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As paisagens do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi são tema de palestra
Agência Museu Goeldi - Quando se pensa no Museu Goeldi, uma primeira associação ao seu Parque Zoobotânico é quase inevitável. A base física mais antiga da instituição acompanha 121 dos 150 anos de história do Goeldi, reunindo coleções vivas, arquitetônicas e monumentais.
Apresentar à sociedade a maneira como este conjunto patrimonial é exibido através de sua paisagem, reconstruindo a maneira em que foi concebida, é um dos objetivos da palestra “O modo expositivo dos museus de natureza. A paisagem do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi”, que acontecerá na próxima terça-feira, 17 de maio, às 15h30, no auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, localizado no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. A palestra faz parte da 14ª Semana de Museus no MPEG. Confira a programação completa aqui .
Lilian Flórez , ministrante da palestra, bolsista do Programa de Capacitação Institucional no Museu Goeldi e doutora em museologia e patrimônio, diz que a ideia é “apresentar ao público a importância do Parque como um patrimônio histórico, mas também vegetal e de fauna amazônica. Quero enfatizar na ideia que o Parque é um espaço expositivo de coleções vivas e, portanto, muito singular na maneira em que ele é apresentado para o público desde que foi concebido. Ao entendermos o Parque como museu, poderemos compreender a constituição da sua paisagem”.
Patrimônios – Inaugurado em 1895 pelo zoólogo suíço Emílio Goeldi (1859 -1917), o Parque Zoobotânico do Museu Goeldi foi tombado como patrimônio em 1993 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Antes disso, em 1982, a Secretaria de Cultura do Pará já havia tombado o conjunto arquitetônico e paisagístico da instituição.
O complexo arquitetônico instalado teve influência dos padrões europeus de construção do século XIX, alguns de traços neoclássicos, outros inspirados no delírio decorativo característico do art nouveau, muito comum da arquitetura e paisagismo de final de século XIX, início do XX. Os chalés, reproduções das edificações suíças da época, tornaram-se laboratórios e lares para funcionários. Jaulas e gaiolas construídas com materiais importados da França tinham como referência os grandes lagos e zoológicos da Europa, assim como os canteiros, que também seguiram os padrões formais e estilísticos importados e adaptados às condições que a natureza impunha. A única construção que já existia nos terrenos pertencentes ao então Museu Paraense era o atual Pavilhão Domingo Soares Ferreira Penna, a Rocinha, construída em 1879. Este patrimônio ainda hoje é utilizado pela instituição e acolhe exposições, já os chalés são usados pela administração do Goeldi.
Os monumentos guardam a memória de personagens importantes para a história do Museu Paraense Emílio Goeldi. São bustos e estruturas que registram as contribuições de fundadores e cientistas essenciais para a ciência na Amazônia e para a história da instituição. Um monumento de grande expressividade é o atual Castelinho, construído na gestão de Emílio Goeldi como a monumental Caixa D’água.
Já a coleção de animais, inicialmente adquirida a partir de doações da sociedade e das prefeituras, era o grande chamariz para a visitação do horto zoobotânico. Um artigo publicado pelo historiador Nelson Sanjad afirma que em 1896, metade da população da capital paraense visitou o Parque, atraída pela exuberância e pela possibilidade de aproximação com a fauna amazônica. O atual acervo de animais vivos no Parque conta com mais de 80 espécies. Em 2014, foram contabilizados 1.790 animais no plantel.
A coleção vegetal também foi planejada e introduzida ao longo do tempo. Algumas árvores centenárias são simbólicas e guardam vestígios das paisagens dos séculos XVIII e XIX, como é o caso do Guajará ( Chrysophyllum excelsum Huber), a árvore mais antiga do Parque. Antes mesmo da construção do Zoobotânico, o espécime já existia no local e foi descrito e nomeado pelo botânico suíço Jacques Huber (1867-1914). Outras espécies cultivadas, como a vitória-régia ( Victoria amazônica (Poepp) J. E. Sowerby) – introduzida no início do século XX -, foram importantes para a relação da instituição com seu público. Quando finalmente floresceu, após anos de observação e cuidados, a beleza da vitória-régia também atraiu a população da cidade ao Parque. Atualmente estima-se que no Parque exista uma população vegetal de mais de 500 espécies e cerca de 100 árvores de grande porte, incluindo as centenárias.
As características museais da paisagem do Parque, a relevância de suas coleções enquanto patrimônio e a conservação desse espaço e dessa memória serão apresentados e debatidos na palestra de Lilian Flórez, no Parque Zoobotânico.
Serviço
Palestra “O modo expositivo dos museus de natureza. A paisagem do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi”
Palestrante: Dra. Lilian Flórez (Bolsista PCI/MPEG)
Data: 17/05/16
Hora: 15h30
Local: Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Av. Magalhães Barata, 376,São Brás, Belém-PA)
Texto: Mayara Maciel