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Em visita ao Museu do Índio, Cacique Raoni diz que governo deve apoiar o trabalho desenvolvido pelo órgão
No início da tarde do dia 28 de novembro, o Cacique Kayapó Raoni Metuktire visitou o Museu do Índio. Liderança indígena brasileira conhecida mundialmente e um ativista em defesa dos povos indígenas e da Amazônia, ele destacou: “minha luta, minha fala é para protegermos nossas florestas, nossos rios, nossa terra. Os madeireiros e os garimpeiros são grupos que continuam desmatando, destruindo nosso território. Os rios estão secando cada vez mais. Estou preocupado que nos próximos anos não vamos ter mais rios”.
Na ocasião, ele enfatizou que o Museu do Índio tem de continuar o trabalho que vem realizando e que o presidente Lula tem de apoiar o Museu para que órgão prossiga com o trabalho com os povos indígenas. Ele também gravou um depoimento para um vídeo em homenagem aos 70 anos do Museu do Índio, completados em 19 de abril de 2023.
Raoni contou que veio ao Rio de Janeiro nos anos 1950 para um encontro de lideranças indígenas, organizado por Marechal Rondon. Ele disse que estavam presentes várias autoridades, entre as quais Juscelino Kubitschek. E recordou que os indígenas se organizaram e ele foi à frente do grupo para cumprimentar Rondon. “Conversamos muito e recebemos presentes do Marechal. Rondon disse que eu tinha de ser forte e trabalhar para defender o meu povo, o meu território. Eu disse a ele que iria continuar o trabalho dele”, relembrou. Após a conversa, os representantes dos vários povos fizeram uma apresentação de dança para as autoridades presentes.
Posteriormente, ele esteve com outras lideranças como Tancredo Neves; José Sarney, de quem cobrou a demarcação de sua terra. Nessa época, recorda, “comecei minha luta como liderança do meu povo”.
Sobre o Cacique
O povo Kayapó, autodenominado Mebêngôkre, é nômade, e não tinha contato regular com o mundo exterior no início dos anos 1930 quando se acredita que Raoni nasceu. Oriundo da aldeia Krajmopyjakare (hoje denominada Kapôt), situada no nordeste de Mato Grosso, desde os 15 anos Raoni usa o disco labial que é uma de suas marcas registradas.
Chamado botoque, o adereço portado no lábio inferior é portado apenas pelos homens da etnia, e é associado à oratória e à comunicação verbal. Raoni sempre o utiliza, especialmente em visitas a autoridades.
O líder Kayapó adquiriu noções sobre a língua portuguesa e sobre o mundo dos brancos no contato que teve com os irmãos Villas-Bôas nos anos 1950. Em 1958, Raoni acompanhou Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas numa expedição para demarcar o centro geográfico do Brasil, às margens do rio Xingu.
Em 1984, armado e pintado para a guerra, negociou a demarcação de sua terra com o ministro do Interior, Mário Andreazza, e lhe disse: "Aceito ser seu amigo. Mas você tem de ouvir índio".
Em 2021, o Cacique recebeu o título de Membro Honorário da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). No ano anterior, havia sido indicado ao Prêmio Nobel da Paz.