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Indígenas da Aldeia Maracanã apresentam pleitos ao Museu
Em visita à Teko Haw Maraka´na, conhecida como Aldeia Maracanã, no dia 6 de junho, representantes do Museu Nacional dos Povos Indígenas receberam pleitos de indígenas. Situada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, no terreno do casarão que foi sede do Museu do Índio entre 1953 e 1978, a aldeia abriga, há 18 anos, indígenas em contexto urbano pertencentes a diferentes povos.
José Guajajara, uma das lideranças da Aldeia Maracanã, apresentou à diretora do Museu informações sobre a ação judicial que visa à demarcação do terreno como terra indígena e o pedido para que a Advocacia Geral da União (AGU) volte a ingressar no processo. As demandas serão encaminhadas à Ouvidoria da Funai, junto com um vídeo filmado na ocasião com os pleitos dos indígenas. Desde 2006, quando ocuparam o local, os moradores são ameaçados de despejo e alvos de ataques de pessoas e autoridades.
A Aldeia Maracanã abriga 12 famílias de diferentes povos e também é refúgio para indígenas que chegam à cidade e não encontram abrigo. Os moradores e visitantes desenvolvem várias atividades produtivas, educativas e culturais. Os artesãos produzem e vendem artesanato tradicional, como a tecelagem característica do povo Guajajara e adornos diversos; cultivam diferentes espécies, como algodão e plantas medicinais; realizam oficinas de reflorestamento; promovem visitações guiadas e atividades educativas com escolas, além de eventos culturais.
Em paralelo à demarcação territorial, os indígenas da Aldeia Maracanã lutam para que o Estado reconheça a Universidade Indígena Pluriétnica que implantaram no local. Idealizada para o desenvolvimento de atividades de preservação, estudo, pesquisa, ensino e difusão das culturas dos povos indígena do Brasil e da América Latina, a universidade já promove atividades educativas.
Outro pleito, apresentado pela Associação Indígena Aldeia Maracanã (AIAM), é pelo restauro do casarão onde funcionou o antigo Museu do Índio e para que abrigue o Centro de Referência da Cultura Viva dos Povos Indígenas. A iniciativa recebeu apoio de diversas lideranças representativas de povos indígenas de todo o Brasil durante a realização de um seminário visando à construção coletiva da proposta do Centro. O prédio foi tombado em agosto de 2013 pela prefeitura do Rio de Janeiro e pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), que aprovou um projeto arquitetônico para a unidade.
Os indígenas que residem na Aldeia Maracanã também solicitaram à diretora do Museu, Fernanda Kaingáng, apoio ao processo que iniciaram no Ministério da Cultura visando tornarem-se um ponto de memória. Além do fortalecimento das diferentes culturas que convivem no local, a iniciativa contribui para a sustentabilidade e fortalecimento comunitário.
O objetivo da visita da direção do Museu foi contribuir para o processo de oitiva visando à reestruturação organizacional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A Fundação implantou um grupo de trabalho para discutir de forma participativa e representativa essa reestruturação, que visa, segundo a presidenta Joenia Wapichana, a adequação do órgão para que de fato “atenda às obrigações constitucionais da Funai e às necessidades dos povos indígenas”.