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Homenagem
Museu do Índio presta homenagem à Berta Ribeiro que completaria 99 anos em 2 de outubro
A antropóloga, etnóloga e museóloga Berta Gleizer Ribeiro foi servidora do Museu do índio, onde atuou como pesquisadora e formadora de coleções etnográficas. Em sua trajetória profissional, contribuiu de forma significativa para aproximar o museu de seu público. O conjunto documental e etnográfico reunido por ela registra a trajetória dos povos indígenas do Brasil e sua cultura material, com ênfase para o artesanato.
Sua produção intelectual envolve livros, documentários, curadorias de exposições, congressos e conferências. Além de curadorias de exposições nacionais e internacionais sobre a temática indígena, Berta identificava e emitia laudos atestando a produção e condições de preservação de artefatos desses povos.
A maior reserva técnica do Museu do Índio foi leva seu nome. A pesquisadora foi a responsável por catalogar a maior parte dos itens do acervo da instituição até a década de 1980. São 7.961 objetos, das categorias de objetos rituais, mágicos e lúdicos; armas; instrumentos musicais e de sinalização; utensílios e implementos de materiais ecléticos, trançados e etnobotânica de 98 povos do Brasil, Peru e Equador.
Como professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ministrou aulas no curso de Pós-Graduação em História da Arte, nas disciplinas de “Arte indígena no Brasil” e “Cultura material e arte étnica”.
Seus estudos taxonômicos são uma contribuição fundamental para a construção de uma terminologia específica para nomear e descrever a produção artesanal indígena. O Dicionário do Artesanato Indígena, publicado em 1988, sistematiza parte do conhecimento desenvolvido por Berta durante três décadas de pesquisas. O livro se tornou uma referência para museólogos e antropólogos que se dedicam ao estudo da cultura material indígena.
Nascida em 2 de outubro de 1924 em Beltz, Romênia, em uma família judia, ela chegou ao Brasil nos princípios da década de 1930. Em 1948, se casou com Darcy Ribeiro, a quem acompanhou em viagens aos Kaingang, no sul; aos Kadiwéu e Terena, no Mato Grosso; e aos Yawalapiti, Kayabi, Juruna, Araweté e Asurini, no alto e médio rio Xingu. Em 1980, obteve o doutorado em Antropologia Social pela Faculdade de Filosofia, Letras Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
O compromisso e rigor com a produção de conhecimento renderam-lhe, em 1995, a medalha de Comendadora da Ordem do Mérito Científico, conferida pelo governo brasileiro.
Berta Ribeiro faleceu em 17 de novembro de 1997.