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Museu - Projeto Flora do Utinga registra 800 espécies entre fungos e plantas
O registro resulta de quatro anos de pesquisas no Parque do Utinga, na Área de Proteção Ambiental de Belém, e no Refúgio
Publicada em: 2022-03-15T13:26:31-03:00
Oitocentas espécies, entre plantas e fungos, foram catalogadas, pelo projeto Flora do Utinga, em quatro anos de pesquisa nos diferentes tipos de vegetação e habitats das Unidades de Conservação (UC's) da Região Metropolitana de Belém (RMB) - Parque Estadual do Utinga “Camillo Vianna”, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Belém, e no Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia.
A espécie de número oitocentos foi encontrada pelo pesquisador Leandro Ferreira, coordenador do Projeto Flora do Utinga e identificada pelo pesquisador Wandeson Silva, também do Museu Emílio Goeldi, em uma borda de vegetação secundária na Área de Proteção Ambiental (APA) Belém, no último sábado, (12). Trata-se de um arbusto da família Fabaceae chamado de fedegoso (Senna pendula (Willd.) HS Irwin & Barneby), bastante utilizada como planta ornamental, possui flores amareladas ou amarelas esverdeadas.
O projeto "Flora do Utinga" é desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio). A catalogação tem como objetivo fazer o reconhecimento da biodiversidade das áreas de proteção ambiental das unidades de conservação da RMB.
A presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, ressalta a importância da parceria com o Museu Paraense Emílio Goeldi (Mpeg), na identificação das riquezas naturais do Parque do Utinga e das outras UC's da Região Metropolitana de Belém. "Parcerias com instituições de pesquisas são fundamentais para o fortalecimento das nossas ações de conservação e preservação da fauna e flora do estado do Pará”.
“A identificação das riquezas naturais das UC's, são fundamentais para a elaboração do Plano de Manejo de acordo com as especificidades de cada área de proteção ambiental", enfatizou a Presidente.
Além do registro do arbusto da família Fabaceae, foi encontrado também na floresta de terra firme do Parque do Utinga, a presença do fungo do gênero ascomiceto ophiocordyceps, do tipo entomopatogênico, colonizando a pupa de uma de borboleta. O registro foi realizado pelo aluno de mestrado em Botânica Tropical, Arnold Patrick e pelo servidor do Ideflor-Bio (GRB), Emanuel dos Santos. Trata-se de uma espécie de fungo que coloniza diversas espécies, uma vez infectado, o inseto para de se alimentar e tem seu comportamento completamente afetado.
Segundo o pesquisador Leandro Ferreira, coordenador do projeto, três fungos do gênero Ophiocordyceps foram recentemente estudados na Amazônia, em formigas. Esse tipo de fungo libera uma substância que infecta o inseto, levando a morte, em seguida, iniciam a reprodução fora do corpo, até a produção de chuva de esporos.
“O registro no Parque do Utinga é muito importante, a colonização desse fungo em uma pupa de borboleta, ainda é pouco estudado. Essa espécie de fungo é muito usada na indústria farmacêutica e também para o controle de pragas de insetos em plantações, disse o pesquisador”.
O pesquisador enfatizou ainda, que o (PEUT), é um verdadeiro laboratório a céu aberto, utilizado para aulas práticas e teóricas, por pesquisadores e alunos de graduação, mestrado e doutorando. Ferreira destacou também, que em quatro anos de pesquisas, foram registradas algumas espécies de plantas e fungos, pela primeira vez no estado, o que reforça a importância da pesquisa para possibilitar a melhor compreensão da importância biológica da Unidade de Conservação.
O Parque está inserido na Área de Proteção Ambiental da Região Metropolitana de Belém (RMB) e faz limite ao norte com os bairros Guanabara e Castanheira; a oeste com o bairro Souza; a leste com os bairros Aurá e Águas Lindas; e ao sul com o bairro Curió-Utinga.
Texto: Aldirene Gama (IDEFLOR-Bio)
Fotos: Arnold Patrick e Leandro Ferreira (MPEG)