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CAud exibe sessão especial do filme “O Contato” que conta com imagens cedidas pelo Museu
O Centro Audiovisual (CAUd), unidade do Museu/Funai, exibiu uma sessão especial do filme "O Contato", dirigido por Vicente Ferraz e produzido por Juliana de Carvalho, no dia 21 de agosto. O Cacique Raoni prestigiou a exibição, assistindo a parte inicial, depois de um dia de muitas atividades.
O filme, que se passa em São Gabriel da Cachoeira (AM), é falado em quatro línguas indígenas, e acompanha o cotidiano de três famílias integradas por representantes dos povos Yanomami, Arapaso, Baniwa e Hupda. As histórias estão conectadas pelo Rio Negro, via pela qual os personagens percorrem cerca de três mil quilômetros para chegarem aos seus destinos.
Durante a jornada, a narrativa é conduzida por alguns personagens centrais: um grupo Yanomami que leva um filme sobre eles para ser exibido na aldeia; uma mulher Arapaso que viaja até a cidade para cuidar da filha que tem depressão; e uma família formada por Hupda e Baniwa, duas etnias que historicamente não se relacionavam, que vai apresentar seu filho Baniwa para os parentes distantes Hupda.
As imagens de época, como as da região do Rio Negro e da missão religiosa que atuou no local, foram cedidas pelo Museu Nacional dos Povos Indígenas. Juliana de Carvalho destacou a relevância e variedade do acervo do órgão e elogiou sua conservação. Ela disse que doará o filme ao Museu e aceitou o convite para uma exibição seguida de roda de conversa na sede da instituição, no Rio de Janeiro.
A produtora também destacou o apoio da Funai, na figura do servidor Bruno Pereira, assassinado em 2022, junto com o jornalista Dom Philip, no Vale do Javari. Bruno intermediou o contato da equipe com os povos indígenas, visando obter seus consentimentos para ingressar nas aldeias e realizar as filmagens. Em contrapartida, os realizadores do documentário construíram e equiparam escolas nas comunidades, atendendo demandas dos povos.
Após a exibição, foi realizado um bate-papo com a produtora do filme. Na ocasião, Juliana de Carvalho anunciou a doação do documentário - que ainda pode ser visto nos cinemas do Brasil - para o acervo do Museu. A diretora, Fernanda Kaingáng destacou ser “muito enriquecedor para o acervo do Museu contar com um novo filme que denuncia a tentativa de apagamento das culturas dos Povos Indígenas".
Desde sua criação, em 1953, o Museu custodia diversos registros audiovisuais relativos aos povos indígenas. O antropólogo Darcy Ribeiro, fundador do órgão, sempre viu nesses registros o potencial para desconstrução de estereótipos e combate a preconceitos.
Durante a roda de conversa, a produtora do filme falou sobre a região, as características dos povos retratados, os principais problemas que enfrentam e os desafios de produção para realização do documentário. Respondeu também a perguntas da plateia, curiosa sobre o destino de alguns personagens e pela realidade local.