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Museu - Economia criativa como forma de alavancar a recuperação do Brasil pós-Covid
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, já é possível perceber a retomada dos mercados da arte, música, cinema, feiras e eventos culturais
- JUAN PABLO D. BOEIRA*
ATUALIZADO EM
O setor criativo começou a reaquecer no terceiro trimestre do ano passado, quando registrou aumento de 14%, segundo Itaú Cultural (Foto: Getty Images)
Um dos setores mais afetados pelo impacto econômico na pandemia foi o cultural. Com teatros, cinemas e exposições fechados durante mais de um ano, toda uma categoria profissional ligada às
artes
se viu à beira do abismo econômico com uma avalanche de desempregos. Agora, com o avanço da
vacinação contra a Covid-19
, já é possível perceber reflexos na retomada de vários setores econômicos, incluindo o mercado da
economia criativa
, que envolve a arte, música, cinema, feiras e eventos culturais.
Segundo dados do Itaú Cultural, o setor começou a reaquecer no terceiro trimestre do ano passado, quando registrou aumento de 14% no número de
postos de trabalho
em comparação ao mesmo período do ano pandêmico anterior. Atualmente, mais de 2,2 milhões de brasileiros atuam no setor criativo, que envolve profissionais cuja matéria-prima é o capital intelectual.
Para incrementar o setor, o governo federal divulgou no final de 2021 que destinou R$ 100 milhões para projetos de produção e R$ 16 milhões para comercialização de filmes já prontos para serem lançados por meio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Antes da pandemia, o setor representava de 3 a 4% do PIB.
Já em Santa Catarina, um projeto de lei de fomento à economia criativa foi aprovado em 2021, mas as ações ainda não refletem no setor. O que tem feito a diferença são ações da iniciativa privada, como o caso do Amazon Parques & Resorts, que levou para Balneário Camboriú a exposição Amazônia Mundi, que apresenta a cultura amazônica e sua biodiversidade por meio de fotografias, texturas, sons, cores e aromas. A exposição é uma iniciativa que apresenta conteúdo em parceria com institutos de pesquisa e artistas da Amazônia, e lança o futuro Centro de Referência e parque temático Amazon Fun Parks em Penha.
“O modelo de negócios em si é muito inovador: um empreendimento imobiliário de multipropriedade que viabilizará o parque temático, um grande complexo de economia criativa”, diz o diretor de relações com investidores, Alvise Migotto. Para garantir que haja impacto na cadeia produtiva da economia criativa e na Amazônia, o instituto vai fortalecer as redes de negócios criativos que existem nas duas regiões, Amazônia e Santa Catarina, envolvendo designers, fotógrafos, moda, artesanato, novos produtos e conteúdos que criarão as atrações do parque e experiências do complexo hoteleiro e spa, ao mesmo tempo que estarão disponíveis para o consumidor final.
Para a produção da exposição Amazônia Mundi, que possui sementes oriundas de projetos de resex da região do sul do Pará, como cuiarana, olho-de-boi, castanha-do-Brasil, tento vermelho e caroços de tucumã e açaí que estão à mostra no local, podendo ser manuseados pelos visitantes, e a criação de um Igarapé Imersivo, foram necessários mais de 200 profissionais do setor cultural, e apenas em Santa Catarina foram envolvidos 30 profissionais.
“Optamos por trabalhar com artistas locais com objetivo de fomentar a economia criativa da cidade de Balneário Camboriú que é tão rica culturalmente”, explica a curadora artística da mostra, Anna Claudia Agazzi Migotto, professora universitária com 20 anos de experiência na área de arte e cultura.
Uma das artistas envolvidas na montagem da exposição Amazônia Mundi foi Josiane Silva, 36 anos, responsável pela cenografia e direção de arte da mostra. “Atuar nesta exposição foi desafiador e interessante. O maior desafio foi adaptar uma exposição que já teve vida em diversos locais do mundo e que precisava de restauração e cuidado, mas a recompensa de ver tudo no lugar, dando vida aos ambientes sensoriais, valorizando a cultura amazônica e dando espaço para artistas locais, foi incrível”, afirma Josiane, que é natural de Chapecó, mas mora em Balneário Camboriú desde 2003.
Já a produtora, Rita Duarte, 59 anos, natural do Rio Grande do Sul e moradora de Balneário Camboriú há 25 anos, foi a responsável pela produção de adereços e exposição das sementes. “Essa participação é muito importante para termos colocação e experiência no mercado. Além de termos impresso o nosso trabalho e habilidades em uma exposição de longa duração e bastante visibilidade”, avalia Rita.
Segundo a curadora artística da exposição, essa é a primeira mostra do gênero exibida no Sul do Brasil. “O objetivo é apresentar a riqueza do patrimônio humano e natural da Amazônia, onde a conservação impacta em diversos setores da sociedade e da economia global, além de despertar uma consciência ambiental e de consumo consciente”, explica Anna, que foi convidada para estruturar o Instituto Amazone, cujo propósito é dar voz às pesquisas e iniciativas da região, e, ao mesmo tempo, estabelecer pontes mais perenes entre a Amazônia e os cidadãos do mundo. “O Instituto é comprometido em apoiar iniciativas de economia criativa e conservação ambiental em Santa Catarina e na Amazônia. Há um manancial enorme de soluções, experiências criativas e patrimônio cultural, musical, artístico na Amazônia que precisa ser distribuído, e o Instituto pode ser um canal de distribuição destas experiências para o grande público, gerando riquezas”, comenta.
A iniciativa, patrocinada e trazida para Balneário Camboriú pela Amazon Parques & Resorts, é resultado de mais de 20 anos de estudos e já deu origem a nove publicações em cinco idiomas. Também já ganhou diferentes formatos e instalações, onde passou por países como Estados Unidos, México, França, Alemanha, Suíça, Coreia do Sul, Japão e Cingapura e, no Brasil, por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A exposição divulga iniciativas e acervos de institutos de pesquisa e ONGs como: Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngues (OGPTB), Instituto Socioambiental (ISA), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Museu Paraense Emílio Goeldi e Instituto Peabiru.
Dr. Juan Pablo D. Boeira
PhD e Mestre em Inovação pela UNISINOS
Certificação em Inovação por Harvard e Business pelo MIT
CEO da AAA Inovação