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Fernanda Kaingáng participa de conferência sobre línguas e culturas indígenas no Canadá
A diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas, Fernanda Kaingáng, foi convidada a participar da conferência “Línguas e Culturas Indígenas além das Fronteiras”, promovida, dias 22 e 23 de janeiro, pela Universidade Politécnica de Kwantlen, na Columbia Britânica (Canadá). O evento reuniu integrantes de comunidades indígenas do Brasil, México, Estados Unidos e Columbia Britânica, além de estudiosos e ativistas que trabalham junto com os povos indígenas na revitalização e proteção de suas línguas.
A proposta foi possibilitar que ativistas e acadêmicos indígenas locais e internacionais compartilhassem seus esforços para a revitalização e descolonização cultural e linguística, e refletissem sobre o impacto das estruturas e processos coloniais contemporâneos sobre identidades, culturas e línguas indígenas.
Os organizadores destacam que os povos indígenas nas Américas compartilham uma história semelhante com relação aos efeitos da colonização. Apontam que apesar da grande diversidade de línguas, culturas e formas únicas de existência no mundo que os caracterizam historicamente, os povos do continente têm sido submetidos às mesmas formas de opressão material e simbólica que decorrem da violência do processo de colonização. “Do Canadá ao México, dos Estados Unidos ao Chile e ao Brasil, os povos indígenas têm sido continuamente despojados de suas terras e recursos. Suas estruturas políticas, econômicas, sociais e culturais foram violentamente substituídas pelo modelo colonial. Uma faceta desta violência tem sido o apagamento das línguas e culturas indígenas através da assimilação forçada, que resultou na extinção de línguas únicas, bem como no perigo de que muitas outras sejam extintas”.
Pontuam, ainda, que o apagamento das línguas indígenas equivale ao apagamento de formas de existência humana únicas no mundo. “O colonialismo pode ser entendido como uma tentativa de eliminar os modos de vida indígenas e ao mesmo tempo desumanizar grupos culturais inteiros”. Mas apesar dessa violência, os povos indígenas vêm encontrando maneiras de não apenas de manterem suas línguas, mas também de as renovarem e as adaptarem aos contextos contemporâneos.
Visita ao Museu de Antropologia
Durante a estadia no Canadá, Fernanda Kaingáng visitou o Museu de Antropologia da Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver. A instituição abriga uma das maiores coleções de itens antropológicos do mundo. São mais de 500 mil objetos, entre eles totens, esculturas de madeira e outros artefatos de culturas de diferentes países.
As mostras em homenagem aos povos indígenas da região envolvem coleções de arte e objetos de povos da costa da Colúmbia Britânica. Há máscaras utilizadas em rituais, canoas com decorações elaboradas, figuras esculpidas com primor e reprodução de duas casas Haida, uma nação indígena da costa noroeste. Essas construções tradicionais eram pontos centrais da vida social, econômica e política desse povo.
O museu foi criado em 1947 tendo como acervo a coleção de objetos etnográficos que a Universidade da Colúmbia Britânica armazenava no porão de sua biblioteca central. Hoje, a instituição conta com espaço para exposições, instalações de armazenamento, biblioteca e laboratório didático. Os painéis de vidro elevados criam uma transição suave do espaço interno para o externo, lançando uma luz natural sobre muitas das mostras.