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Em visita ao Centro Audiovisual, Cacique Raoni destaca a importância da cultura indígena
O Cacique Raoni Mẽtyktire visitou o Centro Audiovisual (CAud), dia 20 de agosto, acompanhado de Karanhin e Patoit Mẽtyktire. Uma das maiores lideranças indígenas brasileiras, Raoni defendeu que a divulgação da cultura indígena é uma forma de conquistar o respeito dos não indígenas. “Quem não conhece nossa cultura, não entende a gente e não nos respeita”.
Na parte da manhã, ele visitou a exposição Xingu: contatos, organizada pelo Instituto Moreira Sales. A mostra foi aberta na inauguração do Centro, dia 11 de julho e fica em cartaz até o dia 13 de outubro. A visita foi acompanhada pelo cineasta Takumã Kuikuro e o jornalista Guilherme Freitas, curadores da mostra, e por Marina Frúgoli, assistente de curadoria.
A exposição aborda a história das imagens no território indígena do Xingu, com ênfase na produção audiovisual indígena contemporânea. A seleção reúne cerca de 150 itens, entre filmes, obras e documentos.
O conjunto inclui seis curtas-metragens, feitos especialmente para a exposição, de autoria de Divino Tserewahú, Kamatxi Ikpeng, Kamikia Kisêdjê, Kujãesage Kaiabi, Piratá Waurá e do Coletivo Kuikuro de Cinema.
Uma das imagens em exposição retrata o próprio Raoni há 59 anos. Após olhar atentamente a mostra, ele disse que a juventude indígena deve ver a exposição e solicitou que o Museu envie uma cópia da filmagem de sua visita para ser exibida na aldeia.
Já em sua chegada, o Cacique comentou sobre a tentativa de eliminar os povos indígenas e foi enfático na condenação da tese do marco temporal para demarcação de terras. Ele considera que a motivação dos defensores da tese é a derrubada das florestas. “Os brancos estão desmatando nossas terras, a floresta está acabando. Vamos manter a Amazônia em pé. Ela é nossa vida. Vamos lutar, defender a nossa floresta, de onde a gente tira recursos naturais. Todo mundo sabe que o clima mudou. Está muito quente. Quando acabar a floresta vai pegar fogo”, enfatizou.
Raoni, 92 anos, tem dedicado sua vida à luta em defesa da demarcação dos territórios indígenas e à preservação ambiental, especialmente das florestas. Ao final de sua apresentação na roda de conversa, ele destacou: “quando sonhei, encontrei Deus e ele disse que não pode destruir a Amazônia”.
Na parte da tarde, o Cacique Raoni participou de uma roda de conversa para debater os direitos indígenas. A diretora do Museu, Fernanda Kaingáng, ressaltou: “vivemos hoje um novo tempo, não mais um tempo em que falavam sobre nós, em que decidiam políticas públicas a nosso respeito, sem a nossa participação. Hoje estamos dentro de um Centro Audiovisual de excelência porque o Museu nasceu com uma sala de cinema, nasceu com as imagens do Marechal Rondon sobre os primeiros contatos com os nossos povos. Hoje, temos os nossos cineastas fazendo esses registros. Hoje temos protagonismo”.