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Conhecimento é luz no estande do Museu Goeldi na 67ª Reunião da SBPC
Agência Museu Goeldi - O ano de 2015 foi proclamado pela Organização das Nações Unidas como Ano Internacional da Luz . A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) celebra o acontecimento em sua 67ª Reunião Anual , que tem o tema “Luz, Ciência e Ação”. O evento será realizado de 12 a 18 de julho na Universidade Federal de São Carlos, em São Paulo.
O Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG , instituição científica vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI , participará da Reunião apresentando seu modus operandi através de três projetos de zoologia, arqueologia e geociências na ExpoT&C . São contribuições para o progresso da ciência e da tecnologia que visam o desenvolvimento das populações amazônicas.
Ordenamento pesqueiro – Ronaldo Barthem é um zoólogo dedicado a biologia e a ecologia das espécies de água doce de interesse do setor pesqueiro na Amazônia. Sua pesquisa sobre os grandes bagres migratórios da Amazônia permitiu entender o ciclo de vida desses peixes, acompanhando especialmente a rota da piramutaba ( Brachyplatystoma vailantii ) no Rio Amazonas. Barthem identificou tres áreas para momentos chaves: a reprodução, o crescimento e a maturação sexual.
Assim foi descoberto que os adultos desovam na cabeceira do rio; os alevinos são arrastados pela correnteza até o estuário; os filhotes se desenvolvem no estuário, ali crescem e migram rio acima, passam pela área de maturação sexual e atingem a cabeceira, dando início à próxima geração. E, dessa maneira, os grandes bagres amazônicos podem percorrer até 7 mil quilômetros para se reproduzir.
Algumas atividades humanas podem ameaçar esse ciclo e comprometer toda a cadeia econômica relacionada a vida desses peixes – a piramutaba é a terceira espécie mais exportada do Brasil. A construção de hidrelétricas sem eclusas (escadas de peixes) que impedem a subida pelo rio e pescar os espécimes antes da fase reprodutiva, são ameaças aos estoques pesqueiros.
Os estudos científicos colaboram com o ordenamento pesqueiro informando quando e onde se deve pescar o peixe, os períodos em que a pesca deve ser evitada (defeso), o tamanho mínimo para captura, além de orientar os pescadores como distinguir espécimes adultos e jovens.
Valorização do patrimônio – Desde os anos 80 quando visitou os sítios de arte rupestre localizados no município de Monte Alegre, no estado do Pará, a arqueóloga Edithe Pereira ficou fascinada pela beleza do cenário e as questões intrigantes daquele que é um dos mais famosos sítios da América do Sul. E foi ali que ela decidiu dedicar-se a um assunto considerado até então periférico para a arqueologia brasileira – as gravuras e pinturas rupestres.
O Museu Goeldi, após décadas de estudos na região, coordenou uma equipe multidisciplinar que levantou os dados necessários para a criação do Parque Estadual de Monte Alegre, que hoje protege mais de 3.600 hectares de serras, vales, formações rochosas e cavernas que contem um rico acervo de pinturas e gravuras rupestres, bem como material cerâmico como os estudos recentes de Edithe comprovam.
Visando a conservação e difusão do patrimônio arqueológico daquela área, a arqueóloga, com o apoio da Sociedade de Arqueologia Brasileira - SAB , desenvolveu o projeto “Divulgação do patrimônio arqueológico em Monte Alegre, Pará” . O projeto aliou a pesquisa científica às artes e à difusão em produtos impressos e multimídias, integrou a visão da arqueóloga ao de um aquarelista, de um poeta, um cineasta, educadores, museólogos, comunicadores e artesãos.
E como resultado gerou uma série de produtos: exposições em Monte Alegre e Belém, dois livros , um documentário , uma série de vídeos de bolso com entrevistas e reportagens, uma série especial de aquarelas, um selo postal , oficinas de educação, Kit educativo , edição especial do jornal Destaque Amazônia , fomentou a criação de uma história em quadrinhos e de uma cooperativa de artesãos dedicados a divulgar o patrimônio arqueológico amazônico e uma série de artesanatos de divulgação do patrimônio de Monte Alegre.
Cartas de Sensibilidade Ambiental – Ao olhar para o mapa da Amazônia você só enxerga florestas? Amplie sua visão, pois no bioma amazônico também tem mar. A Costa Amazônica é uma faixa de mil quilômetros do Amapá, passando pelo Pará e chegando no Maranhão. Ela avança 400 km mar adentro. Nessa faixa costeira podem ocorrer acidentes com derramamentos de derivados de petróleo.
Mapas conhecidos como cartas SAO (Sensibilidade Ambiental a derrame de Óleo) ajudam a planejar respostas a acidentes costeiros que envolvam derramamento de derivados de petróleo (óleo, gasolina, querosene, etc). Quando acontece um acidente desses, é preciso proteger os hábitats e as sociedades humanas dos locais atingidos.
As Cartas SAO ajudam a identificar áreas prioritárias de proteção em caso de acidentes costeiros com derramamento de óleo, visando menor impacto às sociedades humanas atingidas na zona costeira amazônica.
O Programa de Estudos Costeiros (PEC) desenvolve várias atividades como foco na área costeira amazônica e mantém uma equipe multidisciplinar para entender os diferentes aspectos dessa costa singular. O geólogo Amílcar Mendes é um desses pesquisadores. Ele analisa esse universo desde a década de 90 e atualmente faz parte da rede de pesquisa envolvida com o projeto “Cartas SÃO (Sensibilidade Ambiental a derrame de Óleo) na costa amazônica”. Além do Museu Goeldi, estão envolvidos no projeto as seguintes instituições: IEPA , UFPA , SEMA/PA , UNIFAP , MDA/AP , UFBA , UFRB
Os mapas também contribuem para o planejamento ambiental destas áreas, fornecendo importantes informações técnicas. O que podemos encontrar em uma Carta SAO? Informações sobre sensibilidade ao óleo dos ambientes do litoral, recursos biológicos sensíveis na área da carta, atividades socioeconômicas que podem ser afetadas pelo acidente e recursos para a implementação de ações de resposta (estradas de acesso, infraestrutura para veículos, padrões de circulação da água do mar, potenciais fontes de poluição).
Assista ao vídeo com o resumo dos três projetos clicando aqui .
Educação – Uma comitiva com quatro educadores do Museu Goeldi participará do estande da ExpoT&C e do “Circo da Ciência” apresentando as ações educativas da instituição. No Circo da Ciência, a principal atração será o “Programa Natureza”, que, através do teatro e da brincadeira, leva ciência e arte às crianças. Alcemir Aires, arte-educador, dá vida ao macaco Ximbica, um dos principais personagens do Programa Natureza. Ele conduz a brincadeira com as crianças visitantes, estimulando a curiosidade sobre a ciência que é produzida na instituição.
O bolsista Cézar Felipe realiza um trabalho de educação ambiental esclarecendo alguns mitos sobre animais como cobras, sapos e corujas. Ele também mostra ao público a importância desses bichos para o ecossistema. As bolsistas Diennef Gomes do Carmo e Tainah Coutinho Jorge darão vida a outros personagens que conduzem os assistentes em questões amazônicas. Quer saber mais? Não perca o Programa Natureza do Museu Goeldi no Circo da Ciência.
Publicações – Algumas publicações lançadas pelo Museu Goeldi estarão disponibilizados no estande do MPEG na 67ª Reunião da SBPC, entre elas as edições do periódico institucional “ Destaque Amazônia ”, além de panfletos e cartilhas.
Veja abaixo os livros que estarão presentes no evento.
Amazônia e a Crise da Modernização
Amazônia : a fronteira agrícola 20 anos depois
Ecossistemas Costeiros: Impactos e Gestão Ambiental
Resumo – 1ª Edição | Resumo 2ª Edição | Matéria | Entrevista com autor
A SBPC - As reuniões anuais da SBPC são destinadas ao debate sobre o avanço da ciência e da tecnologia nas diversas áreas do conhecimento, dando suporte ao fomento de políticas públicas nacionais. Paralelos à reunião, outros eventos da Sociedade são realizados para debater assuntos específicos, como a SBPC Cultural, a SBPC Jovem, a SBPC Inovação, a SBPC Indígena e ExpoT&C.
Texto: Joice Santos e Mayara Maciel