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Participação em evento
Museu do Índio participa de conversa sobre o ensino de História e cultura indígena nas escolas
- Foto: Divulgação.
O chefe de gabinete do Museu do Índio, Fernando Esteban do Valle, fez uma conversa com alunos de uma das dez equipes classificadas para a final da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB), organizada pelo departamento de História da Unicamp.
A conversa online foi realizada no dia 23 de agosto e teve como tema os desafios e avanços no ensino de História e cultura indígena nas escolas. Participaram do encontro 12 alunos e um professor de História.
Fernando Esteban tem formação em História e lecionou por quinze anos. Antes de assumir a chefia de gabinete do MI, trabalhou na Coordenação Técnica Local da Funai em Eirunepé, no Amazonas, subordinada à Coordenação Regional Vale do Javari.
Ele iniciou falando sobre a necessidade de se descontruir a ideia do índio genérico, um grupo homogêneo, visto de maneira preconceituosa. “No Brasil convivemos com centenas de povos indígenas com grande diversidade cultural, incluindo uma grande quantidade de povos isolados, que não querem estabelecer contato com a civilização”.
Disse que o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) que foi substituído pela Fundação Nacional do Índio (Funai) - hoje denominada Fundação Nacional dos Povos Indígenas - tinha como política a atração dos povos indígenas para comunhão nacional, fazendo com que fizessem parte da cidadania brasileira, mas nos moldes dos brancos, sem respeito à diversidade cultural.
Hoje, explicou, a Funai atua para proteção dos povos indígenas, especialmente dos isolados. Ele lembrou que apenas na região do Vale do Javari há oito etnias conhecidas e cerca de 20 povos isolados “É a maior concentração de povos isolados do mundo”, enfatizou.
Destacou também a importância da identidade, lembrando que a maioria dos povos indígenas do Brasil tem nomes dados pelos brancos, ignorando a forma como eles se autodenominam. Com relação à nacionalidade, disse que eles se consideram brasileiros, mas querem ser reconhecidos como povos originários.
Outro ponto que enfatizou foi a relação desses povos com o território. “A ideia de identidade dos povos indígenas em geral está intimamente associada ao território, ao local de caça, ao rio, à roça, à mata de onde extrai a palha, o cipó, aos locais de ritual. Quando se tira o indígena de sua terra, fica muito mais fácil subjugá-lo, pois ele perde suas referências materiais e simbólicas”.