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Adélia: entre os Juruna, Mura e com os mestres da Etnografia
Agência Museu Goeldi – O Brasil é um país megadiverso no campo biológico, cultural e de paisagens. Contudo, quantas pessoas estão preparadas para conviver com as diferenças? Com mais de 40 anos de estudos etnográficos, Dr.ª Adélia Engrácia de Oliveira escreveu, de forma leve, sobre algumas das experiências que marcaram sua formação e trajetória como antropóloga junto a comunidades periféricas nas cidades e, principalmente, entre os índios na Amazônia brasileira. A escrita é uma lição de generosidade com as novas gerações.
O livro Vivência Antropológica e Estórias Indígenas, novo lançamento editorial do Museu Paraense Emílio Goeldi, apresenta como uma jovem nos anos 60 e 70, com coragem e interesse, descobriu e aprendeu com vários “outros” habitantes de nosso pais.
O princípio – “Vovó, por que você é velhinha?”. Foi a partir dessa pergunta, feita pela neta Júlia, que nasceu a ideia para o livro de Dr.ª Adélia de Oliveira, Vivência Antropológica e Estórias Indígenas (Núcleo Editorial de Livros, Museu Goeldi, 2016). “Resolvi deixar-lhe, por escrito, as vivências que foram mais importantes para a minha vida”, escreve no prefácio da obra a autora e antropóloga, pesquisadora aposentada do Museu Goeldi, onde desenvolveu estudos sobre populações indígenas e caboclas da região amazônica, e exerceu diferentes funções na gestão da instituição no século XX.
Narrado em primeira pessoa, em tom memorialístico, o livro percorre os anos de aprendizado e identificação de Adélia com o campo da Antropologia. A começar pelos anos 1950, na antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ), quando desenvolveu pesquisas nos morros e favelas do Rio de Janeiro, trabalho realizado para o Centro Latino Americano de Pesquisas em Ciências Sociais.
Adélia também relembra com carinho e reverência a figura de grandes pensadores das Ciências Sociais, seus mestres na trajetória científica, como Darcy Ribeiro, Eduardo Galvão e Carlos Moreira Neto. A mesma atenção é dada ao contato valoroso e aos ensinamentos que a pesquisadora teve em décadas de diálogo direto com etnias indígenas da Amazônia, em especial os Mura, que habitavam a região do Rio Madeira, no Amazonas, e os Juruna, que viviam no Parque Indígena do Xingu.
Vivência Antropológica e Estórias Indígenas foi previamente apresentado durante o III Simpósio da Biota Amazônica, em novembro de 2016, e será lançado na XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, no dia 31 de maio, em Belém.
O livro de memórias da Dr.ª Adélia de Oliveira é a nova contribuição do Museu Goeldi à história e à memória da ciência na Amazônia, uma linha editorial iniciada por Osvaldo Cunha, com seus estudos sobre notáveis pesquisadores que fizeram a história do Museu Goeldi, que chegou aos 150 anos em 2016, como relembra o linguista Nilson Gabas Jr. no prefácio do livro.
Sobre a autora – Adélia Engrácia de Oliveira é antropóloga e pesquisadora titular do Museu Paraense Emílio Goeldi/MCTIC, atualmente aposentada. Na instituição, exerceu importante papel na pesquisa e gestão, como chefe do então Departamento de Ciências Humanas, vice-diretora de Pesquisa, e diretora geral do Museu Goeldi. Graduou-se em Ciências Sociais em 1960, pela Universidade do Brasil, e concluiu o doutorado em Ciências (Etnografia do Brasil) em 1969, pela então Faculdade de Filosofia de Rio Claro (SP).
Ao longo da sua carreira publicou três livros, cinco capítulos de livros e 34 artigos em periódicos nacionais e internacionais. Proferiu palestras em Moscou, Oxford, Bogotá, Montevidéu, Paris e em vários eventos no Brasil, além de atuar como representante do CNPq em comissões no INPA, MPEG e órgãos no exterior. Em 1998, foi agraciada pela Ordem Nacional do Mérito Científico na classe comendador.
Texto: João Cunha.
Serviço: Lançamento do livro Vivência Antropológica e Estórias Indígenas, de Adélia de Oliveira.
Data: 31 de maio de 2017.
Hora: A partir das 16h.
Local: Estande nº 34, Hangar – Centro de Convenções da Amazônia (Av. Dr. Freitas, s/n - Marco, Belém – PA).