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Cuidados de verão com animais e plantas no Zoobotânico do Goeldi
Agência Museu Goeldi – Estação marcada por temperaturas elevadas, o verão amazônico demanda cuidados especiais. Nesse período de calor intenso e menos chuvas, a equipe técnica do Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi aproveita o sombreamento natural da vegetação – o que garante três graus a menos no interior do logradouro – e adota técnicas adequadas para que animais e plantas desfrutem de um clima mais agradável.
As técnicas de enriquecimento ambiental são estratégias constantes para garantir o bem-estar animal no Parque. Elas proporcionam aos animais a quebra da rotina diária, além de melhorar a sua condição física e psicológica. Todavia, na época de calor mais intenso, essas técnicas são aprimoradas ao agregar itens alimentares gelados e novos odores.
“Reforçando o enriquecimento ambiental nessa época do ano, o Museu Goeldi passa uma mensagem mais interessante, que é refrigerar os animais e assegurar um bem-estar maior”, esclarece o veterinário Antônio Messias Costa. “Ver os animais se ocupando com situações agradáveis em ambientes de exposição também é motivo de alegria para o visitante do Parque”, acrescenta Messias.
Enriquecimento ambiental – O propósito do enriquecimento é dificultar o acesso do animal a um tipo de recompensa. Diferentes técnicas e equipamentos são adequados a cada grupo para se obter os efeitos desejados. Alimentos e odores diferenciados são os principais agentes motivadores. Para a onça pintada ( Panthera onca ) são criados platôs móveis onde o animal deve se equilibrar para alcançar um pedaço de carne, que também pode ser oferecida incrustrada em gelo. Para os macacos coatá-da-testa-branca ( Ateles marginatus ) foram construídos tambores perfurados, contendo frutas, que, ao serem pendurados em seu ambiente, geram uma divertida “competição” no grupo para a retirada desses prêmios cobiçados. No caso das ariranhas ( Pteronura brasiliensis ), são oferecidos peixes incrustrados em gelo, iguaria bastante desejada pela Pupunha e pela Castanha, como são chamadas as espécies que habitam o Parque do Museu Goeldi.
Além das novidades, os animais do Museu Goeldi dispõem de tanques em seus ambientes para banhos refrescantes. Mas, nem todo bicho gosta de tomar banhos e é importante compreender que cada animal tem uma individualidade, bastante manifestada mesmo quando mantidos em ambientes de exposição pública.
As diferentes estratégias de enriquecimento ambiental estimulam os animais, divertem o público visitante e geram muito material de observação para a equipe técnica do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi sobre como aperfeiçoar o manejo ex-situ .
E este é o caso da estagiária Adonis Martins Oliveira, bastante envolvida com o enriquecimento ambiental dos animais, e que começou a criar para eles totens de papel com aparência de bichos, que são recheados de gramíneas com acesso dificultado. Os totens geram um divertimento de rápida duração para os animais, contudo, para a estagiária, fica o prazer da diversão com sua clientela e o aprendizado obtido no acompanhamento do resultado.
Um aspecto a ser observado no processo de enriquecimento ambiental é a interação entre os animais e os equipamentos artesanais criados especialmente para cada um deles. O equipamento pode ser um grande tambor com canais de acesso a frutas, ou ter a forma de uma tartaruga, que demande o exercício da musculatura e estimule o brincar. “O importante é propiciar aos animais meios diferentes de estímulo aos seus comportamentos naturais. O bem-estar animal envolve a ocupação, a alimentação que ele vai procurar e os tanques para se refrigerar. Com os equipamentos do enriquecimento, o animal quebra a sua rotina com o que não conhece e que vai fazer bem a ele”, explica Messias.
Brincadeiras – As estratégias empregadas para promover “as brincadeiras” no ambiente dos animais consideram as peculiaridades dos bichos. Durante o verão, por exemplo, aos macacos são oferecidos picolés produzidos com suco de frutas, que funciona como um ótimo método para aliviar o calor dos animais. São picolés preparados por especialistas da instituição e não contém aditivos ou açúcar.
As onças exigem técnicas diferenciadas, inclusive por seu porte físico. A equipe de fauna do Parque do Museu Goeldi opta por atividades que explorem seu potencial muscular, pendurando alimentos em cordas apropriadas e gaiolas suspensas no seu ambiente, ou ainda promovendo uma forma de brincadeira de esconde-esconde, para que elas busquem os alimentos e exercitem o olfato.
Flora – As plantas do Parque também são bastante afetadas pelo aumento da temperatura nesta época do ano. Entre as que mais sofrem estão as espécies de sub-bosque e herbáceas, como as aráceas e marantáceas, entre outras. A principal medida adotada para garantir a saúde das plantas é a intensificação da irrigação, aliada ao acúmulo de folhas no solo. “A gente evita tirar muita folha de dentro dos canteiros, porque elas retêm água e matéria orgânica e tudo isso possibilita fixar mais água no solo, o que é bom”, explica Hedayson Rogério Barros, agrônomo e técnico do Museu Goeldi.
Por isso, atenção! Folhas no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi não é sujeira. Elas são essenciais durante o verão. “Quanto mais você tirar folhas de dentro do canteiro, menos nutrientes você está disponibilizando para essa vegetação, mais ela vai sofrer quando chegar o período seco, mais suscetível ficará a fitopatologias (doenças) e mais as pontas vão ficar amareladas”, alerta Rogério.
A presença das folhas no solo durante o verão é vital para o bem-estar das plantas. Isso porque, além de impedir a rápida evaporação da água dos solos, elas também podem ser ricas fontes de nutrientes. O benefício para as plantas ocorre após as folhas serem molhadas e conforme secam. Elas, então, são incorporadas ao solo, alterando a estrutura física e a microfauna existente deste, propiciando o melhor desenvolvimento das plantas.
Irrigação no plantio – O clima mais quente exige ainda atenção especial na atividade de plantio. Quando se planta uma muda, é necessária uma frequência de irrigação maior do que a realizada em outras plantas mais antigas, já que a vegetação fica mais sensível após a retirada do vaso ou do saco para ser transferida ao solo. “Você tem que estar molhando mais, até ela ´pegar´. Depois disso, ela se adapta à luz, à temperatura do local e ao novo tipo de solo; as raízes aumentam e se expandem. É quando a planta já consegue sobreviver no campo”, afirma Rogério.
Por conta dessa necessidade maior de água, a plantação costuma ser evitada durante o verão, sendo preferível o inverno, para que a planta tenha mais chances de sucesso na adaptação.
Para quem tem plantas em casa, é importante lembrar que cada situação deve considerar o tipo de vegetação com que se está lidando (hortas, plantas medicinais, ornamentais, etc.). Mas uma recomendação é a mesma: durante o período seco, é preciso disponibilizar água.
Texto: Karolainy Lima e Karolina Pavão