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Yo' í e I'pi - Assista ao filme produzido por indígenas do povo Ticuna
Foto: cena do filme Yo' í e I'pi - Rejicars
Selecionado pelo Museu do índio (MI) pela Chamada de Projetos Culturais 2019 e fruto do projeto Ngē’tüügücü, o filme Yo' í e I'pi finalmente foi lançado e pode ser assistido pelos espectadores que querem conhecer mais sobre o cinema indígena da atualidade. A iniciativa foi realizada pela Rede de Jovens Indígenas Comunicadores do Alto Rio Solimões (Rejicars) e sua primeira versão pode ser conferida no canal do Youtube do museu.
A narrativa, filmada durante a Oficina de Audiovisual na comunidade Umariaçu II (AM), em 2020, conta a do nascimento de Yo’í e Ipi heróis do Povo Ticuna. Yo’í é quem pesca o povo Ticuna de dentro das águas do igarapé do Évare, mas o filme conta uma parte anterior da história em que surpreendentemente Yo’í , Ipi, Aicuna e Mowatcha nascem do joelho de Ngutapa.
O enredo teve seu roteiro construído a partir de entrevistas com os mais velhos. A realização do filme é fundamental para o fortalecimento da cultura Ticuna e da comunidade, criando oportunidades de formação para os jovens e abrindo a eles novas perspectivas e horizontes.
Em um vídeo enviado ao MI, os integrantes da Rejicars falam sobre a importância do projeto e o desejo de participarem de mais iniciativas como essa. Assista ao vídeo:
A Chamada de Projetos Culturais é realizada, anualmente, pelo MI com o objetivo de apoiar projetos de preservação e fortalecimento do patrimônio cultural indígena como o Ngē’tüügücü. Com o repasse de recursos às unidades descentralizadas da Fundação Nacional do índio (Funai) para execução das iniciativas, o museu atua na promoção de atividades e bens culturais de natureza material ou imaterial, dentro dos seguintes eixos temáticos: produção de bens culturais para geração de renda; produção de coleções etnográficas para salvaguarda; rituais ou encontros; documentação audiovisual de bens culturais; e transmissão de conhecimentos.
Cada Coordenação Regional da Funai tem a possibilidade de receber um valor para aquisição de material e contratação de serviços necessários à realização dos projetos culturais propostos pelas comunidades indígenas, que deverão indicar um representante para acompanhar a execução dos recursos e os procedimentos administrativos a cargo das unidades da Funai.
O projeto Ngē’tüügücü, coordenado pelo indígena Warney Firmino da Silva, contou com o apoio da Funai, por meio da Coordenação Regional (CR) do Alto Solimões, e também da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que realizou o empréstimo dos notebooks e câmeras fotográficas, instrumentos fundamentais para a realização do documentário. Outra colaboração importante foi a dos mestres indígenas Oscar Angelo, Guilherme e Alzemira Inacio Romualdo, e também dos professores Ismael Coelho, Irandy Coelho e Daniel Tavares.
A comunidade de Umariaçu II está localizada no município de Tabatinga, no Amazonas, e possui um líder, representado pela figura do Cacique, e um Pajé, que tem a função de curandeiro e líder espiritual. No local, os indígenas praticam atividades econômicas tradicionais como a pesca, a agricultura e a caça, e conservam alguns ritos tradicionais como o artesanato, a Festa da Moça Nova, danças, músicas, preparo de comidas e bebidas, confecção de vestimentas tradicionais e a pintura corporal com a tinta obtida do Jenipapo.
Projeto Ngē’tüügücü
O Projeto Ngē’tüügücü, que significa juventude, consiste em documentar o conhecimento, por meio audiovisual, preservá-lo e difundi-lo para todo o povo Ticuna, principalmente crianças e jovens. O objetivo é levar a história àqueles que habitam outras regiões, apresentando o documentário em escolas e outros locais públicos, e compartilhando-o nas diversas mídias sociais existentes.
Outro importante foco da iniciativa foi capacitar os jovens da Rejicars, para que pudessem continuar a realizar projetos audiovisuais que envolvessem tanto a temática indígena quanto outros temas relevantes para a comunidade. A produção do filme na oficina, ministrada por membros da comunidade, proporcionou aos jovens o aprendizado na prática. Todo o filme, desde a elaboração de roteiro, filmagem e edição, foi feito pelos indígenas.
As histórias têm um papel importante na construção da identidade do povo Ticuna e também como forma de transmissão de conhecimento dos mais velhos para os mais novos, prática que tem diminuído consideravelmente com o tempo, delegando-se esse conhecimento aos mais velhos. O audiovisual assume um papel importante e inovador nessa difusão, pois consegue atingir diversos públicos em regiões variadas, de forma rápida e eficiente.
Para a servidora da CR Alto Solimões, Marian Ruth, "o envolvimento dos jovens da Rejicars foi fundamental desde a escrita do projeto até sua finalização. Eles foram muito ativos e realmente assumiram as rédeas do projeto. Conseguiram encontrar formas de seguir mesmo durante a pandemia, quando a Funai não podia estar tão presentes na Terra Indígena".
Fique por dentro das próximas Chamadas de Projetos Culturais do museu e faça seu projeto acontecer.