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Preservação ambiental é condicionante para manter viva a cultura dos povos indígenas
Sem um território regularizado, protegido, preservado ambientalmente, os povos indígenas não têm meios para vivenciar suas culturas. As florestas degradadas dificultam ou impedem o acesso a matérias-primas, como sementes diversas, palhas, cabaças e madeiras para produção de objetos de uso ritual e cotidiano. Os rios e mares contaminados comprometem não apenas a alimentação dos povos cuja dieta é baseada no consumo de peixes, como pode dificultar ou impedir práticas tradicionais, a exemplo da pesca ritual praticada pelos Enawenê Nawê.
Os povos originários dependem da floresta em pé, de rios saudáveis e de seus territórios protegidos para manterem seus modos de vida. Para aprofundar a discussão sobre os desafios envolvidos na preservação ambiental e na reprodução cultural dos diferentes povos indígenas brasileiros, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), junto com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e o Grupo de Trabalho dos Povos Indígenas da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) promoveram, durante o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, uma apresentação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI) e sua interseção com a agroecologia. A atividade foi realizada, dia 22 de novembro, no Barracão dos Povos Indígenas, nos períodos da manhã e da tarde.
A Política, instituída em 2012, propõe incentivar o planejamento, pactuado por toda a comunidade indígena envolvida, do uso do seu território para fins culturais, ambientais e econômicos. É estimulado também o diálogo com o Estado, visando encontrar soluções ou estratégias de enfrentamento para os desafios que vivenciam cotidianamente, seja nos territórios já regularizados ou na luta pelo reconhecimento do direito às suas terras.
Os participantes ouviram sobrem os eixos da Política; a importância dos planos de gestão que estabelecem e orientam o uso do território e dos recursos naturais visando atender as necessidades dos povos e conservar o meio ambiente; e a relação da agroecologia com o saber tradicional indígena.
Lideranças indígenas de diversas localidades do País relataram experiências sobre ações de Gestão Territorial e Ambiental que estão sendo realizadas em suas terras e participaram de diálogos sobre estratégias para os territórios. Foi realizada também uma dinâmica, na qual os presentes foram divididos em cinco grupos para pensar sobre a PNGATI, usando o rio como metáfora.