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12º Congresso Brasileiro de Agroecologia aborda saberes de povos tradicionais
- Foto: Divulgação
No dia 20 de novembro, foi aberto o 12º Congresso Brasileiro de Agroecologia, com o lema 'Agroecologia na Boca do povo'. Até o dia 24 de novembro, o evento, que está sendo realizado no Rio de Janeiro, receberá representantes de comunidades indígenas e outros povos tradicionais, trabalhadores, estudantes, pesquisadores, militantes, gestores e representantes da sociedade civil, visando estabelecer um diálogo sobre a relevância da agroecologia para promoção da saúde, enfrentamento da fome e como resposta aos desafios das mudanças climáticas.
O Congresso conta com mais de 3.600 inscritos e promoverá atividades em diferentes locais, alguns abertos ao público e outros restritos aos inscritos. Um dos eventos abertos é a Feira Nacional Saberes e Sabores da Agroecologia e Economia Solidária que conta com a participação de cerca de 300 agricultoras/es, povos indígenas, quilombolas e demais povos e comunidades tradicionais.
O objetivo da feira é comercializar produções nacionais em um espaço diverso, combinando alimentos e artesanatos, que representam a diversidade da agroecologia no Brasil, proporcionando geração de renda, reconhecimento de tradições alimentares e oportunidades concretas de diálogos e trocas culturais entre campos e cidades.
Os organizadores do evento instalaram a Tenda dos Povos Indígenas, um ponto de acolhida de indígenas do estado do Rio de Janeiro e de todo o Brasil que participarão do 12º CBA. No local acontecerão plenárias, rodas de conversas e cursos.
Nos dias 21 e 22 haverá diversas conferências simultâneas, entre elas “Cultivar Direitos”, que vai apresentar a agroecologia a partir da perspectiva da defesa de direitos. Compreendendo o caráter indivisível dos direitos, serão abordadas as múltiplas conexões da agroecologia com os direitos territoriais de povos indígenas, de povos e comunidades tradicionais e do campesinato.
Tendo em vista a centralidade da questão agrária para o avanço da agroecologia no país, este deverá ser também um aspecto ressaltado, ao articular a abordagem sobre os direitos da natureza e da economia dos Comuns ao direito humano à alimentação saudável e adequada e à soberania alimentar. Uma das palestrantes será Célia Xakriabá da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA).
No Barracão Mãe Bernadete, o Grupo de Trabalho Ancestralidades e os povos indígenas, tradicionais e quilombolas, que constroem a agroecologia no chão de seus territórios e biomas, debaterão temas como sistemas agrícolas tradicionais, manejo e práticas ancestrais, racismo fundiário e ambiental, educação em agroecologia antirracistas e decoloniais, culturas alimentares, sementes crioulas e biodiversidade, alimento e sagrado, soberania alimentar na perspectiva de povos de matriz africana e terreiros; territórios e bem viver.
Nesse espaço está previsto no dia 21, pela manhã, a atividade “Por Terra e Território: tecendo a aliança preta, indígena e popular na Teia dos Povos”. A proposta é construir um espaço de acolhimento e de convergência para o diálogo em torno da luta “Por Terra e Território”. Será realizada uma roda de conversa tendo a Agroecologia como eixo principal do trabalho para efetivar a autonomia e a soberania dos Povos, seja nos espaços urbanos ou não urbanos. Na parte da tarde, estão programadas duas conversas: “Gira Decolonial: Sistemas Agrícolas Tradicionais e Tecnologias Ancestrais” e “Gira Decolonial: Mulheres Amazônicas e os Territórios do Bem Viver.
Já no Barracão Biodiversidade e Bens Comuns dos Agricultores, Povos e Comunidades Tradicionais está programada, também no dia 21, a roda de conversa “Experiências de conservação de sementes frente ao processo de erosão genética da agrobiodiversidade e sociobiodiversidade”, com participação de guardiões e guardiãs indígenas.
Ainda no dia 21, no Barracão dos Povos Indígenas, o Grupo de Trabalho dos Povos Indígenas da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) promove relatos de experiências agroecológicas, na parte da manhã.
À tarde, está programada uma plenária indígena, que abordará a história de atuação indígena no movimento de agroecologia, com apresentação da formação do GT dos Povos Indígenas da ANA. Haverá ainda a construção do direcionamento sobre agroecologia indígena, como parte da preparação para o Encontro Nacional de Agroecologia Indígena, a ser realizado em 2024.
No dia 22, pela manhã e à tarde, o GT dos Povos Indígenas da ANA, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Ministério dos Povos Indígenas promoverão debate sobre a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e troca de experiências sobre as ações de Gestão Territorial e Ambiental que estão acontecendo nas terras indígenas.
Já no Barracão e Tenda da Saúde “Mayô Pataxó” serão realizadas reflexões e vivências que ressignifiquem o cuidado, construindo caminhos políticos e pedagógicos para a agroecologia, integrando saberes e práticas tradicionais e populares de cultivo e cuidado com plantas medicinais no SUS, e fortalecendo redes e movimentos sociais na luta pelo direito à saúde, o que envolve o direito à terra, à soberania alimentar, à água, dentre outros bens e recursos fundamentais à vida.