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Oficina virtual promovida pelo Centro Cultural Ikuiapá resgata memórias e histórias do povo Boe (Bororo)
No dia 17 de julho, teve início a oficina virtual "Povo Boe (Bororo) e a história cuiabana", ministrada pelo Centro Cultural Ikuiapá (CCI), subordinado ao Museu Índio (MI) e sediado em Cuiabá-MT.
A atividade, que está sendo realizada na plataforma Google Meet, de 17 a 20 de julho, é ministrada pelo professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (UFMT) Liberio Uiagumeareu, indígena do povo Boe, etnia mais conhecida como Bororo, da Terra Indígena Meruri, no Mato Grosso.
Libério fez uma exposição sobre a história indígena e a importância da memória para preservação da cultura tradicional; o processo de colonização; a política de integração dos povos indígenas desenvolvida pelo Estado brasileiro e suas consequências, especialmente a violência física e simbólica promovida contra esses povos; a questão da territorialidade e da luta pela regularização de suas terras; e as manifestações culturais Boe, destacando o ritual funerário Bororo, o mais significativo do povo, e que tem sido alvo de preconceito e discriminação.
Durante os debates foram mencionados os prejuízos causados pelo uso de bebidas alcóolicas pelo povo Boe, uma prática introduzida pelos não indígenas em sua estratégia de dominação e colonização.
Libério questionou a razão de alguns itens do patrimônio indígena que estão em processo de repatriação serem direcionados para museus e não para os povos indígenas, que são os seus verdadeiros detentores. Daniel Lira, do MI, disse que não é possível transferir para os povos os acervos do museu, mas que se pode pensar na construção de um projeto que permita a gestão compartilhada do patrimônio cultural do povo Boe, em suas próprias comunidades.
Participam da oficina pessoas de diferentes estados brasileiros, entre estudantes, professores, pesquisadores, descendentes do povo Boe e alguns indígenas da etnia.