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Museu - Governo do Pará inaugura Museu do Marajó reformado e ampliado
Fundado em 1977, o espaço possui um grande acervo, incluindo de cerâmicas arqueológicas de até 1 mil anos, que revelam o modo de vida de povos que habitaram.
Enize Vidigal, O Liberal
O Museu do Marajó, fundado em 1977, no município de Cachoeira do Arari, ganha a valorização merecida. Nesta quinta-feira, 3, o governo do estado do Pará entrega a obra de reforma e ampliação da estrutura que abriga mais de 4 mil peças expostas, a maioria de valor arqueológico, como cerâmicas, artefatos de uso cotidiano e instrumentos de trabalho da população local, que descrevem o modo de vida dos povos que habitaram as áreas alagadas do Marajó por muito tempo. As peças mais antigas do acervo datam de 1 mil anos. A inauguração acontece às 10h da manhã, com a presença do governador Helder Barbalho.
O Museu do Marajó estava interditado desde 2018 devido a danos estruturais que comprometiam a segurança dos frequentadores. O projeto começou a ser elaborado em 2019, com a escuta da comunidade, que administrava o museu sem suporte financeiro e técnico. Foram investidos R$ 3,8 milhões na obra, que durou um ano e meio. O museu passa a contar com uma área útil de 3.062m², que inclui um salão expositivo maior, hall de entrada, lojinha, salas administrativa, de apoio técnico e de reserva técnica, varandas externas, banheiros públicos e jardim interno. A fachada original foi reconstituída.
O prédio ganhou novas instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção e combate à incêndios, iluminação especial, climatização e drenagem, pois fica situado em área alagada. A memória do fundador do Museu do Marajó, o padre jesuíta italiano Giovanni Gallo, mereceu atenção especial na obra. O túmulo do museólogo, falecido em 2003, e a casa em que ele viveu, ganharam acessos que integram esses espaços ao museu.
Gallo inicialmente fundou o museu no município de Santa Cruz do Arari, também no Marajó, com o nome de “Nosso Museu do Arari”. Mais tarde, o acervo foi transferido para Cachoeira do Arari, e, em 12 de dezembro de 1984, foi fundado o Museu do Marajó na antiga sede de uma usina de extração de óleos vegetais. O espaço mantém os artefatos inventados por ele, que permitiam a interação do povo do Marajó com o acervo, possibilitando o conhecimento e a valorização da própria história. Entre esses objetos está o “computador caipira”, confeccionado com peças de madeira. O religioso também era taxidermista e conservou exemplares do Marajó, como animais que nasceram com deformidades e que despertavam a curiosidade local.
“Fizemos toda a catalogação das peças do acervo, a higienização e a organização por tipologia das peças”, detalha a secretária estadual de Cultura, ùrsula Vidal. Ainda, o museu passa a gerar 20 empregos diretos e indiretos, entre direção, setor técnico e administrativo e serviços de segurança, limpeza e jardinagem.
“Nós ampliamos bastante o museu. A área expositiva quase dobrou. O prédio ganhou rampas e ficou todo acessível. Por se tratar de uma área alagada, fizemos os caminhos (pontes) de acesso ao túmulo e à casa em que viveu o padre Gallo. Tivemos a preocupação de fazer um projeto que correspondesse aos desejos da comunidade. Apresentamos o esboço inicial, ela trouxe contribuições e devolvemos, fizemos várias escutas”, acrescenta. “Esse museu tem um valor grande de pertencimento da comunidade, que é muito raro, de pessoas que construíram junto com o padre Gallo, ajudando a construir e a preservar. Houve em governos anteriores a tentativa de levar o museu para Ponta de Pedras e para Belém, mas eles não deixaram”.
Úrsula secretária afirma que a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) passa investir na inclusão do Museu do Marajó no circuito turístico do Marajó. “Esse é o Marajó dos campos alagados, dos búfalos, da arqueologia que identificou uma civilização, da paisagem eternizada na literatura de Dalcídio Jurandir”.
“Esse museu sempre foi visitado por pesquisadores de várias áreas do conhecimento e tem uma relação forte com o Museu Emílio Goeldi. A nossa ex
pectativa é que o espaço seja um centro de preservação da história do homem marajoara, estimulando as escolas da região a levar as crianças e jovens (para visitar), estimular os estudos de pesquisa e universidades e que se torne mais uma forte opção para o visitante fazer uma imersão nessa experiência Marajó”, destaca Úrsula.