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Notícias
- Foto: Pedro P. F. Oliva
Agência Museu Goeldi - As florestas são fundamentais para a manutenção da vida na Terra. Elas desempenham um papel essencial na conservação da sociobiodiversidade, fornecendo diversos serviços ecossistêmicos, alimentos, frutas, sementes, água potável, regula o clima, sequestra e armazena carbono, faz contenção do solo, favorece a polinização, o controle de doenças e pragas, entre outros benefícios para a população humana.
Mas a crescente perda de cobertura florestal ao redor do mundo e o aumento da emissão de carbono na atmosfera são alguns dos principais fatores que levam às mudanças climáticas, gerando o aumento da temperatura do planeta e ocasionando eventos climáticos extremos, como as enchentes e secas severas.
O biólogo e pesquisador do Museu Goeldi Leandro Valle Ferreira, explica esse processo. “As florestas são importantes para o controle do ciclo climático do planeta, pois exportam para a atmosfera grande parte do vapor d'água que é transformado em nuvens, ou seja, são fundamentais para o ciclo da água. As mudanças climáticas estão sendo agravadas pelo desmatamento dos ecossistemas florestais, pois as árvores e outros tipos de vegetações acumulam carbono em troncos, ramos, folhas e raízes que são transformados em dióxido de carbono (C02) quando queimadas. O dióxido de carbono é um dos principais gases do efeito estufa, contribuindo para o aquecimento do planeta. O Brasil, infelizmente, é um dos países que mais contribui com esse tipo de emissão”.
Em Belém, os efeitos das mudanças climáticas já não passam despercebidos pela população. O desconforto térmico e a falta de chuvas afetam a vida dos moradores da cidade e das ilhas, além de desfavorecer a produção de alimentos e outras atividades agrícolas e extrativistas.
E os moradores da capital do Pará precisam ficar alertas: de acordo com um estudo lançado em 2023 pela ONG CarbonPlan e The Washington Post, Belém será o centro urbano mais quente do mundo até 2050. Parte do problema está na falta de áreas verdes arborizadas distribuídas pela cidade, incluindo as periferias. O cenário, perigoso para todos, mas que agrava mais as condições de vida da população social e economicamente vulnerável, demanda do poder público e da esfera privada políticas públicas de ampliação da arborização urbana, conservação e restauro das áreas de mata da Região Metropolitana de Belém.
Diante desse cenário, o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) cumpre um papel fundamental: além de protagonista nas pesquisas científicas sobre a flora amazônica, é também um exemplo de conservação e restauração vegetal na área central do espaço urbano de Belém.
Resistência cultural e climática - O Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, localizado no centro de Belém, abriga mais de 500 espécies vegetais da flora amazônica, incluindo árvores de grande, médio e pequeno porte, além de mais de 100 espécies animais - nesse pequeno universo de diversidade convivem, interagem e reproduzem cerca de 2.500 plantas e 3 mil animais, entre aves, mamíferos, répteis e peixes.
O Parque e as ações educativas e culturais realizadas nele pelo Museu Goeldi estão intrinsecamente relacionadas com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS 3 ) - Saúde e bem-estar, que visa “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades”.
Com uma área verde de 5,2 hectares, o Parque do Museu Goeldi é uma experiência concreta de restauração vegetal, conservação e manejo da biodiversidade amazônica, além de ser um espaço de fomento à cultura e ao lazer alinhados com a ciência. O logradouro situado no bairro de São Brás da capital paraense faz parte do cenário cultural e da memória afetiva dos moradores e visitantes da cidade há 129 anos.
Os serviços ecossistêmicos prestados pelo Parque Zoobotânico são vários, entre eles a regulação do clima local, a melhora na qualidade do ar e os serviços culturais. Com funcionamento de quarta à domingo, das 9h às 13h, com ingressos a R$3,00 e gratuidades e meio ingresso na forma da lei, o Museu Goeldi é uma das principais opções de lazer das famílias de Belém, chegando a receber em média 300 mil pessoas anualmente.
Influência nos hábitos culturais - Dados da pesquisa “Cultura nas Capitais”, lançada em fevereiro pela empresa JLeiva Cultura & Esporte e Ministério da Cultura mostram que Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) está entre os espaços culturais mais conhecidos pelos belenenses, ao lado do Theatro da Paz e da Estação das Docas, com mais de 90% de reconhecimento entre os entrevistados.
Com relação à atividade cultural “visita a museus e exposições”, o MPEG é a instituição mais citada na pesquisa como o último espaço visitado por aqueles que participaram de exposições e mostras artísticas na cidade. Ao todo, foram citadas 41 museus ou exposições.
“Saber que o Goeldi foi o local mais citado entre os frequentadores de exposições e mostras em Belém evidencia que a sociedade reconhece e valoriza o esforço coletivo de aproximar os saberes científicos do cotidiano, de forma acessível e envolvente”, destaca Karol Gillet, Coordenadora substituta de Museologia do MPEG.
Esses dados reforçam a importância do Museu Goeldi como um ponto de resistência cultural e científica que, por décadas, tem permanecido uma referência essencial para a cultura e a identidade do Pará.
Pau-Amarelo - Em comemoração ao Dia da Árvore nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, instituído desde 1965, todo ano a equipe da flora do Zoobotânico homenageia uma espécie amazônica em particular, chamando atenção para particularidades, benefícios e fatores que ameaçam sua existência. Em 2025, a árvore celebrada é o Pau-Amarelo.
O nome científico é Euxylophora paraensis Huber, da família botânica Rutaceae. É nativa da Amazônia com registros de coleta nos estados do Amazonas, Rondônia, Pará, Maranhão e Tocantins.
De grande porte, o Pau-Amarelo atinge de 40 a 50m de altura, tem um tronco distinguido por uma casca com placas escamosas, as folhas agrupadas e flores no final dos ramos com cinco pétalas amarelo-claros ou creme.
Sua madeira é muito pesada e de boa qualidade, sendo muito durável em contato com o solo, podendo ser empregada na produção de móveis, bengalas e cabos de ferramentas, utilizada em trabalhos de assoalhos, construção civil pesada interna, embarcações (quilha, convés, costado), pontes, construções marítimas (acima d’água) e torneamento.
Com o alto índice de exploração devido ao elevado valor comercial da madeira, sofreu redução populacional sendo potencialmente suscetível aos impactos da exploração constando atualmente na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) das espécies ameaçadas como em risco de extinção.
Texto: Denise Salomão
Edição: Joice Santos