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Museu - Parque Estadual de Monte Alegre é escolhido como 'Patrimônio Cultural Material'
Unidade de Conservação foi o único brasileiro da lista de 25 monumentos mundiais de valores culturais inestimáveis.
Uma Unidade de Conservação que abriga pinturas rupestres de aproximadamente 12 mil anos no meio da Amazônia foi anunciada no início da semana, o único Patrimônio Cultural Material brasileiro selecionado pelo programa internacional "World Monuments Watch", da organização sem fins lucrativos World Monuments Fund (WMF), como um dos 25 monumentos mundiais de valores culturais inestimáveis para receber apoio da organização.
O Parque Estadual de Monte Alegre (Pema) também serve de habitat para espécies de animais ameaçados de extinção, como a ave Cacaué (Aratinga maculata).
Dentre os monumentos selecionados, estão ainda as mesquitas e o cemitério Koagannu, das Ilhas Maldivas; o parque arqueológico de Teotihuacan, no México e o castelo Hurst Castle, da costa sul da Inglaterra.
A Serra da Lua integra o circuito do Complexo de Musealização
O World Monuments Watch ou "The Watch" é um programa administrado pelo World Monuments Fund, organização criada em 1965 que destaca locais históricos e culturais no mundo.
A cada dois anos uma nova lista é divulgada pela organização, que dessa forma apresenta às autoridades locais e internacionais novos patrimônios culturais que atualmente estão em risco devido a ameaças naturais e antrópicas (por intervenção humana).
Os selecionados ficam em vigilância permanente, para garantir proteção e conservação para as futuras gerações. O projeto destaca, ainda, a importância das comunidades locais no fomento às ações voltadas à preservação e conservação desses patrimônios históricos, em conjunto com instituições responsáveis pelos monumentos, organizações governamentais e outras entidades que trabalham para a manutenção das riquezas naturais e históricas.
A escolha dos monumentos para a lista Watch 2022 contou com 227 candidaturas de patrimônios culturais materiais. Todos avaliados criteriosamente pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) e pelo Painel Independente de Especialistas em Patrimônio Internacional, ambos responsáveis pela classificação final.
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio) órgão gestor do Pema, por meio da diretoria de Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação (DGMUC), executa ações de preservação, conservação e uso sustentável dos recursos naturais, garantindo a transparência e a democratização dos benefícios trazidos por esses espaços à sociedade.
Pedra do Pilão, um dos muitos atrativos do Parque de Monte Alegre
Reconhecimento
A participação do Parque Estadual Monte Alegre resultou de estudos realizados pelas arqueólogas Edithe Pereira, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e Claide Morais, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com a plataforma "Cipó".
A World Monuments Fund é uma organização dedicada a proteger os lugares importantes da Terra. A nomeação do Parque é importante para o reconhecimento de sua importância arqueológica e de toda a região do município de Monte Alegre.
"A nomeação vai ajudar imensamente o Parque, e também os pesquisadores que atuam na região, a angariar recursos para incrementar as pesquisas, potencializar trabalhos junto às comunidades que vivem no entorno do Parque, além de fomentar o turismo que já existe na região, dando qualidade aos conteúdos que são repassados pelos guias turísticos locais", destaca a arqueóloga, pesquisadora titular do MPEG, com experiência na área de Arqueologia, e ênfase em Arqueologia Pré-Histórica.
A gerente do Parque Estadual Monte Alegre e da APA (Área de Proteção Ambiental) Paytuna, Patrícia Messias, a nomeação ajudará a conseguir recursos para ajudar o Pema na proteção do patrimônio arqueológico. O fato de a comunidade científica estar envolvida é fundamental, considerando que o trabalho de educação ambiental contribui para evitar qualquer tipo de pressão sobre o patrimônio arqueológico encontrado.
Conheça mais o Pema
O Pema também é composto por diversas grutas e orifícios entre formações rochosas. O território tem aproximadamente 3,7 mil hectares - ou 36,78 quilômetros quadrados (km²) - e se estende por diversas riquezas naturais, culturais e históricas, como 15 sítios arqueológicos, rios, florestas, montanhas e cavernas.
Nos sítios há pinturas rupestres dos primeiros resquícios da passagem dos seres humanos pela Amazônia. São pinturas rupestres que remontam a mais de 12 mil anos, além de peças cerâmicas, como jarros e pratos encontrados em escavações no local.
Dois dos principais sítios arqueológicos – a Serra da Lua e a Pedra do Mirante – estão no circuito do Complexo de Musealização. A Serra da Lua é o sítio mais conhecido, com suas pinturas que se estendem por mais de 200 metros em um paredão de pedra na Serra do Ererê. Entre os diversos painéis do paredão, que podem ser vistos desde a base da serra, há figuras em amarelo e vermelho representando animais, mãos e formas geométricas.
Fonte: Assessoria