Notícias
Museu - O que esperar da COP26?
O programa Pauta Brasil desta quarta-feira, 27 de outubro, recebeu especialistas para avaliar o que precisa ser feito e análises sobre a realização da COP26. O 26º encontro da Conferência das Partes da Convenção, a COP 26, adiado devido à pandemia, acontecerá entre outubro e novembro deste ano, em Glasgow, na Escócia, e faz parte da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC).
Com mediação do deputado federal e coordenador do Napp Meio Ambiente, Nilto Tatto, Pauta Brasil ouviu Natalie Unterstell e Nilson Gabas Júnior para abordar os vários aspectos da COP26.
Natalie Unterstell é presidente do Instituto Talanoa e já participou como negociadora em outras edições da Conferência. Para ela, é um momento de avaliar o que foi feito e o que precisa ser resolvido com relação ao clima. “São vinte mil pessoas que se reúnem, delegações de governos e da sociedade civil. É um grande parlamento do mundo, os países são muito diferentes e têm que chegar a acordos”, contou.
A COP teve estreia em 1992, no Rio de Janeiro, por isso, para Natalie, “temos um carinho muito grande pela realização das edições posteriores e que construíram ações e metas a partir de suas soberanias nacionais”, disse, relatando também que foram anos até que o planeta chegasse ao Acordo de Paris em 2015.
Ela também alertou para o perigo de demorarmos muito para tomar decisões: “precisamos trabalhar com muita urgência porque dois graus a mais na temperatura, para o planeta, é muita coisa. A meta do Brasil está muito ruim. O Brasil está na berlinda, o mundo inteiro acompanha e bota pressão”, disse.
Segundo Natalie, o governo Bolsonaro e seus representantes não convencem o mundo: “o país que for mais limpo ganhará mais com comércio e vendas. Bolsonaro não enxerga o mundo assim”. E sugeriu a leitura do documento produzido coletivamente em www.clima2030.com.br
“Precisamos tirar o Brasil do ranking de países mais poluentes, o que queremos é clima com desenvolvimento”, falou.
Nilson Gabas Júnior é estudioso sobre a Amazônia, ex-diretor Geral do Museu Emílio Goeldi. Para ele, estipular metas sem regulamentá-las é o que tem feito o governo Bolsonaro. “Num contexto de enorme pressão para que se diminua o nível de emissões, há um interesse mundial do empresariado de participar deste debate. Mas os cerca de duzentos países que irão apresentar seus planos, e com as mudanças nos Estados Unidos e China, devem conseguir estipular metas”, avaliou.
Gabas falou ainda sobre carros elétricos, usinas de carvão, proteção aos moradores de países que sofrem com mais impacto as mudanças no clima, redução da emissão e uso abusivo de agrotóxicos. E espera que “o governo Bolsonaro não faça o país, mais uma vez, passar vergonha. Efetivamente é muito difícil levar este governo a sério. Eles querem dar uma pedalada na emissão de carbono”.
“O que nos frustra é que não difícil tirar o país dessa situação. É preciso fiscalizar, temos que fazer cumprir a legislação avançada que tínhamos. O governo pode investir na biodiversidade brasileira, em alimentação saudável, em pesquisa. São ações imediatas, com fiscalização, e de longo prazo, com pesquisa e junto com conversas regionais”, falou Gabas.
Descrédito internacional, pedalada climática, dificuldades de chegar a consensos na COP26, ações necessárias e os entraves econômicos para países mais pobres, pressão mundial sobre o governo Bolsonaro foram discutidos no Pauta Brasil.
Sobre o Pauta Brasil
Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube , sua página no Facebook e perfil no Twitter , além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.