Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente Contato na Amazônia Legal
O Projeto "Salvaguarda do Patrimônio Linguístico e Cultural de Povos Indígenas Transfronteiriços e de Recente Contato na Amazônia Legal" é fruto de Acordo de Cooperação Técnica firmado em 2015 entre a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura (UNESCO), voltado à realização de atividades de pesquisa, documentação, salvaguarda, valorização, fomento e divulgação do patrimônio linguístico e cultural de povos indígenas que vivem em áreas de fronteira com outros países latino-americanos, com especial atenção a povos de recente contato.
O enfoque do Projeto nessas populações leva em consideração o fato de que os processos políticos, territoriais e econômicos que historicamente afetaram as relações entre os povos indígenas e outros segmentos das sociedades nacionais e, atualmente, são bastante presentes na Região Amazônica, hoje incidem sobre comunidades indígenas através das fronteiras nacionais, contribuindo para a situação de vulnerabilidade sociocultural vivida por esses povos, que se encontram em áreas remotas, de difícil acesso e distantes das esferas de atuação de órgãos e instituições governamentais.
Nesse contexto, o Projeto tem como principal objetivo o fortalecimento das bases de conhecimento técnico-científico e dos instrumentos de intercâmbio entre o Brasil e o exterior nos campos da Linguística e dos estudos da cultura de povos indígenas transfronteiriços e de recente contato da Região Amazônica, com os seguintes resultados previstos:
(1) Estabelecimento de padrões harmonizados de gestão de informação no campo da linguística, culturas materiais e acervos associados a povos indígenas de áreas de fronteiras.
(2) Produção de léxicos multimídias (dicionários) e gramáticas descritivas ou pedagógicas, também em meio digital.
(3) Produção de materiais de natureza bibliográfica, audiovisual e museológica, sob formato oral, escrito, fotográfico ou iconográfico, referentes à cultura material de populações indígenas de áreas de fronteiras, para fins de divulgação e uso didático e paradidático.
(4) Ampliação do acesso dos povos indígenas transfronteiriços aos acervos linguísticos de cultura material e documentais do Museu do Índio e das instituições parceiras.
(5) Capacitação e formação de pesquisadores indígenas e não-indígenas em métodos e tecnologias de documentação linguística, de cultura material e de acervos documentais.
Para isso, as principais atividades desenvolvidas no âmbito do Projeto incluem a realização de oficinas e treinamentos de pesquisadores indígenas em metodologias de documentação linguística e cultural (incluindo técnicas de registro audiovisual e conhecimentos para a produção de exposições físicas e virtuais e o uso de tecnologias de preservação e processamento de acervos documentais em bases de dados, entre outros temas), e a produção de materiais técnico-científicos como repositórios, aplicativos, dossiês, livros, filmes, gramáticas e catálogos, para divulgação dos acervos e uso por parte das comunidades indígenas envolvidas.