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Funai e Museu inauguram em Goiânia moderno centro de audiovisual destinado aos povos indígenas
No dia 11 de julho, será inaugurado, em Goiânia, o Centro Audiovisual (CAud), uma moderna estrutura da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), gerida pelo Museu Nacional dos Povos Indígenas. A cerimônia será seguida da realização de eventos nos dois dias seguintes. Nos dias 12 e 13 serão promovidas rodas de conversa com comunicadores indígenas e no dia 13 haverá também uma contação de histórias com uma liderança do povo Kuikuro. Ao longo dos três dias de eventos serão realizadas apresentações culturais de alguns povos xinguanos.
O objetivo do Centro é oferecer formação continuada e complementar a estudantes e profissionais indígenas em novas técnicas de produção e edição de mídias digitais, bem como exibir produtos artístico-culturais produzidos por eles, oferecendo à comunidade a oportunidade de acesso à diversidade e riqueza cultural a partir da perspectiva de cada povo. Serão oferecidos cursos presenciais e também são previstos cursos no formato EaD (Educação à Distância), para atender a demanda de estudantes de diversas partes do país.
Desde sua criação, em 1953, o Museu custodia diversos registros audiovisuais relativos aos povos indígenas. O antropólogo Darcy Ribeiro, fundador do órgão, sempre viu nesses registros o potencial para desconstrução de estereótipos e combate a preconceitos. Agora, com a abertura do CAud, essa missão de salvaguarda e valorização é ampliada.
Centro será aberto com exposição Xingu: contatos
O CAud será aberto ao público com a exposição “Xingu: contatos”, idealizada pelo Instituto Moreira Salles (IMS). A mostra aborda a história das imagens no território indígena do Xingu, com ênfase na produção audiovisual indígena contemporânea. A exposição reúne cerca de 150 itens, incluindo filmes e obras de artistas indígenas produzidos especialmente para a exposição.
Também são exibidas fotografias e matérias de imprensa, entre outros documentos que tratam da trajetória da região, do século 19 aos dias de hoje. Na exposição, as imagens históricas são colocadas em diálogo com a produção contemporânea indígena, em busca de novas leituras e perspectivas. A equipe de curadoria é formada pelo cineasta Takumã Kuikuro, diretor de documentários como “As hiper mulheres” (2011), pelo jornalista Guilherme Freitas, editor-assistente da “Serrote”, revista de ensaios do IMS, e pela assistente de curadoria Marina Frúgoli. A mostra fica em cartaz até 13 de outubro.
Estrutura física e técnica
O CAud ocupa um imóvel que abrigou anteriormente uma Administração Executiva Regional da Funai. Em 2012, tiveram início as obras para reforma da estrutura física para receber o Centro. As intervenções foram concluídas em 2019, mas o CAud permaneceu fechado devido a entraves burocráticos, relativos, principalmente, à regularização do imóvel na Prefeitura Municipal.
Vencidos esses obstáculos, Goiânia vai contar com um equipamento cultural com estrutura física e técnica superior à média dos espaços culturais semelhantes. Dispõe de estúdio; auditório com capacidade para 153 pessoas, destinado à realização de eventos e projeção multimídia; centro de exposições com 475 m² equipado com miniauditório; além de instalações para abrigar loja de artesanato e lanchonete. Conta, ainda, com equipamentos para edição e transmissão de vídeo; gravação de áudio, e drone para filmagens dinâmicas.
É um espaço planejado para receber festivais de cinema de médio porte com curadoria ou temática indígenas, exposições de arte indígena, apresentações e workshops de cinema e fotografia étnicos, pintura indígena, lançamentos de produtos culturais, além de eventos educativos e de formação profissional.
Nesse período em que foi impossibilitado de abrir as portas, o CAud promoveu diversas oficinas online de audiovisual com instrutores indígenas.
Importância do audiovisual para os povos indígenas
Desde o final dos anos 1980, os povos indígenas vêm se dedicando à produção audiovisual, como uma ferramenta de luta, ao retratarem os conflitos que vivenciam, mas também de preservação da memória e divulgação de suas culturas, com o registro de rituais, saberes tradicionais e manifestações artísticas e culturais. É também uma forma de atrair as novas gerações, por meio da tecnologia.
Um grande incentivador da produção audiovisual dos povos indígenas foi o antropólogo Vincent Carelli. Com o projeto Vídeo nas Aldeias, criado em 1986 para fortalecer as identidades e os patrimônios territoriais e culturais indígenas, ele formou centenas de profissionais, entre cineastas, cinegrafistas, diretores, muitos dos quais hoje têm projeção internacional, como Takumã Kuikuro, um dos curadores da mostra Xingu:contatos.
“O audiovisual ajuda a mostrar o que está ocorrendo nas aldeias, a contar uma história e criar uma narrativa sob o olhar indígena, e não mais pelo olhar do branco. É uma ferramenta de estudo, de resgate de cultura”, destaca Takumã.
Serviço:
Evento: Abertura do Centro Audiovisual (CAud)
Data: 11, 12 e 13 de Julho
Endereço: Alameda Leopoldo de Bulhões, quadra 3, lotes 1/4, Setor Pedro Ludovico, Goiânia/GO
Programação:
11/7
16h: Abertura: “Xingu: um território demarcado na terra e nas telas”
Palestrantes:
Joenia Wapichana – Presidenta da Funai
Marcelo Araújo – Diretor do Instituto Moreira Salles
Comunicadores Indígenas: Akiaboro Kayapó; Wellington Tapuia; Wahuka Karajá; Takumã Kuikuro; Guilherme de Freitas; Fernanda Kaingang
12/7
16:00: Roda de conversa: “Recontando os contatos: a experiência dos comunicadores indígenas”
Palestrantes: Takumã Kuikuro; Divino Tserewahu; Kamatxi Ikpeng; Kujaesage Kaiabi
18h: Roda de Cura Xavante
13/7
10h: Contação de histórias com Yamalui Kuikuro
15h: Roda de conversa - “Recontando os contatos: a experiência dos comunicadores indígenas”
Palestrantes: Piratá Waurá; Arewana Juruna; Bepunu Kayapo; Yamony Muriki Yawalapiti Kuikuro
Exposição Xingu Contatos:
Abertura: De 11 de julho de 2024
Visitação: até 13 de outubro de 2024
Horário de funcionamento: de terça a sexta: 10h às 18h e sábados e domingos: 10h às 16h
Entrada gratuita