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Funai e Museu inauguram Centro Audiovisual com cantos e manifestações culturais indígenas
O Centro Audiovisual (CAud) em Goiânia foi inaugurado, dia 11 de julho, pela presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e por Fernanda Kaingáng, diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas.
O CAud tem uma área de aproximadamente 1,8 mil m² e 956 m² de área construída e conta com sala de aula, estúdio, ilha de edição, auditório e espaço para exposições. e destina-se à formação continuada de indígenas e também à exibição de suas produções.
Para simbolizar a retomada do espaço que ficou fechado vário anos, a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, convidou os representantes dos povos xinguanos e demais presentes para acompanhá-la numa visita à área externa do CAud. Os visitantes a seguiram entoando cantos tradicionais.
Em seguida, foi realizada uma cerimônia de abertura no auditório do Centro com a participação das lideranças indígenas Wellington Tapuia; Wahuka Karajá; Takumã Kuikuro; Jurandir Siridiwê e Watatakalu Yawalapiti, do diretor do Instituto Moreira Sales (IMS), Marcelo Araujo e de Takumã Kuikuro, um dos curadores da exposição Xingu:contatos. A cerimônia teve início com a exibição de um vídeo institucional relativo aos 70 anos do Museu.
Após a abertura oficial, a presidenta da Funai destacou que “o Centro, recém reformado, é de grande importância para os povos indígenas. A gente cuida da cultura indígena para que ela seja uma ferramenta de reafirmação da identidade e de reconhecimento dos territórios indígenas. O marco temporal não existe. O Brasil é indígena. E nós mostramos isso por meio da arte indígena”.
Já a diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, Fernanda Kaingáng, ressaltou ser um prazer estar abrindo uma das três estruturas que compõem o equipamento cultural da Funai e de estar ao lado de grandes lideranças indígenas do país, do estado de Goiás e de grandes lideranças que estão na gestão do órgão indigenista oficial.
“O SPI tinha um acervo imagético que hoje é analisado pela ótica dos nossos comunicadores. Não é mais um tempo em que se fala de indígenas na terceira pessoa, chegou o tempo em que nós falamos sobre nós mesmos, em primeira pessoa, num centro de excelência”, destacou Fernanda.
Promoção da cultura indígena
Para a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, o CAud também servirá como instrumento para sensibilizar a sociedade brasileira para a importância da proteção, tanto dos povos como dos territórios e da cultura indígena.
“É importante a sociedade conhecer os povos indígenas. E quero dizer aos parentes de todo o Brasil que o CAud está aberto, foi inaugurado e que podem contar com esse espaço para fazer as suas exibições, suas artes e utilizar esses espaços que vão ser de grande importância para a promoção dos direitos dos povos indígenas”, incentivou Joenia.
Fernanda Kaingáng agradeceu o apoio da Funai e dos parceiros, especialmente o Ministério Público Federal e a Universidade Estadual de Goiás. “Esse Centro Audiovisual é nosso, e visa promover a beleza e a arte de cada um dos 305 povos indígenas desse país. Nós temos a riqueza, a diversidade cultural que é uma das maiores do mundo. Que esse centro de audiovisual possa servir também para levar informação sobre os povos indígenas, sobre nossa arte e a nossa cultura para a sociedade civil. O audiovisual é uma ferramenta afiada que nós podemos usar para demarcação de nossos territórios, para que nossas culturas sejam respeitadas”, ressaltou.
Exposição
A inauguração do Centro Audiovisual também foi marcada pela abertura da mostra Xingu: Contatos, do Instituto Moreira Salles (IMS). A exposição foi preparada com a participação de indígenas xinguanos que puderam contar sua própria história de luta e resistência.
O diretor do Instituto Moreira Salles, Marcelo Araújo, lembrou o sentido simbólico de exibir a exposição Xingu: Contatos especial em Goiânia, uma cidade próxima ao território do Xingu, que tem uma população indígena expressiva. “A nossa expectativa é que a exposição possa contribuir para essa conscientização e para a luta dos xinguanos”, frisou.
“Cada vez mais estamos aldeando espaços nas grandes cidades como Goiânia e São Paulo [onde a mostra foi exibida]. Essa exposição representa a luta dos povos indígenas através da imagem que nós produzimos. Antes muitos não indígenas produziam sem consulta com os indígenas. Hoje nós queremos contar nossas histórias através da tecnologia que chegou nas comunidade”, reafirmou Takumã Kuikuro, cineasta indígena e um dos curadores da mostra.
Rodas de conversa
Foram realizadas duas rodas de conversa com comunicadores indígenas. No dia 12, estiveram presentes: Takumã Kuikuro; Pirathá Waurá; Kujaesage Kaiabi e Kamatxi Ikpeng. Já no dia 13, a roda contou com a participação de Divino Tserewahu, Yamony Muriki Yawalapiti Kuikuro; Bepunu Kayapó e Arewana Juruna.
Foram realizadas também uma roda de cura Xavante, no dia 12, uma contação de histórias com Yamalui Kuikuro e uma manifestação cultural dos povos do Xingu no dia 13.
Presenças
Pela Funai, prestigiaram o evento a diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta, o coordenador geral de Recursos Logísticos, Gustavo Maciel, e os procuradores Paulo César Wanke e Igor Barros Santos da Procuradoria Federal Especializada junto à Funai (PFE).
Entre as autoridades presentes também estiveram o procurador Ministério Público Federal em Goiás, Wilson Rocha Fernandes Assis, o procurador-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) no estado de Goiás, Francisco Antônio Nunes, e o reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Antônio Cruvinel, a superintendente de Patrimônio Cultural e Artístico da Secretaria Estadual de Cultura de Goiás, Bruna Arruda.
Participaram, ainda, Rossana Klippel, do Museu Antropológico da UFG; Angela Cristina Ferreira, ouvidora geral da Defensoria Pública do Estado de Goiás; professores e alunos do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Goiás; membros da Superintendência da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social; representante do Comitê Goiano de Direitos Humanos.