatadas no sentido de condicionar essas comunidades tradicionais, que são detentoras desse conhecimento sobre a biodiversidade”, afirma o professor Flávio Barros.
Serviço | Belém+30: XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e I Feira Mundial de Sociobiodiversidade
Data: 7 a 10 de agosto de 2018.
Local: Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia (Av. Dr. Freitas, s/n - Marco, Belém – PA).
Para mais informações, acesse o site do evento.