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Desmatamento na Amazônia maranhense é de 75%, denunciam pesquisadores
Agência Museu Goeldi – Pesquisadores confirmam que, atualmente, 75% da floresta amazônica no Maranhão já foi desmatada, um violento processo que provoca graves danos sociais, econômicos e ambientais. Dados e conclusões foram publicadas recentemente em artigo na revista científica internacional Land Use Policy. Os cientistas destacam que, para garantir a sustentabilidade econômica e o desenvolvimento social a longo prazo, o governo do Maranhão precisa urgentemente criar mecanismos para proteger suas florestas, promover agricultura sem-fogo e estabelecer uma política de restauração florestal.
A Região Amazônica registra frequentes violações dos direitos humanos, associadas ao desmatamento, como casos de trabalho escravo, conflitos por terra e assassinatos de camponeses e indígenas. O estado do Maranhão não foge desse quadro. Situado na fronteira do bioma amazônico, integrando a região da Amazônia Legal, o Maranhão também registra níveis recordes de queimadas, enfrenta escassez de água e detém os piores indicadores sociais e econômicos do Brasil, sendo considerado atualmente o estado mais pobre do pais.
Pesquisadora do Museu Emílio Goeldi, ex-coordenadora do Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio Amazônia Oriental e representante da instituição na Aliança pela Restauração da Amazônia, Dra. Marlucia Martins, há anos é uma das vozes que destaca o risco que o cenário explosivo impõe à natureza da região. “A Amazônia maranhense detém uma diversidade biológica riquíssima, que inclui muitas espécies endêmicas ameaçadas de extinção”, alerta Marlucia, que está entre os 14 cientistas que assinam o artigo publicado na Land Use Policy. A perda da biodiversidade afeta severamente os serviços ecossistêmicos prestados pelas florestas, atingindo a produção rural e a qualidade de vida. Os cientistas ainda apontam que áreas protegidas, como Unidades de Conservação e Terras Indígenas, estão sendo constantemente ameaçadas pelo desmatamento ilegal.
Na discussão sobre o zoneamento ecológico-econômico do estado alguns segmentos e parlamentares do Maranhão tem buscado mecanismos legais para diminuir ainda mais a cobertura florestal, assumindo posições que contrariam os compromissos internacionais para combater o desmatamento e restaurar florestas assumidos pelo Brasil durante a COP-21, em Paris.
Nos dias de hoje, cerca de 770 quilômetros quadrados de florestas nas propriedades rurais do estado ainda estão disponíveis para o desmatamento legal, área equivalente à cidade de Nova York. Mas, a Rede para a Conservação da Amazônia Maranhense defende que o estado do Maranhão precisa urgentemente estabelecer uma política de Desmatamento Zero e, em conjunto com as forças federais, combater a violência e os crimes ambientais na região.
Rede para a Conservação da Amazônia Maranhense – A Rede para a Conservação da Amazônia Maranhense é uma rede multi-institucional de pesquisadores criada em 2015. Segundo a Rede, para ter viabilidade socioeconômica e justiça ambiental, o estado do Maranhão precisa dar um gigantesco passo em sua porção amazônica para garantir a proteção da vida humana e dos recursos naturais. Para garantir a sustentabilidade econômica a longo prazo, os pesquisadores recomendam aos atuais gestores do Maranhão, que o estado busque zerar o desmatamento, proteja legalmente as florestas secundárias, adote práticas de agricultura sem fogo e estabeleça uma política de restauração florestal.
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