Documentos do século 16 revelam a intensa experiência de parentes indígenas lutando em lados opostos de uma batalha
INGREDI BRUNATO, SOB SUPERVISÃO DE THIAGO LINCOLINS
PUBLICADO EM 07/11/2021, ÀS 10H03
Diversas vezes lemos ou ouvimos sobre os povos indígenas através das descrições dos colonos portugueses. A História conta a narrativa dos vencedores, e infelizmente os nativos do Brasil foram vítimas de um cruel
genocídio
, fazendo com que suas versões dos acontecimentos de perdessem.
Neste último mês de novembro de 2021, porém, algo inédito ocorreu: a finalização da tradução de um grupo de documentos escritos em
tupi
no ano de 1645 para a língua portuguesa. Vale lembrar que o tupi era um idioma exclusivamente oral, e quem criou a versão escrita foram os jesuítas, o que torna esses registros raros.
Cartas, até então, indecifráveis
Quem escreveu foi um líder indígena que viveu no século 16, tendo participado do conflito entre os holandeses e portugueses pelo domínio pela região que hoje corresponde ao
Nordeste
, um episódio que ficou conhecido como Insurreição Pernambucana. Os destinatários de suas mensagens, por sua vez, eram parentes que estavam lutando do lado oposto.
Existe uma série de fatores que torna esse um
documento histórico
de valor inestimável. Não apenas é uma oportunidade de ouvir um relato histórico através do ponto de vista de um indígena, como o autor do texto é um personagem que cumpriu uma função primordial para que aquele período tenha ocorrido como ocorreu.
Felipe Camarão
organizou uma série de investidas contra os holandeses cujos resultados foram essenciais para garantir a vitória do governo português.