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Participação em evento
Museu do Índio participa de debate sobre Questões Indígenas e Museus
O Museu do Índio (MI) esteve presente no “IX Encontro Questões Indígenas e Museus: Território em Foco”, realizado pelo Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre, em Tupã, São Paulo. O objetivo foi promover discussões sobre a importância do território para manutenção, fortalecimento cultural e identidade étnica, de modo que as comunidades indígenas sejam protagonistas de suas próprias narrativas e culturas nos museus.
Os organizadores do encontro destacam que, historicamente, muitos museus e exposições foram construídos a partir de uma visão colonizadora e etnocêntrica, invisibilizando as narrativas e perspectivas indígenas. “Porém, os próprios povos originários vêm demandando uma representação mais autêntica e respeitosa por parte dos museus”.
Elena Guimarães, diretora substituta do MI integrou a mesa “Produzindo e Comunicando Culturas Indígenas nos Museus”, que debateu os desafios e estratégias na produção e comunicação das culturas indígenas, de modo a refletir diversidade cultural e as perspectivas dos povos indígenas.
Em sua apresentação, ela lembrou que o MI completou 70 anos este ano. E ressaltou que o órgão, mesmo fechado ao público desde 2016 para realização de obras de infraestrutura visando atender normas de segurança, permanece trabalhando intensamente na conservação preventiva e no processamento técnico de seus acervos, e tem se empenhado em divulgar a diversidade existente entre centenas de grupos indígenas brasileiros.
Acervos
Elena relatou que o MI conta com um acervo museológico composto por 20 mil bens culturais de cerca de 150 povos indígenas, além de um acervo arquivístico formado por aproximadamente 300 mil documentos, dezenas de filmes e arquivos audiovisuais, e em torno de 20 mil fotografias. “Essa documentação, produzida pelo Estado no período de 1910 a 1967, é um instrumento para defesa dos direitos dos povos indígenas e tem contribuído para estudos e relatórios em processos de demarcação territorial”, pontuou.
Segundo ela, uma prática cada vez mais incentivada pelo museu é a participação direta dos indígenas na formação de novas coleções e na qualificação daquelas já existentes no acervo museológico. “Em visitas ao museu, grupos indígenas conhecem as coleções relativas a sua etnia e participam de oficinas de qualificação para aprimorarem as informações sobre os diferentes itens musealizados. Eles apontam, por exemplo, o tipo de matéria-prima utilizada, a forma de produção, a utilização tradicional dos artefatos, e outros dados que possibilitam o enriquecimento das informações disponíveis nas fichas catalográficas”.
Essa participação direta dos indígenas se dá por meio de projetos de pesquisa e documentação de línguas e culturas, realizados há mais de uma década pela instituição. O Projeto de Documentação de Línguas (Prodoclin) tem produzido gramáticas e dicionários multimídia de línguas indígenas, e o Projeto de Documentação de Culturas (Prodocult) edita publicações sobre a cultura material e imaterial de povos originários. Ela destacou que ambos os projetos envolvem a atuação de pesquisadores em colaboração com as comunidades indígenas.
Para viabilizar essa participação, são realizados seminários, oficinas, workshops e outras atividades de capacitação e formação de pesquisadores em territórios tradicionais; e concedidas bolsas de iniciação científica e pesquisa a pesquisadores indígenas. Outra forma de apoiar a produção é o apoio financeiro e técnico a projetos culturais idealizados pelas comunidades.
Elena lembrou que o MI tem se tornado referência para pesquisadores e interessados na questão indígena e tem contribuído com significativos avanços para o campo de museus etnográficos brasileiros, alguns deles administrados pelos próprios povos originários.
Atividades presenciais e virtuais
A diretora substituta do MI falou sobre outras iniciativas, como o projeto Museu do Índio vai à Escola, voltado ao atendimento a professores e estudantes: “O projeto leva mostras e atividades lúdicas às escolas da rede pública e privada, sempre com a participação de educadores indígenas”. Ela mencionou também o projeto Museu do Índio Viajando que promove atividades extramuros, em parceria com outras instituições, a exemplo de mostras, apresentações musicais, e oficinas de sensibilização musical e de artesanato, com monitores indígenas.
Além das atividades presenciais, Elena contou que, nos últimos anos, o MI tem participado de vários eventos online ou com interface virtual como a Semana de Museus, o Museum Week e a Primavera dos Museus. Outra iniciativa que está sendo ampliada são as exposições virtuais na plataforma Google Arts & Culture. O MI tem realizado, também, oficinas de capacitação online por meio de suas unidades descentralizadas: o Centro Cultural Ikuiapá (CCI), localizado em Cuiabá (MT), e o Centro Audiovisual (CAud), situado em Goiânia (GO).
A maioria das outras mesas foi integrada por mestres da cultura, integrantes do Conselho Gestor do Museu das Culturas Indígenas, lideranças e jovens indígenas.
Sobre o Museu Índia Vanuíre
Criado em 1966, o Museu Histórico e Pedagógico Índia Vanuíre é uma instituição da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa de São Paulo. Tem como missão preservar, valorizar e comunicar o patrimônio histórico e etnográfico indígena, em especial de povos do oeste paulista.
O museu problematiza o território onde a instituição se insere, explora as construções de memórias de seus habitantes, indígenas e não indígenas, e tem uma atuação nos campos social e educacional.