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Cientistas elaboram mapa mundial de répteis
Agência Museu Goeldi – Um time internacional de cientistas acaba de completar o "atlas da vida", uma síntese global da distribuição dos vertebrados terrestres do planeta. Liderados por pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Tel Aviv, 39 cientistas produziram um mapa dos répteis do mundo. Herpetólogo e pesquisador do Museu Paraense Emílio Goeldi, Dr. Marinus Hoogmoed , fez parte do estudo, que também contou com a participação de mais três cientistas brasileiros: Dr. Cristiano Nogueira e Dr. Márcio Martins , ambos da Universidade de São Paulo, e Dr. Guarino Colli , da Universidade de Brasília.
"Entreguei ao projeto meus mapas de distribuição de répteis da Amazônia e das Guianas, resultado de 40 anos de trabalho na área. A região amazônica é uma área com alta diversidade para todos os grupos de répteis estudados: lagartos, serpentes, jacarés e tartarugas. Concluímos que há uma discrepância entre áreas protegidas e áreas com alta diversidade de espécies de lagartos. Com os novos dados, será possível no futuro indicar mais áreas protegidas, levando em conta a alta diversidade de lagartos em certas áreas", ressalta Marinus Hoogmoed.
No artigo publicado na Nature Ecology & Evolution , cientistas de mais de 30 universidades e institutos de pesquisa do mundo divulgaram os resultados desse mapeamento global dos répteis, que alcançou mais de dez mil espécies de serpentes, lagartos e quelônios. Esses dados completam o "atlas da vida", mapa global das mais de 31 mil espécies, incluindo cerca de cinco mil mamíferos, seis mil anfíbios e dez mil aves.
O mapa revelou padrões inesperados e regiões de alta biodiversidade, negligenciadas anteriormente como zonas de alta prioridade para a conservação. Elas incluem a Península Arábica e o Levante, o interior árido do sul da África, as estepes asiáticas, os desertos do centro da Austrália, a Caatinga brasileira e o sul dos Andes.
“Lagartos, em especial, tendem a ter distribuições inusitadas e frequentemente gostam de lugares quentes e secos, assim muitas das novas áreas prioritárias para a conservação identificadas estão em áreas secas e desertos. Essas tendem a não ser prioridades para aves ou mamíferos, assim não poderíamos tê-las previsto de antemão”, esclarece o cientista líder da pesquisa, Dr. Uri Roll , que agora faz parte da Universidade Ben Gurion do Negev (Israel).
Professor da Faculdade de Ciências da Vida, da Universidade de Tel Aviv (Israel), o pesquisador Shai Meiri idealizou esse projeto há mais de dez anos. Segundo Meiri, “mapear as distribuições de todos os répteis era considerado uma tarefa muito difícil. Mas, graças a um time de especialistas em lagartos e serpentes de algumas das regiões menos conhecidas do mundo, nós conseguimos concluí-la e, tomara, contribuir para a conservação desses vertebrados frequentemente pouco notados, que sofrem com a perseguição e o preconceito”, afirma.
Atlas da Vida – Para melhor proteger a vida silvestre, é importante saber onde as espécies vivem, de forma que ações corretas sejam implementadas e recursos financeiros escassos sejam corretamente direcionados. Considerado a primeira síntese global da distribuição dos vertebrados terrestres do planeta, o "atlas da vida" é resultado de um extenso trabalho que envolveu cientistas de diversas partes do mundo. Desde 2006, já haviam mapas que mostravam os hábitats de quase todos anfíbios, aves e mamíferos. No entanto, as espécies de répteis eram pouco conhecidas, lacuna preenchida agora.
“Graças a ferramentas como o atlas da vida, cientistas podem, pela primeira vez, ter uma visão global da diversidade terrestre no planeta, o que auxilia na tomada de decisões sobre como usar os fundos para a conservação. Provavelmente, nós estamos, de fato, melhor equipados e estamos tornando os resultados disponíveis a todos”, festeja o biólogo e pesquisador da Universidade de Oxford, Dr. Richard Grenyer .
Lista Vermelha – Atualmente, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) está classificando as espécies registradas no mapa em uma Lista Vermelha , que mede o risco de extinção das espécies em categorias que variam de “criticamente ameaçada” a “menos preocupante”. Essa iniciativa reunirá dados importantes para a melhor compreensão da biodiversidade e também para embasar medidas voltadas para a sua preservação.
O artigo na íntegra está disponível aqui .
No Pará, o Museu Goeldi coordenou a formulação da 1ª Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção de um estado amazônico, trabalho que a instituição se prepara para atualizar em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – Ideflor-Bio.
Texto: Universidade de Oxford com colaboração do Museu Goeldi