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A contribuição dos plantios de dendê na conservação de aves amazônicas
Agência Museu Goeldi -
Pesquisa mostra que os plantios de dendê, cada vez mais crescentes, tem pouco impacto na conservação da fauna de aves da região amazônica. A pesquisa foi realizada pelo Museu Emilio Goeldi (MPEG) e faz parte do
INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia
, rede de pesquisa que engloba diversas instituições científicas nacionais e internacionais, e foi publicada na edição desse mês da conceituada revista internacional PLOS ONE.
O estudo, realizado nos municípios de Moju e Tailândia, cerca de 80km da capital do estado do Pará, Belém, envolveu levantamentos de espécies de aves em 4 principais tipos de uso do território: florestas primárias, florestas secundárias, pastos e plantios de dendê. Os pesquisadores procuraram entender como as aves ocupam cada um desses espaços e assim avaliar o valor de conservação de cada tipo de uso de terra, com interesse especial nos plantios de dendê. Um total de 249 espécies foram registradas durante todo o estudo, porém apenas 69 estavam dentro das áreas de dendê e longe de qualquer outro tipo de ambiente.
Segundo o Dr.
Alexander Lees
, líder da pesquisa, as espécies presentes nesses plantios possuem baixo valor para conservação por serem muito comuns também nas áreas de pastagens e bordas de florestas – algumas dessas espécies, inclusive, podem ser encontradas em ambientes urbanos. Lees explica que “as espécies que possuem um alto valor para a conservação são, por exemplo, as ameaçadas e aquelas com distribuição restrita, pois são as que requerem florestas primárias em bom estado de conservação”.
Na Amazônia, os primeiros projetos agroindustriais de cultivo do óleo de palma foram instalados na década de 1960, na região nordeste do Pará, estado no qual, atualmente, esses plantios ocupam 140.000 hectares, resultado da politica de promoção do biodiesel no Brasil. Nos plantios para produção de óleo de palma, as terras são todas de propriedades de grandes empresas, já as áreas de pastagens são de agricultores locais.
Conservação –
Os municípios estudados integram a área de endemismo Belém (AEB), localizada na fronteira entre os estados do Pará e Maranhão. É a área endêmica com povoamento humano mais antigo, largamente desmatada, com apenas alguns fragmentos florestais e que registra as maiores taxas de perda espécies da Amazônia Legal.
A conservação de espécies da fauna exclusivas de florestas depende do cumprimento do código florestal pelos proprietários das terras. O código prevê que os proprietários de terras devem manter e proteger uma área de reserva legal e de preservação permanente. Ao cumprir a legislação, os proprietários conseguem resguardar a biodiversidade dentro de suas áreas não permitindo caça, pesca e derrubada de madeira.
“Mas só proteger essas áreas não garante a manutenção das populações de avifauna, que precisam ter fluxo gênico. As espécies precisam dispersar para outros lugares. Tem que ser feito um trabalho em toda a região, conectando fragmentos florestais, por exemplo, para que esses poucos remanescentes de floresta não sejam transformados em ilhas, pois, se isso acontecer, muitas espécies podem ser extintas localmente ou até globalmente”, alerta o pesquisador.
Para
Ima Vieira
, ecóloga do Museu Goeldi e coordenadora do INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia, dispor de informações de qualidade, como essa agora publicada pelo grupo, é essencial a quem toma decisões ligadas ao desenvolvimento regional. “Esse estudo é muito relevante no contexto atual, em que há uma preocupação crescente em buscar modelos sustentáveis de usos da terra na Amazônia, considerando a conservação da biodiversidade dentro dos cenários mais otimistas”, afirma a pesquisadora.
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INCT - O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia , sediado no Museu Paraense Emilio Goeldi, é uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi institucional com a missão de produzir pesquisas que permitam fornecer bases científicas para práticas econômicas sustentáveis, educação para sustentabilidade e apoio a políticas públicas para a região do Arco do Desmatamento. Seu eixo de atuação é a análise dos impactos socioambientais e sociais e o desenvolvimento de estratégias de uso sustentável para a região, que envolvem ampla articulação com diversos segmentos da sociedade, incluindo gestores, produtores, trabalhadores e escolas.
Atualizado em 19/05/2015 às 15h25