“A vocação da Amazônia é florestal. E, somente com essa vocação, é que vamos permitir a geração de novos negócios, e esses novos negócios já estão surgindo”, assevera o pesquisador Leandro Valle Ferreira, do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ferreira comenta um dos já reconhecidos grandes desafios ao futuro da economia da Amazônia, com cada vez mais implicações também para posicionamentos em mercados globais: a importância de manter a floresta em pé para a geração de novos negócios.
“Isso é fundamental. Nós já estamos discutindo isso há dezenas de anos na região. Temos que sair dessa dicotomia, de que a Amazônia só pode ser desenvolvida se ela for exportadora de maneira irracional. A Amazônia não pode ser vista só como mera exportadora de energia, de madeira, sem controle, de produtos agropecuários e agricultura mecanizada”, pondera.
Doutor em Biologia e especialista em Ecologia de Paisagem e Ordenamento Territorial, Leandro Ferreira ressalta: essa visão, pouco sustentável, sim, gera renda e fortalece a balança comercial do Brasil. Mas não gera recursos e distribuição de renda para as pessoas que vivem na Amazônia.
“O que a gente tem que fazer é uma economia florestal, em que a exploração madeireira pode ser feita de maneira sustentável, tanto do ponto de vista industrial quanto do ponto de vista comunitário. Que invista em produtos florestais não madeireiros, que estão ali cosméticos, remédios. Temos uma gama muito grande de conhecimento tradicional das populações indígenas, ribeirinhas”.
Segundo Ferreira, ainda falta maior interesse nesse retorno mais amplo para a região. “Existem muitas iniciativas amazônicas para isso. Mas o grande capital está interessado no lucro rápido e rasteiro. Se a gente não fizer essa economia amazônica florestal, nós não vamos conseguir gerar novos negócios. Não vamos conseguir o desenvolvimento para essa região”.