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Descobertas e brincadeiras em expedição pelo Museu
Agência Museu Goeldi – Em uma manhã de céu azul e sem nuvens, típica do verão amazônico, dezenas de crianças embarcaram em uma expedição. O lugar a ser desbravado foi o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi. Seus 5,4 hectares de verde no centro de Belém são delimitados por grandes avenidas e abertos para o conhecimento sobre a Amazônia. Um espaço cheio de mistérios, percorrido pelo público há 122 anos. A terceira edição da Expedição de Férias do Museu Goeldi ocorreu entre os dias 3 e 6 de julho, envolvendo 70 crianças em jogos, visitas guiadas, gincanas e muito aprendizado. A promoção foi da Associação dos Servidores (ASCON) e do Serviço de Educação (SEEDU) da instituição.
Os educadores do Museu Goeldi desenvolveram uma programação para falar sobre a natureza e culturas amazônicas, mas também sobre amizade, trabalho em equipe e a ligação fundamental entre as diversas formas de vida. De acordo com a idade, sete dezenas de crianças foram divididas em duas equipes, que levam o nome de animais famosos da região: a Equipe Jiboia ( Boa constrictor ), para crianças de seis a oito anos; e a Equipe Sucuri ( Eunectes murinus ), para as crianças de nove a 11 anos.
Animais - Danilo Pontes, de oito anos, participa da Expedição de Férias desde sua primeira edição, e destaca as novidades que vivenciou esse ano: “Da última vez eu não tinha alimentado o peixe. Gostei muito de alimentar os patinhos também, porque eles são fofos”. Danilo também estava muito animado com os bastidores do Museu Goeldi: “Esse lugar é bem legal. Ainda mais que, se você fizer colônia de férias, você pode ir pra veterinária onde as outras pessoas não podem entrar!”, diz orgulhoso.
As crianças conheceram como funciona o Parque Zoobotânico do Goeldi. Viram onde é feita a nutrição. Aprenderam os cuidados no trato dos animais. Fizeram também trilhas e vivências com a natureza do Parque, além de brincarem em gincanas como “Caça ao Tesouro” e “Quem sabe mais na floresta”. A Expedição de Férias teve ainda contação de histórias, visita ao aquário e às exposições, exibição de curtas de animação, oficinas de resíduos recicláveis, atividades de pintura, jogos educativos e várias outras atividades.
Mateus, de oito anos, participou pela segunda vez da Expedição de Férias e percebeu algumas diferenças em relação à edição passada: “A caça ao tesouro do ano passado foi mais fácil, esse ano foi mais difícil, pra tornar a brincadeira mais legal”. Ele deixa claro também que o aprendizado não foi só sobre a natureza amazônica, mas sobre trabalho em equipe e solidariedade “Aprendi que a gente é uma teia de aranha, todo mundo se torna uma teia de aranha, se a gente arrancar um pedaço da teia de aranha, cai tudo!” explica.
Teia - É o que também diz Fernando Cardoso, de 11 anos. A atividade que ele mais gostou foi a “teia da vida”, que fez com que as crianças se apresentassem e se integrassem umas às outras: “A expedição de férias é pra fazer amizades, conhecer os outros, dizer seus sentimentos. Ano que vem queria vir como inspetor”, planeja, já pensando em ajudar na orientação das atividades do próximo ano.
Iasmin Sousa, de oito anos, por sua vez, também gostou muito da visita ao setor de veterinária para alimentar os animais, assim como a maioria das crianças. “Gosto de ver eles comendo comidas saudáveis. Quando um bicho morre, não é legal. Gosto dos animais, dos monitores, e gosto desse espaço todo, gosto de tudo”. A animação de Iasmin não arrefece nem com o último dia de atividades. “Fiz cartas para cada um dos monitores esse ano. Ano que vem eu vou participar, então agora não vai ser tão triste”, explica, se referindo às despedidas.
Natureza – Os pais das crianças participantes também ficaram muito satisfeitos com as atividades. Ana Carla Araújo da Silva, é mãe da Caroline da Silva Costa, de 11 anos, que participa pela primeira vez da expedição. Ela conta que a filha se identifica muito com temas ligados ao meio ambiente, pois recebe muito incentivo da família: o avô é botânico, o irmão entomologista e o tio engenheiro florestal. Sobre a Expedição de Férias, Ana Carla diz que deseja que “todas as mães e suas crianças tenham a oportunidade de participar. Porque a interação com a natureza, o conhecimento, a noção de preservação, são muito importantes para que as crianças conheçam mais um pouquinho da Amazônia, porque isso aqui é um pedaço da Amazônia preservado”, afirma.
Já Marcos Rodrigues Marcolino conta que seu filho, Elias do Nascimento Santos Marcolino, de oito anos, reagiu muito positivamente a todas as atividades, compartilhando em casa as brincadeiras e histórias que ouviu no Museu Goeldi. “Estou muito satisfeito, sentindo ele muito animado, já olha as plantas com outro pensamento, com mais carinho pela natureza, pelos animais. Acho isso muito importante, principalmente para crianças que às vezes moram em apartamento, às vezes só vão de casa pra escola, da escola pra casa”, opina Marcos.
Aprendizado – De acordo com Hilma Guedes, educadora do Museu Goeldi e coordenadora da Expedição de Férias, o objetivo da atividade é fazer do Museu Goeldi um espaço de descobertas, brincadeiras e aprendizados com a natureza. “Acho que estamos no caminho certo, formando pessoas sensíveis com a causa amazônica desde pequenos”, pontua Hilma.
E a transformação acontece não apenas com as crianças, mas entre os 18 monitores envolvidos na Expedição de Férias. Muitos deles profissionais com longa experiência, mas outros em diferentes níveis de formação, como é o caso de Marcelo Dias Batista, estudante do Ensino Médio da Escola Mário Barbosa e estagiário da Coleção Didática do Museu Goeldi. Marcelo está em seu primeiro ano de estágio e participa da expedição como monitor pela primeira vez.
“É bem gratificante trabalhar com criança. Hoje é o último dia e muitas crianças já me deram muitos presentes, como desenhos, identificando como elas gostaram de mim”, diz Marcelo com certa timidez. O estudante nunca tinha participado de nenhuma atividade parecida e avalia que se saiu bem. “Consegui gravar vários nomes, o que é bem difícil”, sorri ele, que pretende fazer vestibular para cursar Direito, e espera participar também da próxima expedição.
Ao final do evento, todos os participantes se reuniram no Auditório Domingos Soares Ferreira Penna, no Parque Zoobotânico, para a entrega de certificados e medalhas, registrando mais uma vez a participação nessa pequena grande expedição de quatro dias pela natureza e conhecimentos acerca da Amazônia, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi.
Texto: Uriel Pinho.